# Eustáquio Amaral

Rádio: No Fundo Do Baú

29 de Março de 2017 às 23:21

Emoção. Entre os veículos de comunicação, provavelmente o rádio é o que a tem em maior dose. Para auferir a sua importância, basta imaginar a cidade sem as rádios Difusora, 98 FM, Módulo e Rainha da Paz. E sem os seus artistas do microfone. Seria o caos. Por isso, é bom retornar ao primórdio do rádio em Patrocínio. Um pouco de recordação também é emoção.

O COMEÇO – No início da década de 50, a energia elétrica era tão fraca (fornecida por uma pequena hidrelétrica da Prefeitura) que a Rádio Difusora iniciava suas atividades às 7 horas encerrando–as às 17 horas. A noite de Patrocínio era uma penumbra. Em algumas casas, o rádio (Philips, Semp e GE, os mais comuns) funcionava à custa de pequenos transformadores (proporcionava o aumento da potência energética unicamente para o rádio). E só dava Rádio Nacional do Rio. Às vezes, aconteciam a Record de São Paulo, Tupi do Rio, Tupi de São Paulo, Nacional de São Paulo e, principalmente, Mayrink Veiga do Rio (cassada em 1964).

DÉCADA DE 50 – Nos anos 50 e 60, a televisão era limitada e de pouca penetração. Os programas de auditório dominavam as programações de muitas emissoras de rádio. A Nacional do Rio era a grande coqueluche brasileira. Em Patrocínio, a Difusora também mantinha programas de auditório. Geralmente, nas manhãs de domingo. E por eles, passaram Antônio Augusto, Petrônio de Ávila, Oliveira Júnior, Humberto Novais, Auxiliadora Guarda e tantos outros nomes que dignificaram o rádio patrocinense. No auge dos programas de auditório, a Difusora chegou a apresentar um programa de auditório nas noites de segunda–feira, onde o Café Constante e as Casas Manuel Nunes se destacavam entre os patrocinadores.     

ANO DE 1958 – Foi realizada a Copa do Mundo na Suécia. As cinco rádios brasileiras presentes na Europa tiveram, a provável, audiência em Patrocínio. Assim: Bandeirantes com 50%; Nacional do Rio, 30%; Tupi do Rio, 10%; Panamericana de São Paulo, 9% e Continental do Rio, 1%. Todas sintonizadas em ondas curtas, sobretudo. Edson Leite e Pedro Luís, na Bandeirantes, destacavam na narração. Edson Leite dava o seu estilo: “–...o tempo passa... placar em Estocolmo, Brasil 4, Suécia 2; na direita, bola com o endiabrado Garrincha, passa por um, por outro mais, cruza para a área... Pelé mata no peito... atira para o arco... e... goooool”. Conclusão: facilmente o Brasil foi campeão do mundo. A cidade vibrou com o 5 a 2.

FINAL DA DÉCADA DE 50 – Nos últimos anos da década de 50, a então ZYW–8 foi dirigida por um radialista contratado junto à Rádio Panamericana de São Paulo (depois, Jovem Pan). No início dos anos 60, o “Correspondente Difusora” foi apresentado pelo melhor noticiarista do rádio regional até hoje: Sérgio Aníbal. Era imperdível. Em 1972, a Rádio Difusora colocou no ar um novo programa no ar, o “Arquivo Musical”, com José Maria Campos, que é apresentado ainda aos domingos.

ANOS DOURADOS: DIFUSORA – Também no final dos anos 50 e começo dos anos 60, do século passado, a “Rádio Difusora”, então ZYW-8, mantinha dois programas esportivos no ar: “Parada dos Esportes” de 11h:40min às 12:00h e “Panorama Esportivo” de 16:00h às 16h:10min. Apresentação: Antônio Augusto.

PEQUENO PROGRAMA – A Rádio Difusora apresentava, às 10h da manhã, nos anos 60, o programa Carnê Social. Nele, eram anunciados os aniversariantes do dia e oferecida a eles uma música. Os saudosos Humberto Côrtes e João Lucas Caldeira, Satiro Cunha Euler Silva e José Maria Campos foram alguns de seus apresentadores.

OUTUBRO DE 1977 – Aconteceu no Ginásio do Uberlândia Tênis Clube a entrega do Troféu Manoel da Nóbrega aos melhores radialistas do Triângulo Mineiro. Pela sua produção e comando pela Rádio Difusora do programa “Impacto Jovem”, líder de audiência na região de Patrocínio, Luiz Antônio Costa recebeu o troféu. A promoção do evento foi da empresa Santa Marina e da Super Melodias (famosa revista de fotonovelas, rádio e TV da época).

1978 – Pesquisa realizada pela Emater e Seplan/MG mostrou as emissoras mais ouvidas em Minas: 1º lugar, Inconfidência; 2º - Globo–Rio; 3º - Guarani–BH; 4º - Record–SP; 5º Aparecida–SP; 6º Tupi–SP; 7º Tupi–RJ. A Difusora liderou a audiência em Patrocínio e Serra do Salitre. 

1981 – Luiz Antônio Costa começou um novo desafio profissional. Narrador Esportivo. A Difusora passou a ter dois. O outro era o saudoso e emblemático Assis Filho. O programa “Parada dos Esportes” era apresentado em duas edições: no horário tradicional das 11:00h da manhã e às 20h30min da noite.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 25/3/2017.

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