Aniversário. Em 12 de janeiro de 2019, a cidade de Patrocínio comemora 145 anos. Mesmo sendo uma data cívica importante, apenas Sebastião Elói no passado e este amador escriba têm prestado homenagem justa e devida à terra natal. A seguir um pouco do primórdio patrocinense.
ANTECEDENTES – A cidade foi instalada somente 32 anos após a emancipação municipal em 7 de abril de 1842. E 206 anos depois do primeiro homem civilizado pisar o chão da Santa Terrinha, que foi o bandeirante Lourenço Castanho Táques, a caminho de Paracatu, em 1668.
O NASCIMENTO DE UMA RAÇA – Em 1729, por ordem de Martinho de Mendonça, da Coroa Portuguesa, é feita a Picada de Goiás, tornando-se o primeiro caminho da região partindo de Pitangui, passa pela gleba de José Pires Monteiro, situada entre a Lagoa Seca e Ribeirão Feio, na verdade Patrocínio, e vai até o sul de Goiás. Pela Picada viajam as primeiras expedições determinadas pelo governador Conde Valadares, no intuito de atacar índios e calhambolas (negros fugitivos). Entre elas, a do capitão Inácio de Oliveira Campos, que destrói um grande quilombo na região de Dourados. Aqui é o limiar da história de Patrocínio mais conhecida. Exatamente 1771.
O CAMINHAR – Em 1773, alguns forasteiros vindos, principalmente, de Pitangui, começam a fixar residência no Catiguá. Em 1792, já existe um pequeno povoado com o nome de Salitre. Em 1798, é abrangido pela Sesmaria do Esmeril, concedida a Antônio Queiroz Teles. Em 1804, os moradores obtêm licença para construção da casa de oração Nossa Senhora do Patrocínio. Em 1807, o povoado de Salitre passa a ser chamado de Arraial de N. S. do Patrocínio. Em 1839, surge a Paróquia N. S. do Patrocínio, pela Lei nº 114, e o Padre José Ferreira Estrêla é o primeiro vigário.
MUNICÍPIO – Ao emancipar-se de Araxá, pela Lei Provincial nº 171, de 23 de março de 1840, foi criada a Vila N. S. do Patrocínio. Na época, haviam 357 casas. O primeiro presidente da Câmara Municipal e agente executivo, capitão Francisco Martins Mundim, passou a comandar Patrocínio. Segundo alguns historiadores, a prefeitura e a residência do mandatário localizavam-se no casarão da Praça da Matriz, atual Casa da Cultura (que Deus o conserve!).
CONTURBAÇÃO (I) – De 1842 a 1874 diversas ocorrências, sobretudo de intranquilidade, tornaram-se históricas. Em 1852, no distrito patrocinense de Bagagem (hoje, Estrela do Sul) foi encontrado o maior diamante do Brasil naquele tempo e um dos maiores até agora. Por causa do tráfego de pedras preciosas, havia muitos bandidos nas estradas da região. Entretanto, corajosos voluntários de Patrocínio venceram (eliminaram) o principal bando, em 1853. Pouco depois, em 1858, Estrela do Sul emancipou-se de Patrocínio, levando Araguari e Monte Carmelo consigo.
CONTURBAÇÃO (II) – Pela Lei 1.291, de 30 de outubro de 1866, surgiu o município de Patos, que foi desmembrado de Patrocínio. A família Maciel teve decisiva participação na emancipação. Antes, porém, aconteceram diversas sedições (movimentos bélicos) chamados também de “fogos”. Há versões históricas de que a Vila de N. S. do Patrocínio foi invadida pelos patenses em busca de liberdade. De certo teve o “Fogo do Mundim”, em 1855. Em 1868, houve trinta horas de ferrenho combate. Quando 60 patrocinenses resistiram heroicamente à invasão de 140 pessoas armadas comandadas por dois juízes. O Largo do Rosário foi o palco principal do tiroteio (Praça Honorato Borges).
FINALMENTE – Em 13 de novembro de 1873, a Lei Provincial nº 1995 criou a cidade de Patrocínio. Oficialmente, instalada em 12 de janeiro de 1974.
O QUE HAVIA EM 1874 – Padre Modesto Marques Ferreira era o vigário da paróquia. Existia uma banda de música. A prefeitura e a Câmara Municipal funcionavam no casarão da Praça Matriz (posteriormente, o casarão foi um pouco modificado). A Igreja da Matriz tinha duas torres. A agropecuária era a base total da economia. A população girava em torno de 5.000 habitantes, pois o município abrangia o que é hoje Coromandel, Abadia dos Dourados, Serra do Salitre e Cruzeiro da Fortaleza. E Dr. Antônio Oliveira Pinto Dias era o juiz municipal.
VERSÃO HISTÓRICA – Não há registro de quem era o agente executivo (prefeito) de Patrocínio. Alguns historiadores erroneamente citam Francisco Martins Mundim, o primeiro agente, desde 1842. Sebastião Elói, o símbolo da imprensa patrocinense, nos contou outra história. A coordenação pelo trabalho para o surgimento da cidade coube ao agente executivo Bernardo Bueno da Silva, político de prestígio na capital Ouro Preto. Bernardo era tio-avô do jornalista José Elói dos Santos (este avô do jornalista Zé Elói), pai de Sebastião Elói, o fundador da Gazeta de Patrocínio. Bernardo, vereador, foi o primeiro prefeito da cidade de Patrocínio, na época chamado de agente executivo.
SÍNTESE CÍVICA – A Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, a primeira e única por muito tempo, comemora 180 anos, em 9 de março. O município de Patrocínio completa 177 anos, dia 07 de abril. E agora, 12 de janeiro, a cidade de Patrocínio festeja os seus 145 anos!
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 12/1/2019.