(Trazendo minhas caraminholas das redes socias pra cá, posso?)
"O meio do ano chegou. Meu, que ano! Quantos perrengues! Olho para um lado e para o outro, não vejo ninguém, no dolce far niente, nem aqui nem na China. Aliás tudo por causa de um bichinho invisível vindo de lá. Bem, bem, não tem ninguém, ou tem?
Se seu negócio, antes da pandema tava bombando, agora já não sabe se vai dar para manter as portas abertas. Se você não perdeu o emprego, é alguém que já teve de demitir. Se vc é aposentado, está tendo que viver numa prisão domiciliar como se fosse um malfeitor. Se vc é jovem estudante não aguenta mais o tédio da tela fria dos estudos online.

Meu, tudo virou de ponta cabeça. Eu disse tudo. Tá ruim. Pode piorar. Andam dizendo que lá na China,( onde mais poderia ser? ) apareceu outro bichinho com poder de pandemia. E esta do corona vil não chega no pico "nem que bandeira berra"
Duro, triste, desolador...duvido que tenha alguém que ainda não perdeu um parente próximo, algum vizinho ou conhecido.. A dor nos irmana, nos humaniza. Pela primeira vez estamos vendo o ser humano sendo humano. Nos animais a solidariedade está no instinto. Vem da natureza. Não precisam de uma crise desta. Por exemplo, dizem que um elefante jamais é deixado sozinho quando está doente porque ele tem a tendência de cair, se cai, pesado, não levanta, morre. Aí alguns elefantes vêm e o ajudam a se levantar, o levam para um bosque, ou para tomar água, ou para andar um pouco até ele melhorar. Se melhorar, muito bem, vão brincar, caminhar. Se não melhorar acompanham este elefante e se ele morrer, ele morre em pé escorado entre dois amigos. Que lição! Não..

Ufa! Chegarmos a Metade de 2020. A vida já vai alta. Para este humilde corintiano, aliás a vida destrambecou de vez na ribanceira do tempo. Meus cabelos até que continuam os mesmo, pretos, mas a minha barba está branquinha, branquinha. Da série coisa que descobri na quarentona, kkk

O planeta não vai bem, "a vida anda louca, as pessoas andam tristes, meus amigos, são amigos de ninguém", como diz o poeta. O que fazer para não enlouquecer nesse pandemônio? Quem sou eu para dar alguma resposta. Posso dizer o que eu fiz, faço e farei. Invento moda, converso com meus amigos Mário Quintana, Manuel de Barros, Fernando Pessoa, Clarice, Adélia Prado, Drummond, Machado de Assis, Rolando Boldrin, Goiá.. e com eles aprendo leveza para tocar a vida..

Continuo pensando firme aqui comigo. Contudo e apesar de tudo, o mundo é maravilhoso nos detalhes, mas é preciso educar os olhos e os ouvidos para sair vendo e ouvindo por aí. É nas coisas insignificantes, invisíveis do cotidiano que esconde um poema, uma canção, um quadro lindo e até uma grande lição de vida... Já falei que nasci na roça? Então vou falar de novo, nasci na localidade de Barra do Salitre. No fundo do quintal onde residiam meus avós,(a fazenda não era deles, era do Sr Natal Cândido e Dona Alaíde, mas era como se fosse, devem ter vivido por lá quarenta cinquenta anos criou por todos os filho e alguns netos como eu lá nasceu e viveu sua primeira infância) No fundo do quintal, tinha um fila enorme de bambus, (alguns com aquelas tarjas verde e amarela) servindo como cerca. O que eu mais gostava, era ficar horas e horas, quedado, ouvindo o farfalhar das folhas e a harmonia que o vento extraia ao passar. Aquela sonoridade única se confundia com o turturinar das juritis, o trinar dos grilos, o cacarejar das galinhas. Aquela vivacidade sonora até hoje acaricia meus meus ouvidos, meus olhos e até minha alma.

Cresci, quer dizer, fique mais velho, mas não perdi a mania de me atentar para as coisas simples.

Não sei se foi Sigmund Freud ou Sô Raimundo Foda, que disse:"Não permito que nenhuma reflexão filosófica me tire a alegria das coisas simples da vida".
O fato é que minha vida está passando. Fiquei uma pessia vivida mas nao viajada. Eu, que ainda não conheço o Instituto Inhotim, a Biblioteca Nacional do Brasil, o Museu da Língua Portuguesa. Imagina! Ainda não conheço os prados da Toscana, os Campos de tulipa na Holanda, o Túnel do Amor na Ucrânia. Nem comi uma pizza em Veneza.. Tenho que encontrar belezas é aqui e agora, é onde estou. Rubem Alves, disse:

“Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será…”

Isto posto. Falando em inventar moda e coisas que ninguém vê, me deixe revelar aqui uma... fofoquinha. ( na falta de uma palavra melhor) Ontem sai no quintal aqui de casa a tardinha, olhei para o céu e... páh!, um flagrante! O Astro Rei, manhoso, inzoneiro, fazendo hora, ficou mais um pouquinho no horizonte, antes de levar embora o dia. Descobri o motivo, quando olhei para a outra extremidade do firmamento. Lá estava a resposta: Dona Lua. Ou a bichinha chegou mais cedo, ou o senhor sol, se foi mais tarde. Pensei comigo." Aham! seus danadinhos, aí tem coisa, pensam que ninguém está vendo, né? ". Eu que sou uma das pessoa mais espertas que conheço, vi. Peguei- os dois no pulo...
A cena durou alguns minutos, mas para eles deve valer uma eternidade. Pensei em contar pra Deus e todo mundo, que o sol e a lua, estão... ( Aí, me travei) "eles estão ficando?", "tendo um caso?" "um romance? " " um love? "se amam?" Que brega! Repudiei logo minha intensão.
E depois não levo jeito nenhum pra Nelson Rubens. Decidi, apenas postar aqui no feice. Sei que voces guardarão este segredo.
Afinal, um romance milenar, discreto, respeitoso e lirico, rolando no céu, por que não na terra? "Assim na terra como no céu".

Pois é, Julho chegou...Vou continuar obedecendo as determinações das autoridades sanitárias...Pois estou entre os que querem continuar ainda por um bom tempo nesse planeta... No mais vou continuar:

" Andando pelo mundo prestando atenção em cores. Que eu nem sei o nome. Cores de Almodóvar. Cores de Frida Kahlo. Cores". ( Esse Ipê Rosa, está no pátio da Escola José Eduardo Aquino, Morada Nova, meu bairro)
Feliz Julho!