Ouro. No caso do (nosso) Município, ele tem a cor verde. Ou vermelha, quando maduro. Vem do agro. É o café. O IBGE publica, mais uma rodada anual, sobre a produção cafeeira. Quais os municípios do Brasil que mais produzem, quais os valores dessa produção e as áreas destinadas à colheita. Patrocínio continua em 1º lugar. Disparado. Menos em um dos cinco indicadores de desempenho. Monte Carmelo é a novidade, revelação, nesse levantamento estatístico, registrado para 2021.
QUASE 61 MIL TONELADAS DE GRÃOS! – O município campeão do Brasil, Patrocínio, produziu 60.486 toneladas de grãos de café na safra, referente a 2021. Bem distante, o vice-campeão de Minas, mas 4º lugar no Brasil, Monte Carmelo produziu 28 t. Ou seja, menos da metade de Patrocínio. A lista dos dez maiores produtores mineiros de café são:
1º - Patrocínio (61 t.);
2º - Monte Carmelo (28,3 t.);
3º - Campos Gerais (28,2 t.);
4º - Serra do Salitre (25 t.);
5º - Três Pontas (23 t.);
6º - Araguari (22 t.);
7º - Boa Esperança (21 t.);
8º - Manhuaçu (20 t.);
9º - Nova Resende (17 t.) e;
10º - Carmo do Paranaíba (16 t.).
Assim, para se ter ideia da magnitude cafeeira patrocinense, ela é maior do que a dos grandes produtores, Monte Carmelo e Serra do Salitre, juntos.
R$ 815 MILHÕES: MUITO DINHEIRO! – Nesse segundo indicador, valor da produção em reais, o 1º lugar brasileiro e mineiro continua com Patrocínio, tranquilamente. O interessante é que, quanto ao valor, Monte Carmelo perde o 2º lugar para Campos Gerais. Ambos em torno de R$ 380 milhões cada. Em Minas, Patos de Minas (R$ 227 milhões) também toma o 10º lugar de Carmo do Paranaíba, embora esse tenha produzido mais do que os patenses (isso já provocou até manifestações folclóricas entre as duas cidades).
42 MIL HECTARES DE CAFÉ! – Nesse terceiro indicador, área destinada à colheita, Patrocínio lidera, com muita folga também, no Estado e no Brasil. É o 1º lugar, com 42.092 ha. A surpresa fica por conta de Manhuaçu no 2º lugar com (22 mil ha). Portanto, bem distante do líder Patrocínio. Seguem Campos Gerais (18 mil ha), Serra do Salitre (18 mil ha), Três Pontas (16 mil ha), e, em 6º lugar, inesperado, em virtude da queda na classificação, Monte Carmelo (15 mil ha). O quarto indicador, área colhida, na maioria dos municípios produtores, foi idêntica ao terceiro indicador, área destinada à colheita.
RENDIMENTO MÉDIO – O quinto indicador da safra, medido por quilos produzidos de grãos por hectare, não é favorável a Patrocínio, em termos de ranking. Em Minas, apenas alcança o 197º lugar e o 558º no Brasil. Pois, o rendimento médio por hectare atingiu somente 1.437kg. Menos de 1.500kg, portanto. Enquanto isso, Monte Carmelo teve 1.800kg por ha, Araguari 1.860 kg/ha, Buritis, no Noroeste, 3.120kg, Patos de Minas 1.722 kg/ha, e, Guimarânia 1.541 kg/ha, dentre tantos municípios mineiros. A melhor performance patrocinense, nesse quesito, foi nas safras de 2016 (2.640 kg/ha) e 2018 (2.215kg por ha).
AS SAFRAS PATROCINENSES – Nos últimos dez anos, a pior colheita ocorreu em 2015, com só 41 mil toneladas de grãos. Porém, de quase 92 mil toneladas em 2018 para 61 mil toneladas em 2021, observa-se, com facilidade, a vertiginosa queda na produção de grãos de café no Município. A pandemia a partir do começo de 2020, as alterações bruscas do tempo (chuvas e temperatura) e eventuais opções pela soja, explicam essa queda. Causam possíveis prejuízos, todavia, não afetam a hegemonia nacional de Patrocínio, quanto ao café.
AINDA ASSIM, O RECORDE – Mesmo com a queda na produção, o dinheiro atingiu a maior cifra da história cafeeira de Patrocínio. No auge da produção (2016), o valor da produção correspondeu a R$ 688 milhões. Em 2019, caiu para R$ 388 milhões. Mas de lá para cá, aumentos substanciais. Por isso, bateu no teto de R$ 815 milhões em 2021. Isso mostra o caminho aberto para R$ 1 bilhão, breve. A alta do dólar, preço elevado de fertilizantes e o clima explicam os 155% de aumento no preço do grão de café no ano 2021, segundo a ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café). Daí, o café estar caro até para o consumidor nacional comum.
CONCLUSÃO – Patrocínio é o líder no café, sem dúvida. Porém, o seu rendimento médio (kg por hectare) merece atenção. O que está inadequado? Por que esse baixo nível médio de produtividade? Ou não há o que fazer? Com aplausos pelo 1º lugar... sigamos.
([email protected]) *** Primeira Coluna também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 15/10/2022.