# Milton Magalhães

A dor que não em nome ( Dra Vanusa Melo)

21 de Novembro de 2020 às 09:04

Sem falar na competência profissional, a advogada mais humana e gentil que conheço: Dra Vanusa Melo.

Nasceu em Araguari; tem amigos fraternos em Patrocínio e já deveria ter recebido o título de Cidadania Honorária em Uberlândia, onde há muito vive. Motivo simples: Ela é uma raio de luz por onde passa. Tipo pessona raríssima.

A crônica a seguir foi pinçada de sua Rede Social. Espaço no qual com bom humor, empatia, finesse e profisionalismo sempre promove a dignidade humana.

Seu texto fala de uma dor que jamais terá nome. Dor que não deveria existir,  mas aqui e ali ela sempre se repete: A dor da mãe a sepultar um filho.

Concordo e penso que deveria constar na 'constituição celestial' a proibição  desse transe tão agudo...sem nome: 

  

"A DOR QUE NÃO TEM NOME

É do amor imenso que surge algo que chamamos de laços.

E é quando a vida os desata que chamamos de perdas.

Perdas irreparáveis, impensáveis, insuportáveis.

Perdas que não tem nome.

Dor que dói só de pensar.

Dor de um parto inverso.

Devolver um filho. Sem ao menos nos perguntarem se demos essa permissão.

Lágrimas que saem. Choro que nos falta o ar. Nosso coração que quer parar.

Medo de viver. Vontade de ir junto.

Medo que o medo nunca saia de nosso coração.

Medo do medo.

Vontade louca de voltar segundos, ou talvez milésimos dele, para gritarmos para nosso filho: saia daí!, ou não ande por essa rua.

Mas nada é possível mais. A hora temida chegou.

Senhor, porque não fizeste a bala parar?

O chão é roubado, o coração parece parar, e a dor instala de vez pela nossa alma.

O sonho de que tudo seja mentira. Que a notícia recebida foi engano. Que o nome dito era homônimo.

A mentira se faz verdade.

O nome do menino querido pensado com tanto carinho antes mesmo do nascimento, é trocado por alguém que já o chama de “corpo”.

Seu leito se torna forrado de flores, flores estas que sonhávamos para sua ilustrar sua vida. E agora o acompanham para emoldurar seu semblante que parece estar em um sono profundo, dormindo, mas eu não posso acorda-lo.

Olhos dele não abrem mais. Mãos que não nos afagarão mais. Voz que não nos dirá que está com fome ou que quer aquele doce que só você sabia fazer.

A dor de Nossa Senhora, quando recebe nos braços o filho morto e diz a Deus: “veja se a sua dor é maior que a minha dor”.

Piedade Senhor, por nós, as mães que entregamos nossos filhos a Vós, antes de irmos nós mesmas ao seu encontro, o parto às avessas, a dor que não tem nome...nem nunca terá..."