# Milton Magalhães

Cenas da Cidade (02)

7 de Fevereiro de 2019 às 11:57

JUSTIÇA...

A tragédia humana em Brumadinho é gigantesca e incalculável, mas também é muito trágico o tamanho do dano ambiental e para a vida de animais, domésticos ou silvestres na região. A tragédia é enorme, em todos os lados, em todas as pontas. Corta o coração ver tantas imagens apocalíptica. Não era para ter acontecido em Mariana. Infelizmente aconteceu. Que a Justiça de fato seja feita...

 

ACABAR COM A MINERACÃO?

No mundo de hoje, impossível. Quando se fala em Mineração muita gente torce o nariz, ou faz o sinal da cruz. Com a Vale/Mosaic em Patrocínio e a Galvani/Iara na vizinha Serra do Salitre, este tema nos diz respeito. Depois da tragédia/crime em Brumadinho, não falta que defenda o fim da Mineração.  Deve-se saber que é  uma atividade essencial e indispensável para a sociedade moderna, está na base de tudo e não temos a opção de viver sem ela. Senão, mire e veja: A sociedade precisa de minerais e metais para cada vez mais finalidades. Minerais industriais como a mica são componentes essenciais de materiais industriais avançados. A agricultura necessita de fertilizantes à base de minerais. A indústria depende dos metais para seu maquinário e do concreto para as fábricas necessárias à industrialização. Nenhuma aeronave, automóvel, computador ou aparelho elétrico funcionaria sem metais. O fornecimento de energia elétrica depende do cobre e do alumínio. O titânio é fundamental para motores de aeronaves. Um mundo sem o chip de silício hoje é inimaginável. Os metais continuarão a atender às necessidades das gerações futuras através de novas aplicações nos setores de eletrônica, telecomunicações e aeroespacial. O grande  desafio é harmonizar a mineração com respeito ao ser humano e  responsabilidade ambiental. O que precisa acabar é com o “jeitinho brasileiro”, as “gambiarras”. O “deixar como está pra ver como é que fica”

 

TRABALHO DÍGNO

È tocante as imagens dos bombeiros se enchafurdando na lama pra achar os corpos das vítimas da tragédia em Brumadinho.  São  profissionais incríveis. É uma dedicação para com a dignidade do outro que poucas vezes se viu. Lembrando que  estes Bombeiros estão trabalhando sem ter recebido o 13º de 2018 e com salários parcelados.

 

NA MOSCA:

“Uma cidade e feita de três coisas, dos historiadores para falar do passado! Dos políticos para falar do presente! E dos poetas para sonhar com o futuro!!!!” (Marelízio Alves Cortes)

 

ROBERTA NUNES ALVES

Em nossa coluna na  edição anterior, onde se lê: “Roberta Nunes, “Tabeliã do Cartório Civel”; leia-se: “Funcionária do Cartório Civel,  Roberta Nunes Alves”. Roberta é uma das autoras do Livro. “Família Nunes- Sua História e Sua Gente”. Esta semana, deixou o Cartório Civel, depois de 43 anos de dedicação e bom atendimento. Nosso reconhecimento!

 

CENAS DA CIDADE (02)

11:20, na Praça da Nestlé, um homem deitado em um dos bancos parece dormir profundamente. Ele tem do lado um saco de 60 kg, onde certamente, porta seus pertences. Olho pra ele, não tem mais do que 30 anos.Talvez bem menos, considerando que as pessoas " em situação de rua" como se diz, envelhecem precocemente. E não preciso explicar por quê. Uma mulher de short rosa, deixa o carro, passa por ele sem olha -lo, mas volta imediatamente, parece ter desistido daquilo que iria fazer. Pega o carro e dobra a esquina. Não estou dizendo que ela teve medo de alguma coisa. Só me pareceu.

 Uma viatura da Polícia Militar, vem reduzindo a marcha, reduzindo a marcha e para. Descem dois policiais. Um homem e uma mulher, se me permite um parêntese aqui. Ela, por sinal, muito bonita. E muito séria. Aliás, não sei se é desacato, mas lá vai: Noto em Patrocínio, muito Policial Feminina, digamos, com os atributos da elegância. Tem, até uma crônica de Carlos Herculano Lopes, que destaca exatamente a beleza da Polícia Feminina de Minas. O autor cita, um monte de cidades vizinhas, mas não menciona Patrocínio, sendo que aqui, está as mais belas mulheres de fardas do estado... (ixi, se dizer isto dá cadeia, tô ferrado, agora rsrs)..

Voltando á cena da praça, pensei comigo " vão dar um baculejo no rapaz". Me preparei para testemunhar a ocorrência. O Policial, no entanto, me chama de moço e pergunta se o Gol verde ali estacionado é meu, não, não é. Vi dois senhores deixando aquele veículo e indo almoçar num restaurante ali por perto. Mas, não me pergunta, não digo nada. Pensei que eles abordariam o homem que... ainda dorme. Mas, eles nem olham pra ele.. Não viram? Consultam o celular. Ao que parece, recebem uma chamada e se vão..Ela dirige. Acabei não entendendo por que tinham parado ali...

O homem agora se levanta, pega os apetrechos, dá alguns passos e deita em outro banco próximo. Anexo à calçada. Penso. A?ora vai ser notado. O povo passa. Aquele dobe este desce. Ninguém olha. Se olha, não vê. Exceto, um senhor negro, caminhando lentamente, para olha, olha, mas, segue.. Eu também poderia passar fingindo que não tinha lhe visto. Mas, eu tinha visto ele, sim. E me pus no lugar dele. Lembrei de minha Vó:"Não maltrate as pessoas, ninguém sabe o dia de amanhã"..

Queria aborda- lo, não sabia como. Soltei: "Ei caboclo que soneira é esta, sô ?". Vai trocar o dia pela noite". Ele se levanta: "Só tô descansando um pouco". Disse com um sorriso tímido. Noto seu semblante calmo, me parecendo lúcido. Disse que está passando bem e se chama Marcelo. É natural de Patrocínio mesmo. Geralmente são "pessoas de fora" nessa situação. Perguntei mais alguma coisa que não me lembro, deixei com ele alguns quebrados. E como estava em cima da minha hora. Me despedi.

 Ando um pouco, olho pra trás, vejo ele se levantar, me parecendo mais animado.Pelo tilintar noto que naquele saco contém latinhas para reciclagem.. Ele segue para algum lugar. Onde certamente vai continuar invisível. Sem passado, sem presente, sem futuro. O " bicho homem" retratado no poema de Manuel Bandeira. Lembro-me da estrofe de uma canção de Marcelo Camelo, que diz: "TODO SER HUMANO PODE SER UM ANJO" E como não recordar a beleza teórica da Declaração dos Direitos Humanos. (Fora de moda nestes tempos bicudos): “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”... Como estamos longe disto...