# Eustáquio Amaral

Bougleux E O Maravilhoso Futebol De Patrocínio

12 de Fevereiro de 2020 às 19:33

Craques. Os dois maiores, os de maior sucesso, que passaram pelo futebol da cidade, em todos os tempos. Inclusive contando os atuais craques do glorioso CAP. Um já falecido, o outro ainda vivo. Nenhum patrocinense da gema. Ambos vestiram a camisa do Atlético Mineiro em seus anos de glória. Um nos anos 50, o outro nos anos 60. Um, Múcio, focalizado neste minifúndio de papel há um mês. O outro é Bougleux. Os dois vestiram a camisa do Flamengo rangeliano, um celeiro da bola, que existiu nas décadas de 50 e 60, comandada pela lenda, Véio do Didino, o “Telê Santana” da história esportiva municipal. Mas, quem foi Bougleux ou Buglê?

ORIGEM – José Alberto Bougleux, conhecido também pelo “aportuguesado” nome Buglê, nasceu em 1944, na Barra do Funchal, em São Gotardo. No princípio dos anos 60, foi revelado nas categorias de base do Galo. No elenco alvinegro principal atuou em 1963/1966. No biênio seguinte (1967/1968) atuou na mais poderosa equipe da história, Santos de Pelé. Lá foi bicampeão paulista. De 1968 a 1974, vestiu a camisa do Vasco da Gama, onde tornou-se campeão carioca em 1970.

E PATROCÍNIO COMO FICA NA FITA? – No final dos anos 50 e comecinho dos anos 60, Buglê sempre visitava e passava uma temporada com o seu tio Hélio Bougleux, fazendeiro, apaixonado pelo futebol (vascaíno). Residente à Rua Governador Valadares, quase esquina com rua Tobias Machado. Nessa época, conviveu com os seus primos Wilson e Everardo (considerado o “Nelinho de Patrocínio”, falecido), filhos de Hélio Bougleux, falecido há três décadas.

COMPANHEIROS NA CIDADE – Buglê amava o futebol. Por isso, nessas temporadas patrocinenses, integrava à equipe do Flamengo, onde estavam começando os saudosos (e bons de bola) Romeuzinho, Dizinho, Dedão e Macalé, e, Totonho Figueiredo (testemunha ocular desta narração) como também o é (testemunha), o lateral irmão de Dedão, Gato (Branco).

INESQUECÍVEL – Em determinado domingo de 1961, o Flamengo foi a Monte Carmelo (rodovia de chão) enfrentar o então excelente Clube do Cem, à época um dos maiores adversários do futebol de Patrocínio. Os outros grandes adversários, naquele tempo, eram o Araguari A. C., a URT e o Paranaíba de Carmo do Paranaíba. Buglê integrou à comitiva do Flamengo, com destino à Capital da Telha.

O INSÓLITO, O INESPERADO – Por algum motivo, Buglê não se preparou para o jogo. Não treinou durante da semana. Então, o técnico e estrategista Véio do Didino deixou Buglê no banco de reservas. Um astro do futebol (já treinava com destaque no Galo) na reserva do Flamengo era um fato bizarro, excêntrico. Porém, no segundo tempo, Véio colocou Buglê na equipe. No final, o Flamengo venceu mais uma partida.

DESTAQUES NA VIDA DO BUGLÊ – O primeiro gol do Estádio Mineirão foi marcado por Buglê, no jogo inaugural da Seleção de Minas 1 X River Plate (Argentina) 0. Além de Buglê (camisa 5), na Seleção havia Tostão, Dirceu Lopes e Jair Bala, dentre inúmeros craques. E no River destacaram-se o goleiro Gatti e o zagueiro central Ramos Delgado, que depois jogou junto com Buglê, no Santos (do Pelé). Este amador cronista assistiu a essa inauguração, em 05/09/1965.

E MAIS... – No Santos, além de Pelé, atuou ao lado de Carlos Alberto Torres (o Capita), Clodoaldo, Edu, Gilmar, Mauro e Rildo (todos campeões do mundo) e do argentino Ramos Delgado. Buglê viajou pelo mundo com o Santos. No Vasco da Gama, teve Brito (campeão do mundo de 1970), Andrada (goleiro argentino que levou o milésimo gol de Pelé) e Gilson Nunes como companheiros na equipe. Além de campeão mineiro em 1963 (Atlético) Buglê atuou também no Atlético de Madri e Sport, de Portugal. Encerrou sua trajetória nos gramados, em 1975, no América Mineiro.

ATUALIDADE – Buglê, aos 75 anos, acometido pela doença de Alzheimer desde 2014, mora em Brasília-DF, numa chácara, onde curte a pescaria e a cervejinha, conforme relatou seu neto Pedro Bougleux (21 anos) ao jornal Hojeemdia.

O ÁPICE – Múcio e Buglê jogaram pelo Flamengo. Como também jogaram Calau (Fluminense do Rio quase o levou), Romeuzinho (Cruzeiro e Vila Nova), Totonho (Corinthians de Presidente Prudente), Dedão (América de São José do Rio Preto), Gato (Catalão), Blair (Seleção Mineira), Frazão (Atlético-GO e Olaria-RJ), Pedrinho (Atlético-MG), Rondes e tantos outros craques produzidos no período de aproximadamente 12 anos. Por isso, a equipe de Véio do Didino é considerada a eterna academia do futebol patrocinense. Hoje, um belo e admirado retrato na parede.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 18/1/2020.

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