Esquecimento. Jamais este escriba amador terá com a sua, a nossa, Santa Terrinha. Dia 7 de abril foi comemorado os 176 anos de emancipação municipal. Ou seja, em 1842, tornou-se um município, com o nome de Vila de Nossa Senhora do Patrocínio. A cidade surgiu 32 anos depois, em 12 de janeiro de 1874. Aí sim, o nome de Patrocínio eternizou-se. Sábado passado, dia do aniversário, convidado pela Rádio Difusora (Cristiano Romão e José Maria Campos) tivemos a honra de participar do programa Show da Tarde. Na oportunidade, contamos passagens históricas desta querida terra, que, depois, transitaram um pouco pelas redes sociais. Repetindo alguma coisa dita na Difusora e acrescentando outras, apresentamos “Patrocínio em poucas palavras”, como escreveria o imortal Dr. Edgard Rocha Andrade.
O Polocentro, programa federal voltado para o cerrado, foi um dos principais alicerces do progresso de Patrocínio. Dele surgiu a revolução do café. Isso a partir de 1975.
Patrocínio já pertenceu a Goiás quando fez parte do município de Paracatu (a partir de 1798) quando integrou o território goiano. Em 1816, os julgados de N. S. do Desterro do Rio das Abelhas (Desemboque) e S. Domingos de Araxá, distrito ao qual pertencia Patrocínio, foram desmembrados da Capitania de Goiás e, novamente incorporados à Capitania de Minas Gerais. O folclore regional indica que D. Beja foi uma das responsáveis pelo retorno de Araxá-Patrocínio a Minas Gerais.
Em 1833, Araxá se emancipou de Paracatu, levando consigo seu distrito chamado de Arraial de N. S. do Patrocínio.
Nove anos depois, em 1842, foi a vez de ocorrer a emancipação patrocinense. O município de Patrocínio começava na divisa de Goiás e ia até o limítrofe de Paracatu. Nele estavam os territórios das futuras cidades de Araguari, Cascalho Rico, Grupiara, Douradoquara, Estrela do Sul, Monte Carmelo, Romaria, Abadia dos Dourados, Coromandel, Guimarânia, Patos de Minas, Lagoa Formosa, Cruzeiro da Fortaleza e Serra do Salitre, além do próprio município de Patrocínio. Ou seja, pertenceram ao município de Patrocínio, os futuros municípios de Araguari, Patos de Minas, Coromandel e Monte Carmelo e mais dez (atuais) municípios vizinhos.
Em 1852, no distrito Diamantino de Bagagem (hoje, Estrela do Sul), pertencente ao município de Patrocínio, foi descoberto um dos maiores diamantes do Brasil, o “Estrela do Sul”. Segundo os experts, é o mais bonito, maravilhoso, encontrado até hoje. Entretanto, o maior do país é o Getúlio Vargas descoberto em Coromandel, já em 1938.
Patrocinense ou rangeliano? Tanto faz, em Patrocínio são sinônimos. Rangeliano vem do paulista Antônio Rangel Galião, proprietário de hospedagem e local de abastecimento aos tropeiros, que viajavam, principalmente, entre Goiás e a região de Pitangui-Sabará. Além disso, havia o emblemático Rancho do Rangel, lugar de festas, bebida e mulheres, que atraíam fazendeiros de toda a área do futuro Triângulo Mineiro. Tudo à beira do córrego, que depois levou o seu nome “Corgo do Rangel”, ou corretamente “Córrego do Rangel”. Isso nos primórdios do século XIX.
Descendente do Rangel (do Rancho), em 1853, surgiu o mais poderoso patrocinense da história: Antônio Corrêa Rangel. Ele foi ao mesmo tempo, prefeito (chamado de agente executivo), presidente da Câmara Municipal (naquele tempo, era o agente executivo também), vereador e delegado de polícia. Sobre isso, houve muita polêmica, à época. Esse Rangel, pode ter advindo também o termo rangeliano.
Em 1868, Patos de Minas emancipou-se de Patrocínio. Antes, os patenses, comandados pela família Maciel, teria invadido a cidade e mantido intenso tiroteio, no largo do Rosário (Praça Honorato Borges) com os patrocinenses. Eles não concordavam com os vereadores do Município que relutavam em conceder a emancipação de Patos (história contada por Sebastião Elói).
No final do século XIX, por volta de 1895, aconteceu enorme tremor de terra em Patrocínio. A causa mais provável seria o meteorito que caiu na região do Tejuco. Os moradores o chamaram de “Pedra de Raio”. E no lugar que teria caído abriu-se uma cratera (buraco) de cinco metros de diâmetro.
Em 17 de fevereiro de 1927 começa a funcionar o Ginásio Dom Lustosa, com 57 alunos (só meninos) de toda a região. Havia internato. É o começo da sagrada invasão holandesa (padres holandeses). Inclusive Padre Eustáquio, Padre Matias, e mais tarde Padre Caprázio e Padre Lamberto, dentre outros quase quatro dezenas de padres holandeses.
Em 6 de janeiro de 1929 começaram as aulas do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, somente para as meninas. Também recebeu moças de quase todas as cidades do Alto Paranaíba.
Em 1930, surgiu o primeiro prefeito de Patrocínio, Francisco Batista de Matos. Antes era denominado agente executivo o comandante da prefeitura municipal.
Em 1933, foi fundado o Instituto Bíblico Eduardo Lane, vinculado à Igreja Presbiteriana. Com o apoio da igreja norte-americana.
Em 1941, pousa o primeiro avião em Patrocínio, um “teco-teco” (pequeno monomotor).
Isso é mais um pouquinho de nosso torrão. Nesse mês de seu aniversário não basta só recordar. É preciso refletir. Agir. Patrocínio é progressista. Porém, o progresso é dinâmico. É necessário tê-lo sempre, sem parada. Em nosso Município há falhas para serem superadas. Na política, no meio ambiente, na cultura, no trato com o dinheiro público e na economia há muito o que fazer. Mais ação, menos holofotes, é um bom começo. Para dar vida ao progresso. De nossa linda cidade.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 14/4/2018.