Lição. A da história é uma grande. A amada Patrocínio vive um de seus piores momentos na política. Para contestar essa nefasta realidade, um passeio no tempo de eleições de outrora mostra a qualidade de candidatos, de eleitores e de partidos de um passado inesquecível. Até 1930, não havia eleições para prefeito. Aliás, nem o termo “prefeito” existia. Nessa ocasião, municípios eram administrados pelo “agente executivo”, que era o presidente da Câmara Municipal. No período de 1930 a 1950, houve diversos prefeitos nomeados pelo Governador. Tais como, o então jovem médico Amir Amaral em 1945, e, o médico José Garcia Brandão (1941). Além disso, há poucos registros/informações de eleições para prefeito nesse intervalo de 20 anos (1930-1950). A partir de então, vieram as eleições por 20 anos também (1950-1970). Os prefeitos nomeados no Governo Militar ocorreram entre 1970 e 1986. Em 1987, retornou a era dos prefeitos eleitos.
|
1950 – Amir Amaral (prefeito) e José Queiroz (vice-prefeito) venceram as eleições, pelo PSD. O fazendeiro Péricles Borges de Paiva (UDN), como candidato a prefeito foi o adversário. Amir Amaral (em 1945) e Péricles Borges (em 1947) já tinham sido prefeito de Patrocínio, por período menor.
|
1954 – Devido o êxito no mandato de Amir Amaral, houve acordo entre os partidos dominantes (PSD e UDN) para que Amaral continuasse à frente da Prefeitura. Como não havia reeleição, teria ocorrido o “jeitinho brasileiro”. Mário Alves do Nascimento seria o prefeito, Amir Amaral o vice-prefeito, mas o gestor continuaria Amir Amaral. A história oral narra esse fato.
|
1958 – As eleições foram vencidas pela UDN. Enéas Ferreira de Aguiar (prefeito) e Benedito Romão de Melo–Ditinho (vice-prefeito). Os adversários derrotados foram o médico Dr. José Figueiredo e o odontólogo Abdias Alves Nunes (ambos do PSD).
|
1962 – O PSD (não é o atual PSD) voltou a ganhar a eleição. Mário Alves do Nascimento (prefeito) e Dr. Amir Amaral (vice-prefeito). Os derrotados foram o fazendeiro Alaor Ribeiro de Paiva (prefeito) e empresário Paulo Constantino (candidato a vice-prefeito). De 1963 a 1966, Mário Alves governou o Município. Nesse período, a UDN e PSD apresentaram o respeito pelo adversário, a total honestidade e o amor pela cidade. Não havia as trocas de partidos, nem corrupção.
|
1967 – O Governo Militar extinguiu os partidos políticos, e, criou novos partidos (Arena e MDB). Como os ex-integrantes da UDN e PSD, em Patrocínio, praticamente se filiaram à Arena, nasceu novo acordo para o mandato de prefeito de 1967 a 1970. João Alves de Queiroz (ex-PSD) foi prefeito em 1967/1968. E Valdemar Lemos (ex-UDN) tornou-se prefeito em 1969/1970. Não houve “vices” nessa época.
|
1971 – Por ser estância hidromineral, graças à Serra Negra, caberia ao Governador nomear o prefeito (não havia também vice). Governador Rondon Pacheco nomeou o eficiente e mãos limpas engenheiro Olímpio Garcia Brandão, ligado à ex-UDN.
|
1975 – O governador Aureliano Chaves (ex-UDN) nomeou prefeito municipal o professor Afrânio Amaral, vinculado a egressos do ex-PSD. Administrou Patrocínio, por dois mandatos (1975-1982), já que o governador Francelino Pereira (ex-UDN) o manteve no cargo.
|
1983 – O governador eleito Tancredo Neves (ex-PSD) nomeou o agrimensor Amâncio Silva para ser o prefeito do Município (1983-84-85). Ambos pertenciam ao combativo MDB. A Arena foi derrotada.
|
1985 – Em outubro/85, Afrânio Amaral (prefeito) e Ibrahim Daura (vice-prefeito) venceram as primeiras eleições municipais (estâncias). Amaral obteve 45% dos votos; dr. Ocacyr Siqueira, 39% dos votos; Luiz Alberto Ribeiro, 14% dos votos e Antônio Queiroz 1,5% dos votos. O total dos votos chegou entorno de 21.000 votos.
|
1988 – Em novembro/88, o empresário Silas Brasileiro (PMDB), e Dr. José Figueiredo (vice-prefeito), com 16.922 votos, venceram Elias Abrão, que teve 9.985 votos. Já Divino Pimentel teve 705 votos.
|
1992 – Advogado Júlio Elias, tendo 35% dos votos, ou seja, 12.025 votos, e o radialista Ildeu Pinheiro, venceram Betinho (candidato a prefeito) e o engenheiro Ibrahim (candidato a vice). Esses pelo PMDB e PSDB. Também participaram dessa eleição, e perderam, o ex-deputado Paulo Pereira e o médico Evaldo Resende.
|
1996 – Betinho (prefeito) e Eduardo Arantes (vice), com 18.257 votos e pelo PMDB, venceram o engenheiro Ibrahim Daura e Valério, pelo PSDB, que tiveram 13.834 votos.
|
2000 – Na virada do século, Roberto Queiroz (Betinho) é reeleito, agora pelo PTB. O seu vice-prefeito, dessa vez, foi o médico Lucas Siqueira.
|
2004 – Em outubro/04, Júlio Elias volta a vencer as eleições, pelo PP. Jorge Marra é o seu vice-prefeito. Eduardo Arantes, pelo PPS, encabeçou a chapa derrotada.
|
2008 – Em outubro, são eleitos Lucas Siqueira (PPS) e Fausto Amaral (vice-prefeito, pelo PT).
|
2012 – Para o período 2013-2016, em outubro de 2012, Lucas Siqueira (PPS) é reeleito e o seu vice-prefeito é Roberto Queiroz-Betinho. Essa chapa derrotou as chapas lideradas por Deiró Marra e (outra) por Júlio Elias.
|
2016/2020 – Empresário Deiró Marra (PSB) e o seu vice-prefeito Gustavo Brasileiro vencem as eleições. E em 2020, Deiró é reeleito com outro vice (Bebé), vencendo o seu ex-vice-prefeito Gustavo Brasileiro, nas eleições.
|
POR FIM – A querida Patrocínio precisa de paz e convivência política. Que o candidato vencedor trabalhe com harmonia. E que a corrupção não tenha vez. Porque dinheiro público é sagrado. É dos cidadãos. O passado patrocinense demonstra como se deve amar a Patrocínio, sendo o prefeito e o vice-prefeito, eleitos, de TODOS os patrocinenses. Isso é um orgulho!
([email protected]) *** Primeira Coluna publicada também na Gazeta de Patrocínio, edição de 05/10/2024.