8 de Janeiro de 2017 às 22:03

Mãe de deficiente morto em Perdizes envia e-mail com desabafo e pede justiça

Maria das Graças Araújo Costa, mãe de criação do deficiente conta a história de vida, sofrida, do jovem que tinha vários problemas de saúde

Recebemos um e-mail da senhora Maria das Graças Araújo, da cidade de Perdizes, mãe de criação de deficiente Shinayder Michael de Souza, 28 anos que na madrugada do dia 17, sábado,foi espancado por três rapazes de Patrocínio até a morte na saída de uma boate, no Bairro Alvorada. Relembre aqui.

Ela faz um desabafo. Fica registrada a corrrespondência. Leia abaixo:

ATO DE CRUELDADE A UM DEFICIENTE VISUAL                            

A morte de um filho é sem dúvida a maior das perdas. Tanto que não há nomenclatura para isto. Quando se perde pai ou mãe, fica-se órfão. Quando se perde esposo/esposa fica-se viúvo. E quando se perde um filho? Quando uma mãe perde um filho, ela realmente sobrevive...porque voltar a VIVER parece praticamente impossível. Não conseguimos imaginar o dia de amanhã... Mas posso afirmar que Deus existe e no meu caso o que está me dando coragem para recomeçar foi a fé em Deus.

Shinayder acabara de completar 28 anos e foi assassinado em Perdizes no dia 17 de dezembro por quatro rapazes de Patrocínio que o espancaram até a morte, ato de crueldade sem motivo.

No momento que fiquei sabendo, sentei no meio da rua, numa mureta, e me senti reduzida a nada. O que leva um ser humano a tratar de forma tão cruel um outro ser humano? Nesse momento questiono os valores que recebemos desde a infância, isso nos é ensinado em qual fase da vida?

O meu filho era um exemplo, uma pessoa que gostava de ajudar os outros e sua companhia era desejada. Um menino que lutou tanto para sobreviver. Era deficiente visual, isso mesmo, ele realizou 10 (dez) cirurgias nos olhos, teve que colocar uma prótese pois perdeu a visão de um dos olhos e outro olho ele só conseguia enxergar 10%. Mesmo com pouca visão ele passou em concurso público, da Prefeitura, onde trabalhou na Secretária de Agricultura e fez bons amigos. Estava construindo a sua casa e levava uma vida limitada, mas feliz.

Ano passado o Shinayder mais vezes foi testado com a vida. Descobriu um problema grave no coração e teve que ser operado, sobreviveu...  E essa mesma vida que ele lutou tanto para manter foi ceifada de forma grotesca, onde os agressores quebraram costelas e espancaram até a morte sem motivo, apenas por maldade mesmo. Shinayder nunca se envolveu em brigas.

Hoje recebi a notícia que estes agressores foram libertados de forma provisória através de uma liminar concedida de BH.

Não estou nem indignada... Estou triste e com vergonha. Estou com medo do que estamos nos transformando. Essa não é uma decisão que afeta apenas minha família. O que aconteceu dá medo para todos nós enquanto sociedade. Uma sociedade que é co-refém dessa atrocidade.

Mas resolvi hoje vir a público manifestar a minha indignação e dividir a dor que está no meu coração, pois meu filho tem família, família esta que está dilacerada, com dor na alma.

Eu tenho muito pesar desses pais, dessas mães, desses agressores, por terem tido esse tipo de atitude. A vida deles está mais destruída do que a minha. Eu tenho luz, sou iluminada. Eles estão nas trevas, na escuridão total.

Agradeço com o que restou do meu coração à todas as manifestações de apoio, carinho e respeito que eu e minha família sempre recebemos nesses dias sem o Shinayder. Quem é que não sente um nó na garganta ao imaginar a dor da perda de um filho? Não há palavras capazes de traduzir fielmente um sentimento tão cruel que, infelizmente, atinge o peito de inúmeras mães. Mas acredito fielmente na justiça divina e na justiça dos homens e força que tem a comoção popular com esse caso. Peço a Deus sabedoria para enfrentar e força para toda a minha família para que um dia possamos perdoar, assim como Jesus perdoou os que o crucificaram.

Agradeço:

M.G.A. (mãe)


Comentários

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Observador | 7 anos, 3 meses atrás

Por acaso passando pelo Facebook vi que alguém compartilhou esta reportagem, então resolvi ler a respeito, e me comoveu o desabafo da mãe, porem me revoltou o comentário aqui abaixo , que além de não respeitar a dor de uma mãe, ainda distorce os fatos ocorridos no dia do incidente, e ainda por cima em um jornal de repercussão e regional e de credibilidade, uma pessoa não precisa ser muito inteligente pra saber que não se precisa de três pessoas para se defender de um deficiente que não tinha visão, e muito menos força apesar do porte físico, bom que os leitores saibam que há gravações de câmeras de segurança que contam uma outra historia bem diferente do que a narrada no comentário abaixo, imagens estas que levaram a PM poucas horas depois a localizar os assassinos do rapaz, que já estavam em suas camas confortáveis dormindo... depois de serem agredidos por um deficiente de porte grande como dito deveriam esta bem machucados, dentes quebrados, olhos com hematomas... então realmente tinham que descansar. A verdade do meu ponto de vista: playboys covardes que saíram de sua cidade, passaram a noite enchendo o caneco e depois entediados na zona (boate nada aquilo é zona) escolheram o mais fraquinho e foram descontar suas frustrações, então espancaram um DEFICIENTE até morte, poderiam ser ótimos filhos, amigos, pessoas... enfim tudo mudou em 17\12, quando se tornaram covardes assassinos, e nada justificará o que fizeram, nem que o deficiente fosse o Mike Tyson, ahh mas se fosse o Mike Tyson com certeza eles não iriam querer confusão, é claro ... confusão com pessoas mais fortes não faz parte da índole dos covardes... e mais respeito com a senhora, além da dor da perda ainda tem que ouvir gente culpar seu filho pela sua morte, pelo que sabemos da história contada pelos filhinhos de papai que fizeram isso e por se tratar de Brasil é bem capaz de ainda prenderem o defunto.

LeLe | 7 anos, 3 meses atrás

Boa Noite, vim expressar as minhas palavras, respeitando a sua dor quero colocar o meu ponto de vista. Não que eu ache certo o que foi feito com ele, mas eram apenas três jovens se defendendo pois havia sido agredido primeiro pelo seu filho que não era de porte pequeno que mesmo você dizendo que exergava 10% havia agredido eles dentro da casa noturna onde deficiente visual não frequenta. Pois uma pessoa que enxerga 10% nem mesmo consegue andar sozinha, quem dirá exergar uma mulher dentro de uma boate, pra caçar confusão. Onde depois que fora expulsa da boate continuou lá de fora a esperar eles, para continuar a briga. Como você se expressa que o seu filho não era de brigar, o que dizem e que ele sempre arrumava confusão nesta boate que era de costume ele frequentar. Agora os que brigaram pra se defender estes sim não era de caçar confusão a troco de nada.