8 de Julho de 2017 às 10:36

Sem pró-cotista, Caixa se torna "banco comum" para financiar imóvel de até R$ 950 mil. Compare taxas

Banco suspendeu linha que tinha juros de até 8,85% ao ano. Agora, parcela ficou mais cara

A suspensão até o ano que vem da linha de crédito mais barata disponível no mercado imobiliário pela Caixa — chamada Pro-Cotista — se tornou uma dor de cabeça para os brasileiros que pensam em realizar o sonho da casa própria e contribuem com o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

A linha de crédito financia imóveis de até R$ 950 mil nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal (até R$ 800 mil no restante do País) e cobra taxas entre 7,85% e 8,85% ao ano.

Isso torna a Caixa o banco mais atraente para firmar um contrato de financiamento no Brasil. Quer dizer, tornava, uma vez que os recursos da modalidade se esgotaram na instituição para o exercício de 2017 — o BB (Banco do Brasil) ainda tem pequeno montante nessa linha de crédito.

Sem o Pró-Cotista, a Caixa passa a concorrer com as instituições privadas e com o Banco do Brasil, que podem oferecer taxas inclusive mais atrativas do que as do banco estatal, dependendo do nível de relacionamento que o cliente com a instituição financeira.

O diretor de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Roberto Vertamatti, avalia que a suspensão da linha pró-cotista torna a Caixa “um banco comum” na hora do cliente optar pelo financiamento imobiliário.

— Sem esta linha [pró-cotista], os financiamentos da Caixa vêm ao nível do mercado.

A opinião de Vertamatti é partilhada também pelo presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz Antonio França. Ele afirma que a suspensão da linha de financiamento aumenta a concorrência dentro do setor bancário.

— Aumentando a concorrência, os clientes têm mais opções de cotar e ele vai fechar o financiamento com banco que oferecer a melhor taxa. [...] Ele vai cotar com os bancos públicos e privados. Sendo um cliente de bom rating [classificação], ele vai ser disputado e quem define essa disputa é a melhor condição oferecida para o financiamento.

Apesar de também observar que a suspenção da linha pró-cotista poderia tornar os financiamentos mais atrativos em outras instituições financeiras, o especialista em direito imobiliário Marcelo Tapai diz não acreditar que o consumidor com acesso ao pró-cotista cogite escolher outra linha de crédito para financiar um imóvel.

— Quando você fala em 0,5 ou 1 ponto percentual em R$ 10, não significa nada. Mas, quando você avalia o mesmo percentual em R$ 300 mil, está falando em uma quantia de dinheiro muito diferente, inclusive nas parcelas mensais.

Na Caixa, os juros praticados para os financiamentos sem o crédito mais barato ficam entre 10,25% e 11% ao ano, taxa válida para subsidiar até 80% de um imóvel novo de até R$ 1,5 milhão no SFH (Sistema Financeiro de Habitação). Portanto, o salto é considerável e a parcela pesa no bolso de quem compra imóvel financiado.

O intervalo praticado pelo banco estatal na modalidade tem patamar muito próximo ao das linhas de crédito oferecidas pelas outras quatro principais instituições financeiras que atuam no País: Banco do Brasil (a partir de 9,99%), Bradesco (10,7%), Itaú (a partir de 10,2%) e Santander (a partir de 9,49%). Todos os valores correspondem à taxa de juros cobrada ao ano. Elas podem variar conforme o relacionamento do cliente com a instituição.

Assim como a Caixa, o Banco do Brasil também oferece financiamentos na linha pró-cotista com juros a 9% ao ano. O financiamento é válido para a compra de imóveis novos de até R5 1,5 milhão e usados de até R$ 950 mil, dependendo da região do País.

Para ser beneficiário da linha pró-cotista, é necessário possuir, no mínimo, três anos de trabalho sob o regime do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), consecutivos ou não.

Distratos

Tapai avalia que a permanência da suspensão da linha pró-cotista tende a aumentar ainda mais o número de distratos, configurados pelo cancelamento do contrato firmado no momento da compra de um imóvel na planta.

— O sujeito que comprou um imóvel na planta há dois ou três anos tinha plena condição de fazer um financiamento naquela época. Ele pagou ao longo desse período e continua com a mesma condição social, só que o tipo de filtro para fazer o financiamento mudou e ficou mais rígido porque os bancos não têm dinheiro.

Dados mais recentes da Abrainc apontam que os 12 meses finalizados em março o volume de unidades distratadas supera o número de 40 mil. Presidente da entidade, França afirma que o volume de financiamentos pela linha pró-cotista é pequeno a ponto da suspensão permanente impactar o mercado. Ele destaca ainda que o consumidor não vai deixar de realizar o sonho da casa própria em função de uma taxa de juros maior.

— Você tem que considerar que os financiamentos são dados em um prazo muito longo e as pessoas no Brasil quitam seus financiamentos antecipadamente. Quem tem condições de quitar em 12 anos pode ficar um pouco mais com o financiamento se os juros forem um pouquinho maiores.

Fonte: R7


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