Planejamento. É uma palavra debilitada no serviço público. Há necessidade de fortalecê-lo. As eleições acontecerão em menos de um mês. Bom momento para a escolha dos nossos melhores representantes, pois há muito trabalho pela frente. Cada município tem as suas virtudes e defeitos. Geralmente, mais defeitos do que virtudes. Essas, mantê-las. Os defeitos corrigi-los ou pelo menos, atenuá-los. Nossa amada Patrocínio tem alguns defeitos. Com a ajuda inquestionável do IBGE, diversos são apresentados. Ou até reapresentados, porque ainda não foram superados.
SALÁRIO NÃO ESTÁ BOM – Em 2018, considerando o salário médio mensal de 2 (dois) salários mínimos, Patrocínio ficou em 145º lugar em Minas e no 3º lugar na microrregião de Patrocínio (veja composição no final da crônica). Isso significa que no Estado há 144 cidades mineiras onde os trabalhadores formais (com carteira assinada) têm salário médio mensal maior do que Patrocínio. De outro lado, 24,1% da população está ocupada (empregada). Ou seja, hoje, quase 23 mil pessoas com emprego. Esse número é apenas razoável, porque em Minas há 107 cidades em melhor situação e duas cidades melhores na microrregião de Patrocínio. E se observar o “salário nominal mensal per capita” de até ½ salário mínimo, ou seja, meio salário por família, a situação de Patrocínio piora. Só na microrregião tem cinco cidades menores do que Patrocínio em posição melhor.
EDUCAÇÃO BÁSICA NÃO ESTÁ NO PONTO IDEAL – O IDEB – Anos iniciais do Ensino Fundamental, na rede pública, em 2017 (último publicado pelo IBGE), é 6,7. O IDEB é um indicador do governo federal destinado a medir a qualidade do ensino nas escolas públicas. Quanto ao IDEB anos iniciais (IDEB= 6,7), Patrocínio é superado por 185 municípios em Minas. É muita coisa! E por dois municípios nessa microrregião de apenas onze municípios. Quanto ao IDEB – anos finais do Ensino Fundamental (o IDEB: 4,9), a situação piora ainda mais. Patrocínio posiciona-se em 200º lugar em Minas e em 7º na pequena microrregião de Patrocínio. Segundo o IBGE, em 218, houve 11.368 matrículas no fundamental, 3.910 no ensino médio e 1.000 docentes (professores). Além de 40 escolas de ensino fundamental e 17 escolas de ensino médio.
POSITIVO – Recentemente (setembro), o IDEB patrocinense publicado foi de 7,4. Melhorou, bastante. Porém, ainda não foi publicado o ranking, onde entram todos os municípios.
A RIQUEZA PATROCINENSE – É muito concentrada. Em termos de PIB corrente, Patrocínio é o 35º lugar em Minas. O que é bom. São R$ 2,7 bilhões de produtos e serviços produzidos no Município (PIB), em 2017. Mas quando pega esse PIB e divide pela população, que é o PIB per capita, Patrocínio é superada até por Serra do Salitre. Passa a ocupar o 105º lugar. Ou seja, há 104 municípios mineiros com melhor PIB per capita.
ATIVIDADE ECONÔMICA: BONS E MAUS DESEMPENHOS – A agropecuária é um show. É o lugar 6º lugar no Estado. Patrocínio perde para Uberaba, Unaí, Paracatu, Uberlândia e, surpreendentemente para Sacramento (será a indústria láctea?). A atividade industrial patrocinense é sofrível: 63º lugar em Minas. A atividade gerada por Serviços é boa: 30º lugar. Já a atividade derivada por Administração, Defesa, Educação e Saúde públicas é considerada normal/regular para o tamanho do Município: 38º lugar.
UM INDICADOR DE SAÚDE NÃO É SATISFATÓRIO – A avaliação da área da saúde é feita por diversos componentes. Um dos mais utilizados, inclusive pelo Governo Estadual, é a “Mortalidade Infantil”. O último índice registrado pelo IGBE para Patrocínio (2017) é 11,6 óbitos. Isso significa que para cada 1.000 crianças nascidas vivas, 11 morrem. Situação regular em Minas. Pois, há 406 cidades com taxa maiores, entretanto, tem mais de 400 com taxas menores. E entre os onze municípios da microrregião, Patrocínio está atrás de três cidades, que têm menores taxas de mortalidade infantil.
NASCIMENTOS E ÓBITOS DE CRIANÇAS – Em 2017, nasceram vivos 1.286 crianças. Isso posicionou Patrocínio em 34º lugar. Nesse mesmo período, 15 crianças com idade menor que 1 ano vieram o óbito.
INDICADORES URBANOS – A última informação registrada pelo IBGE (2010) mostra que haveria necessidade de melhoria em duas variáveis/componentes urbanos. Acredita-se que tenha havido a referida melhoria. Naquele distante ano, o “esgotamento sanitário adequado” dos domicílios chegava a 87,4%. Isso colocava Patrocínio atrás de 110 cidades de Minas. Já quanto à “urbanização adequada” o índice era de apenas 36,6%. “Urbanização adequada" significa presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio fio. Nesse quesito, há dez anos, Patrocínio via 261 cidades do Estado mais arrumadinhas, à sua frente.
ÁRVORE FAZ FALTA? – Em Patrocínio, parece que não. Nem o imenso calor dos últimos dias motivou campanhas em prol do verde. Em defesa das árvores. Em 2010, o IBGE documentou que a cidade tinha 79% de arborização em vias públicas. Esse percentual a colocou atrás de 225 cidades mineiras e de quatro cidades vizinhas (microrregião). Portanto, em questão de arborização, índice fraco. O IBGE apontava, então, que seria melhor mais árvores no perímetro urbano.
CONCLUSÃO VERDE OU FALTA DELE – Hoje, 2020, com a população maior em quase 15% e a estrutura urbana também, e como não se viu plantio de árvore em série nos últimos dez anos, conclui-se, facilmente, que o índice de 79% do IBGE pode ser menor, na atualidade. Bem menor. O novo censo revelará isso. Haja calor!
COMO É A MICRORREGIÃO – No Alto Paranaíba, há três microrregiões: Araxá (dez municípios), Patos de Minas (dez municípios) e Patrocínio (onze municípios). Os que pertencem à microrregião de Patrocínio são Abadia dos Dourados, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Douradoquara, Estrela do Sul, Grupiara, Iraí de Minas, Monte Carmelo, Patrocínio, Romaria e Serra do Salitre.
POR FIM – Qualquer planejamento em qualquer esfera pública (União, Estados ou municípios) começa pelas informações estatísticas oficiais. Em termos absolutos e em termos relativos (comparando com outros estados e municípios). Por isso, o IBGE é a melhor fonte para uma exitosa ação governamental. Seja Federal. Seja Estadual. Seja municipal.
([email protected]) Publicado também na Gazeta, edição de 16/10/2020.