Estou de férias, o que mais queria era postar fotos lá do magnifico Inhotim, ou tomando uma taça de vinho lá na Toscana; ou, quiça´, curtindo a Aurora Boreal na Suécia; talvez pedido entre os livros na Biblioteca da Universidade de Coimbra..Ou só só no colo da mamãe lá em Uberaba...Mas estou preso em casa, literalmente. Um ladrão tranquilo, dedicado na sua arte, de novo, novamente, outra vez, achou de me visitar. 7:30 da matina, acabava de ouvir o jornalismo da Itatiaia, ia ligar a tv no Programa Manhã Total, ouvi um barulho no corredor, abri o vitrô, lá estava ele- meu sócio. Vinha de outro quintal portava um recipiente metálico redondo, mais conhecido como botijão de gás. No meu momento adrenalina, há meio metro um do outro, elogiei-o em alto e bom som, com alguns palavrões daqueles que só o 'pofexô',Luxa, na beira do campo sabe fazer. Mostei-lhe o tel,e disse-lhe: “Tô ligando para Polícia, sei porqueira!!!”. Ele com a calma de quem só pode ter fumado um ‘cigarrinho da capeta’, disse: ”Pode chamar, cara!” Jogou o botijão do outro lado. Pulou o muro, apanhou o botijão novamente e saiu. Foi quando me pareceu ouvir uma voz: “Uai, Milton, vc é um homem ou um saco de batata?” Êpa, êpa! Aquilo mexeu com os meus brios. Abri a porta, o portão e bati atrás do gatuno. “Subiu por ali!” Disse-me um vizinho. Lá fui eu rua afora , otariamente, sem a mínima noção do que realmente ia fazer.
O mundo é pequeno, me deparei com o próprio, numa lojinha, negociando o produto do roubo.Eu com minha falta de educação, estraguei toda aquela negociata: ”Não compra, não que é roubado! “Vagabundo, acabou de roubar ali, já tá vendendo aqui! Toma jeito, malandrão!” “Êh,êh,êh, não, num, robei nada, não, moço!”. "É mentiroso tbém?”
Ordenei que deixasse o butijão. Ele deixou e ia saindo. Falei que não era para sair, pois havia chamado a Polícia e ele não ia fazer essa desfeita para os homens da lei. Falei e olhei bem nos olhos dele. Esqueci do meu tamanho, esqueci, até que meu karatê da Ken Bu Kan, já venceu há mais de trinta anos, fui agarrá-lo na unha seca. O senhor do meu lado pela idade, ajudaria pouco, mas, quem sabe alguém, passando por ali, pararia o carro e desceria pra me ajudar. Uai, ajudar a amarrá-lo num poste, porque não?
Mas, calma lá, por que meu rompante de bravura não durou pouco. Ele simplesmente, levantou a blusa de lado, agarrou o cabo de um SCHMIDT 22, que trazia na cintura e disse. “Vem, vem que te passo um pipôco!” Como ainda não perdi o juízo. entendi o recado.Ainda pude lhe dizer: " Veja coisa! Voce, bandido pode portar uma arma, eu, cidadão de bem, não posso.Por favor circula" Ele se foi, com certeza rindo por dentro e me chamando de, claro de otário. Ele adivinhou me senti mesmo o maior deles. Voltei para minha insignificância. Cruzei os braços
Ai você me pergunta “e a Polícia?” Não, a Polícia não havia chegado. Duas, três ligações, era a mesma justificativa. “Calma, no momento não temos viatura. Vamos assim que tiver” De fato, 35,40 minutos depois eles chagaram. Não uma, mas duas viaturas com dois soldados em cada. E preciso abrir um parêntese, para dizer, o quanto estes policias são educados, polidos, técnico, abordam com respeito. Só precisam ser mais objetivos. Atenderem com mais prontidão as chamadas, Se alguém informar pra onde foi o ladrão, eles, priorizarem bater atrás na hora. Garanto-lhes que capturariam, estes malfeitores, muito mais do que tem capturado.
No caso em epígrafe, não foram logo, atrás do malfeitor. Uma guarnição foi verificar as imagens de uma câmera de segurança nas mediações da ocorrência; a outra, foi devolver o botijão, inclusive, entrei na ‘corintiana’ e fui com eles procurar o dono daquele vasilhame. Nesta altura o bandido já estava longe.
O problema é que o bandido perdeu totalmente o medo da Polícia. Ficam bem á vontade, eles, próprios nos mandam chamar a Polícia. Até a bem pouco eu pensava, que essa gente é vítima da sociedade, produto da desigualdade social. Sim, ms nem tanto. Pelos relatórios dos políticos e seus partidos, o país tirou um montão de gente da linha de pobreza. Então, não me parecer ser a pobreza, a razão única desta onda de violência e bandidagem. É muito mais um vício crônico. Uma opção pela marginalidade.
Não entendo de sociologia, nem de direito penitenciário,como diz Quintana. "Não endendo da questão social, faço parte dela simplesmente" Todavia, não reconheço nada e ninguém da acima de nossa Lei Maior: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos” O Estado não vem fazendo o seu Dever Constitucional
Hoje o cidadão de bem vive em ‘prisão domiciliar’. Confinado em casa, neurótico, erguendo mais e mais seus muros, construindo prisões, com câmera, cerca elétrica, vigilantes armados, portões com controles mais rápidos, pois ao chegar em casa, pode ser abordado por bandidos. O que pode ser a noite pode ser ao meio dia, pois repito. Eles, os marginais, não tem mais medo da Polícia. E a Polícia precisa resgatar o respeito, com um lema; Bandido aqui, não!
Hoje, ninguém senta na porta de casa, com os filhos, conversando com os vizinhos, ou apreciando uma noite estrelada. Pode passar alguém atirando do nada, pode surgir um arrastão de repente limpando tudo. Já foi o tempo em que adorava sair pela cidade, apreciando os jardins das casas. Achava até que a cidade devia promover um “concurso do jardim mais bonito da cidade”. Esquece isto. Hoje estas casas são verdadeiras penitenciárias de segurança máxima. Cidadão de bem lá dentro de seus domínios preso pelos bandidos; e os bandidos soltos nas ruas, rindo na nossa cara.
Penso que devemos tentar salva o futuro. Cuidar das nossa crianças, dando a elas(Conforme reza a Lei) educação digna, alimentação adequada, profissionalização, cultura, respeito, convivência familiar e comunitária, para que nenhum deles aprenda ou precise roubar . Precisamos salvar o futuro, pois, o presente, tá difícil.
Hoje pensei até em criar o “Estatuto dos Otários” com associação e tudo, me prontificando, inclusive em ser o presidente interino. O objetivo será unir todos os otários.(Leia-se cidadãos de bem) independente de classe social, nacionalidade, sexo, raça, cor ou crença religiosa. Chega dessa gente, cuspir e rir na nossa cara. “Otários unidos, jamais seremos vencidos”
Somente assim para nossa categoria, exigir respeito de vossa exelências - os bandidos. Está muito desigual. Eles armados, nós desamparados; eles livres na rua, nós presos em casa; Eles senhores da situação, nós pobres indefesos. Achando que poderia fazer alguma coisa, me senti um otário, solitário, ilhado e impotente.
Como é que vou me esquecer a imagem daquele bandido todo soberano, no alto de sua impunidade, se retirando tranquilo, tranquilo...