# Eustáquio Amaral

Ato Racional e Inteligente: Plantar Árvore!

10 de Maio de 2020 às 18:55

Triste. Tão triste como esse desastre chamado Coronavírus ou Covid-19. É o constante corte de árvores em Patrocínio. E pior do que isso, sem nenhum replantio. Sem discursão com os cidadãos. O estopim de nova maldade e nova reação da bondade, capitaneada pelo ilibado Milton Magalhães e (nossos) inúmeros conterrâneos, foi registrada no Facebook, em 15/3/2020. O corte de árvore ocorrida na Praça Honorato Borges. Praça de poucas árvores, pouco verde, como a cidade o é. A título de lição, válido é dizer mais alguma coisa.

REPETECO – O óbvio ululante do escritor Nelson Rodrigues precisa ser adotado. Duas instituições de pesquisas, IBGE e Fundação João Pinheiro, documentam as fragilidades de Patrocínio, quanto ao verde. No quesito “Arborização de Vias Públicas”, o IBGE situa o Município em 226º lugar em Minas. Ou seja, tem 225 municípios mineiros com mais árvores. Colocação péssima. Ou será que o IBGE está errado? Até na microrregião de Patrocínio (onze municípios), há quatro municípios em melhor situação do que a cidade.

TEM MAIS GOLEADA... – A FJP aponta desmatamento na região. O Instituto Estadual de Florestas-IEF, por meio de seu sistema de dados espaciais (identificados pelo satélite), mostra a virtual carência de verde na área urbana. Praticamente, o verde existente na região, refere-se à agricultura (não são árvores). Há também estreitas e pífias matas ciliares em volta dos riachos, o que é obrigação legal e moral. O resto é apenas retrato na parede.

O QUE FAZER? – Mudança de mentalidade é o primeiro mandamento. O segundo é a elaboração de um sério planejamento. Planejamento ambiental que envolva o poder público, as empresas e os cidadãos. Parece que há movimento em Patrocínio para tanto. O vereador Thiago Malagoli, por exemplo, reapresenta à Câmara Municipal o seu projeto de replantio de árvores. Nele, quando tiver necessidade indiscutível, bem avaliada, de corte de uma árvore, implicará obrigatoriedade no plantio de vinte mudas de árvores. Corte de duas, serão 40 mudas plantadas. E por aí, se vai. Claro, além do plantio, é obrigatório o cuidado e responsabilidade até a muda se tornar árvore.

PRODUTO FINAL – Patrocínio precisa já de um Plano Ambiental. Por isso, o poder público, representado pela Prefeitura Municipal, Câmara, Ministério Público, Cemig, IEF, juntamente com os representantes empresariais, ACIP e CDL, e, os cidadãos deveriam discutir e elaborar o Plano. Mas sem delongas...

DÚVIDAS... – Indaguem moradores de cidades arborizadas. Goiânia, Campinas, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre são boas referências, segundo o IBGE. Perguntem aos técnicos sobre a temperatura ambiente, sobre a purificação do ar, sobre a saúde. Comparem o que é uma cidade arborizada e uma cidade sem árvores. Como (nossa) Patrocínio. Temperatura tórrida e sol de deserto ou temperatura adorável com sol de poeta. Eis a opção.

PRESENTE E FUTURO – A geração de hoje é responsável por uma vida mais saudável e pela construção de um futuro sempre melhor. O meio ambiente é parte essencial neste objetivo. Por isso, abaixo o pensamento tacanho. Evolução sempre!

FALA QUEM PODE! – “A arborização urbana reflete um alto grau cultural da sociedade, quando essa entende que a vegetação, assim como o solo, o ar e a água, é uma necessidade no cenário urbano.” Palavras de M. Mendonça, na Universidade Federal de Uberlândia-UFU, em 2000. Já a tese sobre arborização na Universidade Presidente Antônio Carlos-UNIPAC estabelece que “O plantio de árvores no meio urbano deve ser bem estudado e planejado... cabendo ao Poder Público manter e preservar... qualquer tipo de degradação constitui crime.”

POR FIM – “Arborização urbana é um instrumento eficaz para minimizar os impactos negativos nos centros urbanos (cidades). E defender o meio ambiente como direito comum não deve ser apenas iniciativa de militantes (como Milton Magalhães, Célio Gomes, Pedro Cortes e este escriba), mas obrigação do governo e da sociedade.” Trecho de texto no curso de Engenharia de Florestas Tropicais (ano 2006).

DAÍ... – Árvore pública ou não, na praça ou no quintal, é intocável. Se houver necessidade técnica de corte, plante primeiro vinte mudas e as cuide bem!

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 21/3/2020.

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