# Eustáquio Amaral

Alguns Escritores e Grandes Personagens da História Patrocinense

30 de Maio de 2016 às 19:42

Parabéns. É o que a amada Patrocínio merece. O seu aniversário deve ser comemorado por todos patrocinenses presentes e ausentes. São 174 anos de vida de quem nos deu a vida. O papo de hoje é sobre um pouco de sua existência. Principalmente, sobre fatos curiosos.

UM MITO – Antônio Rangel Galião era paulista de Lorena. No século XVIII e XIX, Patrocínio era ponto de hospedagem e abastecimento para os tropeiros que trafegavam pela Picada de Goiás, caminho lendário que ligava Pitangui a Patrocínio e Goiás. A mais famosa pousada era o Rancho do Rangel, à beira de águas cristalinas (hoje, Córrego Rangel) vasto pasto e mulheres (o rancho ficava na região do Bairro Morada Nova). Rangel assassinou a sua esposa e casou–se com uma das moças do rancho.

ESCRITOR FAMOSO – Bernardo Guimarães, de Ouro Preto, foi juiz em Catalão–GO, nos meados de 1860. Usuário constante da Picada de Goiás, sempre hospedava na pousada da Rua das Pedras, pertencente a Antônio Alves de Oliveira. Bernardo era jornalista, poeta, professor e garimpeiro. Na sua obra literária “O Garimpeiro”, cita as cavalgadas no Largo do Rosário.

OS PRIMEIROS PASSOS – Em 1807, Salitre (não é a Salitre atual) tornou–se o Arraial de N. S. do Patrocínio. Em 1816, a região voltou a ser de Minas Gerais, pois em duas décadas tinha se incorporado a Goiás. Pesquisadores internacionais visitaram Patrocínio. O alemão Eschwege, o naturalista francês Auguste Saint–Hilaire e o médico da Universidade de Praga Johann Emannuel Pohl. Saint–Hilaire, também escritor, se hospedou numa casa onde é hoje a Rua Gov. Valadares esquina com Rua Afonso Pena, próximo à Igreja Matriz. Em 1833, aconteceram dois fatos importantes, pouco comentados. Patrocínio deixou de pertencer a Paracatu, passando a integrar o novo município de Araxá. E o padre José Ferreira Estrêla foi empossado como primeiro capelão do Arraial.

ÁPICE – Após permanência de apenas nove anos como território de Araxá, em 7 de abril de 1842, foram criados e instalados a Vila e o Município de N. S. do Patrocínio. O primeiro agente executivo (prefeito) e primeiro presidente da Câmara Municipal foi o capitão Francisco Martins Mundim.

CONTO (I) – Saint–Hilaire narra no seu livro “Viagem às Nascentes do Rio S. Francisco” que uma viagem do Rio para Goiás, via Patrocínio, durava cinco meses. E a carga em um burro custava 32 mil réis. Isso em 1819–1820.

CONTO (II) – Eschwege narra sua passagem por Patrocínio quando foi recebido em uma casa cujo marido estava ausente. A mulher o atendeu sem se mostrar. Deu–lhe o engenho como abrigo e as refeições por um buraco na parede.

CONTO (III) – Sebastião Elói e Floriano Peixoto de Paula contavam sobre diversas sedições (revolta, agitação) ocorridas em Patrocínio, principalmente entre 1850 e1870. Em 1855 aconteceu o violento “Fogo do Mundim”, verdadeiro tiroteio comandado por Martins Mundim. Em 1868, a Vila de Patrocínio foi invadida por 140 pessoas armadas. Um pouco antes, inúmeros patenses liderados pela família Maciel (Jerônimo Maciel) trocaram tiros com as lideranças patrocinenses no Largo do Rosário (hoje, Praça Honorato Borges). A Câmara Municipal estava reunida em seu sobrado tratando de polêmico tema. Patos desejava se emancipar de Patrocínio, o que ocorreu em 29 de fevereiro de 1868 (instalação).

CONTO (IV) – Sebastião Elói dizia que Patrocínio teve um precursor de Antônio Conselheiro, o líder religioso de Canudos. Por volta de 1883, José Antônio de Souza, conhecido por “Pai Eterno”, comandou uma seita de fanáticos, sediada na Fazenda do Capão, na região de Salitre, Tejuco e S. Benedito. Com muito sangue e mortes, esse movimento social e religioso foi combatido pelas forças do Município, composta por militares e fazendeiros. “Pai Eterno” foi morto nesse conflito.

CONTO (V) – Tião Elói narrou. Floriano Peixoto escreveu. José Gaguinho (antigo morador da Rua Quintiliano Alves) confirmou. Por volta de 1895, aconteceu um tremor de terra na cidade. A causa mais provável seria um meteorito que caiu na região do Tejuco. Os moradores chamavam–no de “Pedra de Raio”, com cerca de 10 metros de diâmetro. Na versão menos provável, o tremor poderia ter sido causado por desabamento subterrâneo no platô próximo a Chapadão de Ferro.

ASSIM – Como é bom falar de bem de nossa terra natal. A história não para. Por isso, vamos continuar.

Ave Santa Terrinha!

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 9/4/2016.

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