# Milton Magalhães

Desrealizaram meu sonho...

6 de Maio de 2018 às 16:09

Confesso que, até então, tinha receio de visitar a Casa da Cultura (Museu Profº Hugo) no fundo, no fundo, pressentia uma cruciante realidade. Era questão de ir ao local  e constatar. Na verdade passava sempre por lá, mas, fora do expediente,  estava hermeticamente fechado. De longe não dava pra ver. Até que nesta segunda- feria 30/04/18, criei coragem e fui ver:

Eles, após a  revitalização geral que procederam naquele belo prédio do período imperial, CORTARAM O MEU PÉ DE UMBU, que plantei com tanto carinho ali no jardim da Casa da Cultura. Tiveram o cuidado de deixar outras  árvores no mesmo canteiro. NÃO POUPARAM O MEU PÉ DE UMBU.

Se fiquei chateado? Que pergunta! São valores afetivos. Coisinha tosca para uns; tesouros sem preço para outros.  Quem sempre lê nossa coluna/Blog, deve  se lembrar das tantas vezes que me dirigi ao Nadim Barrijo, todo agradecido. Foi bem assim:

 

“PLANTEI UMA ÁRVORE NO JARDIM DA CASA DA CULTURA”

Há doze anos, exato  em  05/ 12/ 2006. O  Ex- Secretário Municipal de Cultura, Nadim Barrijo Sahium,  soube através de uma crônica do antigo sonho que nutria  de plantar uma árvore naquele espaço. Solícito, sensível e humano como poucos, não mediu esforços para que meu sonho  fosse realizado. Logo entrou em contato comigo dizendo que a idéia estava aprovada, era só marcarmos a data. Foi quando pintou uma dúvida: Qual árvore plantaria? Pensei em Ipê, Cedro, Pau Brasil.  Procurei orientações com o  Zequinha Borges, que trabalhava no horto. Muito mais do que consultoria, já me providenciou uma muda de Calistemo. Enquanto isto, Nadim, me informava que por sua vez já  havia escolhido a árvore ideal. Tinha certeza de que gostaria. Acertou.  Gostei muito. Acabei levando o Calistemo pra casa. E plantei-o em meu quintal.

 

TRATAVA-SE DE UM PÉ DE UMBU.

Confesso que conhecia muito pouco da  árvore que o Nadim me arrumou. Umbu.Fui conhecer e me apaixonei.  Fruto do umbuzeiro árvore das Anacardiáceas, nativa da Caatinga, encontrada desde o vale do São Francisco ao Rio de Janeiro. Seus frutos , drupas suculentas , tem uma polpa suculenta, doce, consumida ao natural ou na forma de sorvete, sucos,  licores, doces, geléia. Símbolo de resistência. Quando adulta, vive em média 100 anos e pode armazenar até dois mil litros de água em suas raízes. Foram usadas como estratégia de resistência na Guerra de Canudos (1896/97). Seu nome em tupi-guarani é "y-mb-u", que significava "árvore que dá de beber""ÁRVORE SAGRADA DO SERTÃO"

 

O escritor Euclídes da Cunha, dizia ser “a árvore sagrada do sertão”. Devido a falta de consciência- sempre ela, a falta de consciência - esta espécie de árvore corre risco de  extinção. Pois é. Dentre as tantas árvores que plantei, certamente, esta marcou. Nadim, fez daquele instante  singelo, um evento. Fez-se presente Profª Régia e Helena, parceiras na gestão cultural da época; Convidou o colaborador, Lúcio para nos auxiliar, minha esposa Solange e  o pessoal do Stúdio  DNA Photo e Vídeo, para registrar o momento. 

 Havia realizado UM DOS MAIORES SONHOS DE MINHA VIDA!..

 Mas, como disse: A mão inadvertida - por que não dizer-  cruel, foi lá e DESREALIZOU ESTE  MEU  SONHO...