Foram 3:00 de caminhada. Morri, mas passo muito bem, obrigado! Galhofinha marôta. Levar os pés, a mente e o coração parar passear por Patrocínio, não cansa. Não sei se você conhece a palavra Flanar.( Tem nada a ver com Flamengo) Quando descobri esse termo e seu significado me ‘ailoviei’ por ela. Cuidado para não se apaixonar também pela ideia. É um verbo de origem francesa. Significa, andar por aí, sem rumo, perambulando. É andar pela cidade e deixar a cidade andar dentro da gente. Enxergar o que é óbvio ululuante ( Nada a ver com lula) e o que não é. É perceber esse mundo urbano, caótico, de cimento e concreto, mas que esconde, por trás das frestas, sopros de vida e de cores. É um andar respirando arte por todos os poros. Voce pode caminhar trotando, olhando e não vendo nada, eu prefiro flanar sentindo o pulsar da urbe.

Antes de dizer, qual a direção escolhi para flanar, me permita fazer uma justiça.

APLAUSOS E POR FAVOR, DE PÉ!

Na crônica anterior, citei algumas pessoas que entrarão para a história por colocarem os ombros debaixo da obra da construção do Hospital do Câncer em Patrocínio. Por obséquio, acrescente na lista o nome da Deputada Federal patrocinense, Greyce Elias. Ela acaba de conseguir o tão sonhado CREDENCIAMENTO DO HOSPITAL DE AMOR PATROCINENSE AO SUS. Tacada de mestre! Vibrante vitória! A parlamentar fez o anúncio em uma live ao lado do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Quem sabe, em solenidade oficial de lançamento em Patrocínio e região, seja possível a vinda do Ministro da Saúde, acompanhado do Presidente Bolsonaro. ( Ambos foram me Presidente Prudente pelo mesmo motivo) Como vice-líder do Governo, prestigio e moral para tal a Greyce tem. Já que certa vez ela trouxe até uma anta, chamada Rodrigo Maia, para Patrocínio, agora é hora de colocar Patrocínio no Mapa. E toma papudo! Já que o governador Zema, ( originário aqui do lado) anda de “beicinho” com Patrocínio, não vem nos visitar, o Presidente, vem. Oxalá!

UM RIO LÁGRIMAS PELO HOTEL SERRA NEGRA...

Antes de dizer, qual a direção escolhi, me permita deixar aqui uma lágrima pela natureza em torno do Parque Hotel Serra Negra.. Uma hecatombe.. 14 dias de incêndios.. Biodiversidade em cinza. Flora e Fauna no borralho. Não há nenhum herói, somente vítimas e talvez vilão. Lembrando que o Parque Hotel Serra Negra, nosso maior potencial turístico, sempre entregue ao completo abandono, é um atestado de incompetência outorgado ás forças empresariais e políticas de Patrocínio dos últimos 40 anos...Agora, além do abandono, cinzas e lágrimas...

FLANAR É PRECISO

Escolhi a direção leste da cidade. O lado que o sol nasce e ele já tinha nascido, quando deixei meu bairro Morada Nova. Escolho caminhar pelas últimas ruas que contornam a bairro. Cantos esquecidos. Logo me deparo com ruas sendo prolongadas, quarteirões sendo abertos, pode-se dizer que brevemente teremos o Morada Nova 4. Como tem crescido a minha cidade. É o povo e o governo, fazendo obra pra todo lado.

ALAMEDA DOS COLIBRIS

Colibris é aquele passarinho que sabe voar para trás e para frente. Eis que encontro o empresário José Maria da Silva, proprietário da Casa Bonita Matérias para Construção, fazendo sua caminata matinal. Só deu tempo de uma breve saudação e dizer a ele que ouvi a sua entrevista no quadro “Dedo de Prosa” apresentado pelo Humberto Correia e Mariinha Santa Rosa na Rádio Capital. Ele achou interessante, mas já estávamos longe um do outro. Pensei em lhe dizer que nesta entrevista ao Humberto, soube que ele nasceu em patrocínio, localidade de Duas Pontes, mas foi registrado em Irai. Pegou muito no cabo da “sem graça” Veio aos 14 anos para Patrocínio, começou do zero. Hoje possui uma das empresas mais sólidas e competitivas da cidade- e no Bairro Morada Nova- é Bacharel em Direito. Pau pra toda obra, inclusive jingle publicitário que se ouve nas rádios foi composto por ele: “ Venha pra Casa bonita é um prazer lhe atender...”

 “ALAMEDA DOS PAUS-BRASIL”

Todo mundo chama aquele conjunto residencial de Morada NovaIII, mas o correto é Bairro Profº Afrânio Amaral. Estou na Alameda dos Paus Brasil ( Está nas placas, mas Alameda dos Paus- Brasis é o plural correto,.Alameda Paul Brasil,  não?)

VERDE QUE TE QUERO VERDE

Caminhar na orla da mata que se localiza entre o Bairro Afrânio Amaral/ Dona Diva / Unicerp, não em preço. É o verde que te quero verde, como dizia, Federico García Lorca

A propósito, além desta reserva citada, temos que ficar de butuca, no Parque, Paulo Pereira, na Matinha; na reserva que vai do balão do Unicerp, ao balão do Centro Viva Vida. O dinheiro fala alto, mermão. A sanha imobiliária não brinca em serviço. Cochilou, morre uma floresta e nasce um condomínio. Ou.. Que delicia caminhar-digo flanar- na sombra, sentido a brisa das árvores.

FUSCA FLORIDO

Ainda na Alameda “Paus Brasil”,( Paus Brasis?, ou apenas Pau Brasil?) alguém teve uma sacada original. Plantar flores na sucata de um Fusca. Plantou, mas pelo visto, não cuida, não rega. Será se o patrocinense não sabe que as plantas precisam de cuidados? ( Vide os ipês da crônica anterior)

Será se o patrocinense não conhece a música do Milton - o Nascimento: “Há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor e fruto”

RUA CASIMIRO SANTOS

Gente, olha onde nasce a rua Casimiro Santos? Gosto de ver ruas e rios nascendo. Ela surge timidamente no Bairro Dona Diva, passa pelo coração da cidade e morre na Avenida José Maria Alkmim. Casimiro Santos, quem foi. Nasceu há 166 anos. Quando ele nasceu nossa cidade tinha apenas 13 anos. Imagina a carência. Ele foi fazendeiro, introduziu no município a lavoura mecanizada. Foi farmacêutico. Foi quem trouxe o primeiro médico para Patrocínio, inclusive hospedando-o em sua casa. Euzinho fui menino morador na Rua Artur Botelho, no Fundão da Matriz, mas brinquei muito na Rua Casimiro Santo, 718/712 casa da minha Tia Dalva e saudoso Tio Durval e de minha saudosa Tia Naíca e Tio Genusvaldo. Na Tia Dalva tinha uma TV Telefunken, depois da escola, depois de uma arte ou outra, amontoávamos todos na sala da casa da velha casa rosa, assistindo sem piscar de Manda- Chuva a Macgyver. Rua Casimiro Santos..

AVENIDA PROFESSORA LIRINHA CAPUANO

Piso com reverência, na avenida que leva o nome de uma Mestra por excelência. Como foi justo dar o seu nome na via que dá acesso ao Unicerp. É daquelas pessoas que nos deixam quedados e com a pergunta: Como pode ter existido uma pessoa assim? Figura solar na vida educacional de nossa cidade. Não foi somente uma professora de história, foi a melhor delas. Foi docente líder. Lecionou por 40 anos nas Escolas João Beraldo e Cassimiro de Abreu. Foi Diretora da Escola Amir Amaral e Irmã Gislene. Foi uma das fundadora da Escola Atenas. Lecionou em quase todas as escolas do município, inclusiva a Escola Agrícola. Foi Diretora Executiva da FAFI, batalhou aguerridamente para que aquela Faculdade, se tornasse hoje o Centro Universitário do Cerrado. Que pena que a filha de Carlos Pieruccetti, não foi minha professora em sala de aula. Mas na vida não houve quem ela não ensinasse com seu exemplo . Estou no Campus Universitário...

PALESTRA ITÁLIA?

Naquilo que vou passando, um trio papeando na caçada, reconheci o professor Sebastião Guimarães Cortes Diretor da Escola Agroténica. Ele respondeu meu saudação, mas soltou uma na roda que me fez passar reto: “ Vai virar Palestra Itália” Xiii, papo de Galo , já estou lá na esquina. O Cruzeiro tá na maior m*, haja sarro. Verdade é que muitos os atleticanos não sabiam perder e agora, não sabem ganhar. Não deve ser o caso do Tião loló... Società Sportiva Palestra Italia, dá até cólica um nome desse... Mas, mire e veja o que encontro:

FALTAM CINCO ANOS ( CÂMARA DO TEMPO)

Sabia que tem uma “ Câmara do Tempo” no UNICERP?

Uma ideia sui generis; uma sacada genial. Seguinte: No dia 12 de Dezembro do efervescente ano, 2001, foi inaugurado no UNICERP, uma pirâmide denominada de “ Câmara do Tempo”. Foi idealizado pelo Cézar dos Reis, que foi Diretor do CDL na gestão passada. Projeto desenvolvido em conjunto com os alunos do VI período de História da então, Faculdade Integrada de Patrocínio. Congelaram um momento. Depositaram nesta pirâmide recortes de jornais e afins. Um apanhado do contexto político, cultural, social e educacional que se vivenciava naquele momento. A pirâmide segue as característica da civilização Maia.

Após 25 anos, o acervo histórico ali hermeticamente guardado, será aberto em sessão solene. Faltam, portanto, 05 anos. Que os 44 alunos estejam desfrutando de vida e saúde para este momento solene. Se, houve perda de algum aluno, não tenho conhecimento, mas infelizmente não está mais entre nós, o jornalista Geraldo de oliveira, grande entusiasta e divulgador do projeto. Que pena... A curiosidade matou o gato. O que será que está lá nessa câmara?

A flanada continua. Pego a Avenida José Almando de Queiroz, (confessa que você já falou José ARmando) sentido balão da Minasilk.

AVENIDA DOM ALMIR MARQUES FERREIRA

Tomo a avenida Dom Almir Marques. Quem foi? Nasceu em Patrocínio, 18 de novembro de 1911, (celebra-se, portanto, 110 anos de seu nascimento) D. Almir Marques Ferreira, foi o primeiro Pastor a conduzir a recém-criada diocese de Uberlândia permanecendo até 1977, quando se tornou bispo-emérito. Em 1 de janeiro de 1984, aos 73 anos, faleceu em Uberlândia retornando definitivamente à morada celeste. Uberlândia sempre teve o melhor de nós, inclusive nossos filhos.

CHÁCARA DA APAE

Flanando pela Avenida Dom Almir Marques, estou diante da Chácara da Apae de Patrocínio. Fiquei pensando no poder de um gesto. A chácara foi adquirida pelo Sr Nenê Constantino de um tio de Manuelina Aparecida Ferreira. Segundo ele era para os alunos trabalhassem, isto é: plantassem alface, couve, inhame, chuchu, abóbora, café, etc. A finalidade era criar fonte de renda para a APAE. Aparecida, ficou muito surpresa e emocionada chegando a encher os olhos de lágrimas. Ela sugeriu alí, no ímpeto da emoção, que a instituição se chamasse “APAE Nenê Constantino”. Sr Nenê, respondeu: A APAE de Patrocínio já tem nome: “APAE de Patrocínio” - Disse ele, desprovido de vaidade, para não mais se falar no assunto. O poder de um gesto.

FÁBRICA FANTASMA

Não sei se você já passou diante de uma empresa que já foi viva, pulsante e no local nada mais existe. Não queira essa experiência. Em minha flanada, estou diante da extinta empresas MINASILK e SERICITEXTIL. Mais de dez galpões mergulhados no maior silêncio sepulcral e no abandono absoluto. Dos anos 70 com apogeu nos anos 80, o grupo Fugiwara de São Paulo decidiu implantar uma tecelagem para produção de fios torcidos de seda natural, constituindo-se para isto a empresa MINASILK S.A. O sucesso foi tanto que logo transferiram a empresa SERICITEXTIL de São Paulo para Patrocínio. A empresa especializada na produção de tecidos de seda natural destinadas à confecção de roupas finas. Mais de 200 teares funcionando, mais de 600 colaboradores, modernas instalações. Logo o empreendimentos industriais do grupo Fugiwara, em Patrocínio, se tronaria o maior complexo têxtil integrado do País, com produção de larvas, casulos, fios torcidos de seda pura. Repetindo foi a maior tecelagem instalada no Brasil produzindo exclusivamente seda pura. Do apogeu a ruína. Hoje quando se passa por lá o silêncio fere os ouvidos; o abandono machuca a nossa alma. Quanta gente passou por lá...Pés, mente e coração, meia volta, volver!

O CACHORRO E A MOÇA

No balão do UNICERP, uma cena de encher os olhos. Um belo cachorro, salvo engano da raça Pastor Alemão e uma moça, ao que parece também muito bonita, davam um show de interatividade. Ela atirava uma bolinha bem longe, ele, numa velocidade espantosa, corria, apanhava a bolinha e devolvia para a dona. O ritual se repetia. Tive que para pra ver. Acho incrível essa relação, mais que amistosa, afetuosa e química, entre o cachorro e o homem. Incrível pensar que cientistas estimam que haja 8,7 milhões de espécies no planeta, os cachorros, mais do que todos, se deu melhor com o homem.

Há 15 mil anos eles eram lobos selvagens lá no mato. Vieram chegando, vieram chegando e hoje, fazem parte da família. Segundo o IBGE, no Brasil o número de famílias que criam pelo menos um cachorro é maior do que o de famílias que têm crianças.

Outro dia passava por uma rua ouvi uma senhora implorando. “Chega pra lá pra mamãe sentá, chega pra lá pra mamãe sentá” Pensei. Como esses menino de hoje são birrentos. Cheguei perto, era um cachorrinho sentado do lado do volante. Tive que rir. Ri, mas, eu estava errado. Dizem eles são capazes de entender aproximadamente 160 palavras se forem adequadamente estimulados. No final, os cães entendem a linguagem humana como uma criança de 2 a 3 anos...E a moça prosseguia brincado com o cachorro..

Flanar - caminhar com os pés, a mente e o coração- é muito bom, voltar para casa também...