Quente. O tempo já está. Embora o verão apenas comece no dia 22 de dezembro. É bom imaginar como será a estação de mais elevada temperatura do ano. Em priscas eras, os termômetros não avançavam os 30º Celsius. E na região de Patrocínio isso é notório. Basta conversar com gente de cinquenta ou sessenta anos ou mais. Hoje, no verão, o termômetro tem oscilado em torno de 40ºC. Há algumas explicações para essa diferença térmica. Questões do planeta, questões nacionais ou questões regionais a fundamentam. Restringindo-se às questões do Alto Paranaíba, especificamente do Município, uma explicação é vista a olho nu. A falta do verde. A devastação das árvores não deixa dúvida para ninguém. Essa devastação irresponsável com o ser humano e a natureza.
BELO EXEMPLO – Onde há árvores a temperatura é menor cerca de 10º. Ou seja, se é 35ºC em locais desprovidos de árvores, é 25ºC onde tem árvores. Isso em uma mesma cidade. No caso, Cuiabá. Pelo menos, é o que foi apresentado pelo Jornal Nacional (Globo) no sábado (16/11/2019). Segundo a notícia, o estudo teve o apoio da Universidade Federal do Mato Grosso. Assim sendo, parte da população cuiabana, começou a plantar mais mudas de árvores em vias urbanas. Aliás, já plantou milhares de mudas de árvores, nos últimos tempos. “Uma rua arborizada é melhor qualidade de vida e melhor conforto térmico”, disse engenheiro nessa reportagem. É conveniente nossos administradores do meio ambiente municipal revê-la no Globoplay, graciosamente na internet. É lição! É lição para aprender.
OUTRO EXEMPLO DE CIDADE VERDE – Formiga tem praticamente a mesma idade de Patrocínio (emancipada em 06/06/1858). Localiza-se no centro oeste mineiro. Possui 67.450 habitantes. É chamada de a “Princesa D’Oeste”. Também foi visitada, como Patrocínio o foi, pelo naturalista francês Auguste Saint-Hilaire, em 1819. E daí? Perguntaria o respeitável leitor. A explicação é outra lição. Formiga não tem a pujança econômica patrocinense. Entretanto, tem árvores nas ruas e avenidas. Tem ruas asfaltadas, mas não destrói as ruas existentes com bloquetes para pavimentá-las (asfalto é outro fator de calor e inundação urbana). E cuida carinhosamente (e com beleza) de seus casarões históricos. Conclusão: a temperatura média em janeiro e fevereiro é de 23,1ºC. Em dezembro a média é de 21,6ºC, segundo o Climate-data.org. Ou seja, no mínimo, menos 10ºC do que em Patrocínio. Por que será, será por quê?
MATINHA TEM QUE SER APENAS O COMEÇO – Está bastante noticiado pela mídia rangeliana que haverá recuperação do Bosque da Matinha, a título de compensação determinado pelo Ministério Público. A cidade, os patrocinenses, merecem muito mais. Quiçá a ampliação da Matinha (além da revitalização) e de plantio de árvores nas vias urbanas. Como tudo se inicia em uma boa escola, é oportuno também ensinar as crianças, os estudantes do Município, a importância das árvores e do verde. Meio ambiente tem lugar cativo no ensinamento. O futuro promissor, inclusive quanto à qualidade de vida, está nas mãos das crianças do presente.
CONFIRMAÇÃO DA CARÊNCIA – Patrocínio não tem árvores. Pelo menos, o nível desejável para qualquer grande cidade. O mais renomado órgão de pesquisas do país, o IBGE, informa que somente em Minas há 225 cidades melhores do que Patrocínio no quesito “Arborização nas vias Públicas”. E no Brasil, há 2.477 cidades que possuem mais árvores nas ruas/avenidas/praças do que esta querida terra. Portanto, a cidade é precária nesse indicador “Arborização” do IBGE. Até na microrregião Patrocínio/Monte Carmelo/Coromandel (onze municípios), Patrocínio só alcança o 5º lugar. Lastimável.
QUEM VIVEU O PASSADO, SABE! – Porque o Município tinha menores temperaturas? Pouco asfalto e muitas árvores é uma das melhores respostas. Bloquetes e ruas de terra (hoje, não é preciso chegar a tanto) predominavam. O abundante Córrego Feio tinha densas e extensas matas ciliares; a região da Prefeitura foi uma verdadeira mata; na região frontal ao ex-Enxó Campestre existiu pequena floresta chamada de Matão; as praças Honorato Borges, Santa Luzia, da Matriz e da Santa Casa eram revestidas até de frondosas árvores, existiam extensos quintais com árvores frutíferas e a Av. Rui Barbosa possuía duas fileiras centrais da bela árvore Flamboyant. Cadê o Horto Florestal? Na atualidade, praticamente tudo se acabou. Graças ao machado e a foice do “modernismo” e do “progresso”. Ambos, entretanto, caolhos. Não visualizaram a vida saudável.
FAZER O QUÊ? – Chorar o leite derramado não adianta. O que suavizará a temperatura patrocinense é o plantio de árvore. Com técnica e qualidade. E a reconstituição de algumas “Matinhas”, como foi dito aqui há três semanas. Não é obrigação apenas da administração municipal e sim, de todos. Todos que querem o bem de Patrocínio e o bem-estar dos patrocinenses.
ALTERNATIVAS – Deus dá opção. Atlético ou Cruzeiro? Na ideologia, direita ou esquerda? Na religião, cristão ou não? CAP ou URT? Inverno ou verão? Temperatura agradável ou quente? Enfim, escolher é um direito. Mas, com certeza, a escolha do inferno e de seu calor ninguém fará. Ave, árvore!
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 23/11/2019.