3 de Janeiro de 2017 às 10:06

Após massacre, governo do Amazonas transfere 130 integrantes do PCC para cadeia desativada de 109 anos

Na pior matança em cadeias brasileiras desde o Carandiru, 60 detentos foram assassinados

Após o massacre que deixou 56 presos mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e outros quatro na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), o governo do Amazonas iniciou, na tarde desta segunda-feira (2), a transferência de 130 detentos ligados à facção criminosa paulista PCC para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa (CPDRVP).

A informação foi confirmada pelo Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança Pública do Amazonas. As unidades que transferiram os internos por questões de segurança são: UPP, CDPM (Centro de Detenção Provisória Masculino) e Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade).

Desativada em outubro do ano passado, após 109 anos de atividades, a CPDRVP voltou a ser utilizada para isolar os detentos do PCC, ameaçados de morte por rivais da facção local FDN. Segundo o governo do Amazonas, todas as vítimas da matança seriam do PCC.

“Não se trata de um problema apenas do Sistema Penitenciário e nem é um caso isolado no País, mas sim muito maior, já que a disputa dentro dos presídios é uma extensão da guerra que acontece também fora”, afirma o secretário de segurança pública do estado do Amazonas Sérgio Fontes.

A FDN, que se aliou ao Comando Vermelho, atua no tráfico de drogas, em especial de cocaína, na região Norte do país por meio do domínio da "rota do Solimões", responsável por escoar toda a droga produzida no Peru e Bolívia para os centros consumidores no Brasil e no exterior.

A facção foi alvo da operação La Muralla da Polícia Federal em 20 de novembro de 2015. Os principais líderes da facção foram presos e transferidos para presídios federais.

Na investigação que deu origem à Operação, a Polícia Federal já havia mapeado a disputa entre a FDN e o PCC.

Assim como outras facções, a FDN possui um estatuto próprio com os "pilares de hierarquia e disciplina, para difusão através de extrema violência aos detentos do sistema prisional amazonense".

A regra número um é que nada é feito ou definido sem a ordem ou aprovação de seus fundadores e principais lideranças que são: Gelson Lima Carnaúba, vulgo "G", e José Roberto Fernandes Barbosa, antigo traficante do bairro Compensa, conhecido pelas alcunhas de "Z", "Messi" ou "Pertuba".

Força-tarefa

O governo do Estado do Amazonas decidiu criar uma força-tarefa para investigar o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, que deixou 56 mortos na madrugada desta segunda-feira, 2. Equipes de três delegacias deverão coordenar o trabalho com objetivo de identificar os envolvidos nos assassinatos.

Segundo nota enviada pela administração, a criação da força-tarefa ocorreu por orientação do Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança, que conta com integrantes de mais de 20 órgãos federais, estaduais e municipais e acompanha a situação do Sistema prisional da capital. A delegacia de homicídios e sequestros, a seccional oeste e o 20° Distrito Integrado de Polícia (DIP) participam da operação.

O objetivo inicial é identificar as lideranças da facção Família do Norte, que coordenou o ataque contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), para responsabilizá-los criminalmente. "Todo o trabalho será iniciado a partir das imagens de câmeras do circuito interno de segurança da penitenciária. Eles também vão colher depoimentos de presos e de agentes penitenciários da unidade", disse o delegado-Geral Francisco Sobrinho.
 

Fonte:R7


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