Rivalidade saudável à parte, as cidades da nossa região são commaters entre si.( comadres mesmo, na linguagem da minha vó).
Penso nisto quando, tomando tooodos cuidados contra o coronavil, deixo minha domiciliar em Patrocínio,( cidade hors concours - fora de competição- para o meu coração) vou para o ap. dos filhos em Uberlândia e em um domingo, uma manhã qualquer, alguém pergunta na roda: " onde vamos hoje? E alguém sugere: "Araguari, é logo ali" 37 Km. Um tiro de mamona.
E assim o ônix cor de ébano do meu genro Guilherme Veloso, desliza sob a BR 050 em direção ao nosso destino. O plano era só visitar a cidade, sem visitar nenhuma pessoa. Normal isto não é, mas tolerável pelo maumento ( momento mau) sobre o qual estamos.
Disse que as cidades são comadres, no sentido de parcerias, combinação, camaradagem, união entre si.
Penso na casa de minha Vó lá na Barra do salitre ou no Fundão da Matriz, ela não passava falta de nada com as vizinhas que tinha. E vice- versa. " Me empresta uma coadinha de café aí dona Badia" só via minha vó indo à dispensa atender na hora o tal pedido. Ainda ouvia um " não precisa pagar isso não, sá".
Política da boa vizinhança.
Patrocínio/Uberlândia/Araguari, (para que não haja ciúmes, apenas são as cidades, por hora em tela)
Já disse, mas é significativo repetir: O primeiro Arcebispo da Diocese de Uberlândia foi um patrocinense: Dom Almir Marques. Desde então o intercâmbio amistoso entre Patrô e Udia, foi aberto. Desde então, tem patrocinense brilhando em Uberlândia e tem uberlandense brilhando em Patrocínio.
Oswaldo Pieruccetti, prefeito de Araguari na década 50 e prefeito de Belo Horizonte por dois mandatos, nasceu em Patrocínio. Desde então, tem patrocinense brilhando em Araguari, tem araguarino brilhando em Patrocínio. Atualmente há um deputado federal araguarino, por nome Zé Silva, marcando sempre presença e com interatividade em terras rangeliana.
Flanando pelas ruas de Araguari, vendo os flamboyants nas avenidas, descubro por que é chamada de " cidade sorriso"; meu olhar passeia pelos jardins floridos; pela arquitetura das casas e pelas praças revitalizadas. Analiso como nossos vizinhos lidam e cuidam do passado e do futuro no presente.
Pronto. Estamos diante do magestoso prédio do Museu Ferroviário, bato o pé "quero uma foto aqui" . Um senhor nos aborda perguntando se vamos na prefeitura. Respondi que não, íamos no Museu. Ele pede gentilmente que deixemos o carro em cima da sua calçada. Que "se a polícia pegar estacionado ai é multa na certa". Como não lhe agradecer.
Encantado com o conjunto arquitetônico onde se respira história e Cultura, descubro que está fechado e que realmente a prefeitura que não é boba nem nada, funciona também naquele espaço. Dá pra ver em destaque o nome da "Secretaria Municipal de Política Sobre Drogas". Pensei, devem levar o combate às drogas muito a sério por aqui para tamanho destaque nesta pasta.
Olho de novo o imponente Palácio construído em 1928 e penso: Um relicário onde abriga a rica história regional do transporte ferroviário. Volto brevemente para conhecer o seu acervo. Um pacto comigo e com meu imbigo. "Café com pão, manteiga não; café com pão, manteiga não."
Hora do rango se aproxima. O estômago grita, o cérebro já decifra: "Estamos em Araquari/ Coxinha do Bar Apolo". Água na boca, motivo para acelerar um pouco o "cor de ébano" de uma esquina a outra.
Encontrar o lendário " Bar Apolo" não foi problema; o problema é que ele tambem estava fechado. Não foi desta feita que provaria a tal coxinha que encanta o mundo.
Guilherme, nosso cicerone sugere." Vamos para o Restaurante Kabanas, também conhecido como "restaurante do bosque" . Isto mesmo. Que ideia deliciosa. Um restaurante no coração do bosque. Árvores enormes. Verde muito verde. Segundo um estdo da UFU, cerca de 300 espécies catalogadas. Mas enquanto caminhávamos pela calçada depois de estacionar o carro bem afastado da entrada, um cocô traiçoeiro gruta de leve na sola do sapato de alguém da comitiva. A pessoa 'sortuda', deixou escapulir uma ou duas palavras quase impublicáveis, não arreda o pé enquanto não ver a sola limpinha. Eu ali, enquanto pude, fiquei apontando o dedo, tentando avisar as pessoas que no momento por lá passavam do perigo.
Antes da entrada no "Restaurante do Bosque" passamos por um senhor, que havia deixado a bíblia aberta no Salmo 144 e conversava ali na frente, pude ler rapidinho no Livro Santo : "Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra". Disse de mim pra mim mesmo: "oxi; amém" . Nisto o dono da bíblica, chega, não entendi nada do que ele falava. Parece que perguntava se queríamos que ele olhasse ou lavasse o carro, mas a resposta era não.
Fiquei encantado com as instalações do restaurante em meio ao verde, pensei logo na nossa Matinha, nosso parque em Patrocínio, que, segundo dizem, está em vias de ser restaurada. Taí a ideia que faltava. Como diz Lavoisier "Na natureza nada se cria, tudo se... copia"
Mas, infelizmente o recinto estava cheio, tivemos que dar meia volta.
Onde vamos? nosso cicerone faz novamente outra sugestão: Restaurante do Cabrito.
Segura este nome aí, leitor (a). Restaurante do Cabrito. Isto por que vamos fazer uma digressão necessária.
Voltemos para Uberlândia, mais ou menos oito dias antes.
Aniversário de meu genro, Guilherme, uma data e tanto para celebrar. Onde? Olha-se um espaço, examina-se outro. Descarta- se aquele; escolhe este: Adventure Machines- Food & Beer. Uau que nome! Rumamos pra lá. Espaço amplo, seguro, superagradável. Petisco delicioso, chopp, uma porção de jiló, que particularmente amei. Rolou até um petit gâteau, era para o aniversariante, mas ele não, se afeiçoa muito em coisa de 'coisa de doce', eu agradeci.
Sabe que torço para o Corinthians e tenho grande simpatia pelo Cruzeiro. Desnecessário dizer que devido as situações de ambos os times, ando uma casca de ovo. Nem queira me apontar o dedo.
Bom. isto dito.
Estávamos na mesa comentando, não me lembro bem sobre o quê, mas era sobre futebol. De repente, o garçom de uns 1, 90 cm de altura, que nos servia, jogou uma pergunta na roda: "Tem alguma "Maria" aqui? (Sobejamente sabido que os atleticanos chamam os cruzeirenses desse nome)
Pensei: "eu mereço essa cruiz?" Tive que me revelar me segurando para dar aquele troco a altura. Tipo quantos títulos separam a " Maria da franga". Bem entendido. Não é pelo nome. Minha sogra se chama Maria. Além da mãe de Jesus, há centenas de Rainhas no mundo inteiro com esse nobre nome.
O problema é o momento lúgubre, quase fúnebre no qual vivemos. O cara com a cara daqueles toureiro espanhol estripudiou, tirou sarro, dançou em minha dor. Maria pra cá, Maria pra lá e eu com uma camisa rosa, tendo que rir pra não chorar. Achei que ele perdia muito tempo, naquele festival de chacota, com outros clientes esperando para ser atendidos. Não pense mal do rapaz, inclusive nos contou muito de sua história que é de luta e trabalho. O que tenho a dizer: se vc é cruzeirense, pelo menos, por enquanto, passe longe desse Adventure Machine..
Voltemos para Araguari, lembre- se estamos indo para o Restaurante do Cabrito.
Nada de luxo. Simplicidade, puro bom gosto e aconchego. O atendimento ágil, cortez e paciente para explicar. Isto tudo deu tempero e sabor especial na comida. O jovem garçom, com a idade aparentemente, aproximada da minha filha, chamando-a de "senhora" arrematou tudo. Por não ter perguntado não fiquei sabendo para qual time ele torce. Respeito é bom ,eu gosto. Não menos importante, há uma reverência á memória do fundador, que permeia o Restaurante. Há um mural logo na entrada com referências a vida e morte do sr. José de Souza - o popular e pelo visto, estimado em Araguari - Cabrito.
Adventure Machines em Uberlândia x Restaurante do Cabrito em Araguari. Nenhum problema em escolher o melhor.
Hora de voltar. Parece que a distância entre Araguari/ Uberlândia é bem menor do quê Uberlândia/ Araguari.
Deve ser por causa do sorriso da cidade que se recebe por lá. E só visitamos a cidade, imagine visitando as pessoas...