# Eustáquio Amaral

1917: Distritos de Patrocínio que hoje são Municípios

21 de Agosto de 2019 às 22:51

Documento. Quando é histórico tem eterna validade. E quando se refere à Santa Terrinha tem sabor de mel. O “Diccionário e Estatística do Estado de Minas Geraes” é um deles (“chorographica” é escrito hoje “corográfica”). Foi impresso na então Imprensa Oficial e de responsabilidade da também então Secretaria do Interior do Estado.

TAMANHO DE PATROCÍNIO – Há um século, eram distritos patrocinenses a própria cidade, São Sebastião da Serra do Salitre, Sant’Ana de Pouso Alegre do Coromandel, Abadia dos Dourados e Cruzeiro da Fortaleza.

ORIGINALIDADE – A ortografia da época nesta transcrição será mantida entre aspas. Nesse longínquo tempo, Patrocínio era uma das poucas cidades ligadas ao telégrafo nacional. Telefone, rádio, TV, linhas de ônibus, não passavam nem pelo pensamento, imaginação, do homem regional.

PRIMEIRO DISTRITO – “Abbadia dos Dourados está a 90 K da séde do município; districto creado em 1862, tem uma população de 980 habs. e uma renda annual de 3:000$000 (três mil contos).” Estes são os principais dados do atual município de Abadia dos Dourados, que foi desmembrado de Coromandel pela Lei nº 336, de 27 de dezembro de 1948.

SEGUNDO DISTRITO – Coromandel, diz o documento: “Sant’Anna do Pouzo Alegre do Coromandel está a 72 K da séde do município; districto desde 1839, foi á frequezia em 1870, em virtude da Lei n. 1.670, de 17 de setembro. Tem uma população de 945 habs. e uma renda anual de 2:600$000 e pertencem-lhe os povoados de Lagamal e Santa Rosa”.Por sua vez, Coromandel foi desmembrado de Patrocínio, seis anos após ao ano em foco, ou seja, em 7 de setembro de 1923, pela Lei Estadual nº 843.

TERCEIRO DISTRITO – Quanto ao vizinho município de Serra do Salitre, que foi criado em 12 de dezembro de 1953, pela Lei nº 1.039 e desmembrado de Patrocínio, está escrito: “São Sebastião da Serra do Salitre está a 42 K da séde do município; districto creado em 1839 pela Lei n. 147, foi à freguesia em 1869, pela Lei n. 1.617, de 2 de novembro. Tem uma população de 726 habs. e uma renda anual de 3:800$000. Pertencem-lhe os povoados de Lavrinhas (distante 6 K) e Santa Rosa (distante 30 K).

QUARTO DISTRITO – O também vizinho município de Cruzeiro da Fortaleza, um dos municípios caçulas da região, foi desmembrado de Patrocínio e criado em 30 de dezembro de 1962, pela Lei nº 2.764. O documento se refere a ele assim: “Cruzeiro de Fortaleza está 36 K da séde do município; districto creado pela Lei n. 556, de 30 de agosto de 1911, foi instalado em 15 de novembro de 1912. Tem uma população de 860 habs. e uma renda anual de 2:000$000. Pertence-lhe e dista 30 K, o povoado de Cruzeiro dos Folhados.” Este povoado deve ser hoje Brejo Bonito.

QUINTO DISTRITO – A cidade de Patrocínio tem a sua história, geografia, economia e transporte em destaque, nesse documento oficial. A História: “Cidade e sede de comarca feguezia creada em 1839 pela Lei n. 114, foi elevada à Villa em 1840 pela Lei n. 171; em 13 de novembro de 1873, foi à cidade, de acordo com a Lei n. 1995.

GEOGRAFIA – “Tem a séde uma população de 3.600 habs. em 680 casas. Os principaes rios são; Santo Antonio, Pavões e Dourados. As principaes serras: existem ramificações da Serra da Canastra. Pertencem ao districto da cidade e distam de sua sede os seguintes povoados: Barreiros – 54 K, Folhados – 27 K e S. Benedicto – 27 K.”

ECONOMIA – “As principaes lavouras são: algodão, fumo, canna de assucar e cereais. As principaes industrias: lacticinios e cortume. Principal commercio: gado. Principaes produtos de exportação: gado e cereais. Renda anual do município: 37:000$000. Exportação annual: 750:000$000. Importação annual: 580:000$000.” A exportação e a importação referem-se apenas ao aspecto de município para município. Já a moeda era reis (leia-se réis) que vigorou até 1942, quando surgiu o cruzeiro. Um conto equivalia a 1.000.000 de reis e um cruzeiro a 1.000 reis. Por isto, as pessoas mais antigas diziam “um conto” ao referirem-se a “um mil cruzeiros” (velhos, é claro).

TRANSPORTE – “A séde dista: de Araxá – 84 K; de Carmo do Paranahyba – 90 K; de Estrella do Sul – 90 K; de Monte Carmello – 72 K; de Patos – 72 K. Acha-se em construção a E. F. Goyaz.

Na época, o povoado de Lavrinhas (hoje, Catiara) do distrito de São Sebastião da Serra do Salitre, já tinha estação ferroviária. Ligando a cidade de Patos (ainda não se escrevia “de Minas”) à Lavrinhas existia uma linha de automóveis como tantas outras linhas que operavam em diversas cidades mineiras. Imaginem que automóveis e que estradas! Não existiam ônibus.

Sobre a linha férrea, mais tarde ela se tornou a famosa Rede Mineira de Viação – RMV.

COMO ERA O MUNICÍPIO – O Estado de Minas Gerais contava com somente 178 municípios, nesse caso, dos quais, o município de Patrocínio tinha limites territoriais com Araxá, Carmo do Paranaíba, Patos, Monte Carmelo e Paracatu; este devido aos limites do distrito de Sant’Anna do Pouso Alegre do Coromandel, atualmente o município de Coromandel.

E MAIS... – Pelo documento “Diccionario Chorographico e Estatística Chorographica de Distancias do Estado de Minas Gerais”, Patrocínio era a sétima maior cidade da região (Triângulo-Alto Paranaíba-Noroeste), tomando-se como referência o número de casas nas cidades, a população das sedes e a renda anual dos municípios.

COMO ERA A REGIÃO – A maior cidade era Uberaba, numa proporção quatro vezes maior que Patrocínio. A surpresa fica por conta da ocupante do segundo lugar. Araguari, que na época, era maior que Uberabinha, hoje Uberlândia, e, das pequenas proporções de Ituiutaba, apenas a décima cidade da região. A ordem de grandeza socioeconômica era:

1º - Uberaba;

2º - Araguari;

3º - Uberabinha;

4º - Araxá;

5º - Paracatu;

6º - Patos de Minas;

7º - Patrocínio e;

8º- Sacramento

TAMANHO DAS CIDADES – Restringindo-se somente ao indicador número de casas na sede, Patrocínio se posicionava em 4º lugar. A ordem passava a ser:

1º - Uberaba (2.410 casas);

2º - Araguari (1.536 casas);

3º -“ Uberabinha” (1.100 casas);

4º - Patrocínio (680 casas) e;

5º - Paracatu (620 casas).

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 10/8/2019.

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