Confesso que, até então, tinha receio de visitar a Casa da Cultura (Museu Profº Hugo) no fundo, no fundo, pressentia uma cruciante realidade. Era questão de ir ao local e constatar. Na verdade passava sempre por lá, mas, fora do expediente, estava hermeticamente fechado. De longe não dava pra ver. Até que nesta segunda- feria 30/04/18, criei coragem e fui ver:
Eles, após a revitalização geral que procederam naquele belo prédio do período imperial, CORTARAM O MEU PÉ DE UMBU, que plantei com tanto carinho ali no jardim da Casa da Cultura. Tiveram o cuidado de deixar outras árvores no mesmo canteiro. Só NÃO POUPARAM O MEU PÉ DE UMBU.
Se fiquei chateado? Que pergunta! São valores afetivos. Coisinha tosca para uns; tesouros sem preço para outros. Quem sempre lê nossa coluna/Blog, deve se lembrar das tantas vezes que me dirigi ao Nadim Barrijo, todo agradecido. Foi bem assim:
“PLANTEI UMA ÁRVORE NO JARDIM DA CASA DA CULTURA”
Há doze anos, exato em 05/ 12/ 2006. O Ex- Secretário Municipal de Cultura, Nadim Barrijo Sahium, soube através de uma crônica do antigo sonho que nutria de plantar uma árvore naquele espaço. Solícito, sensível e humano como poucos, não mediu esforços para que meu sonho fosse realizado. Logo entrou em contato comigo dizendo que a idéia estava aprovada, era só marcarmos a data. Foi quando pintou uma dúvida: Qual árvore plantaria? Pensei em Ipê, Cedro, Pau Brasil. Procurei orientações com o Zequinha Borges, que trabalhava no horto. Muito mais do que consultoria, já me providenciou uma muda de Calistemo. Enquanto isto, Nadim, me informava que por sua vez já havia escolhido a árvore ideal. Tinha certeza de que gostaria. Acertou. Gostei muito. Acabei levando o Calistemo pra casa. E plantei-o em meu quintal.
TRATAVA-SE DE UM PÉ DE UMBU.
Confesso que conhecia muito pouco da árvore que o Nadim me arrumou. Umbu.Fui conhecer e me apaixonei. Fruto do umbuzeiro árvore das Anacardiáceas, nativa da Caatinga, encontrada desde o vale do São Francisco ao Rio de Janeiro. Seus frutos , drupas suculentas , tem uma polpa suculenta, doce, consumida ao natural ou na forma de sorvete, sucos, licores, doces, geléia. Símbolo de resistência. Quando adulta, vive em média 100 anos e pode armazenar até dois mil litros de água em suas raízes. Foram usadas como estratégia de resistência na Guerra de Canudos (1896/97). Seu nome em tupi-guarani é "y-mb-u", que significava "árvore que dá de beber""ÁRVORE SAGRADA DO SERTÃO"
O escritor Euclídes da Cunha, dizia ser “a árvore sagrada do sertão”. Devido a falta de consciência- sempre ela, a falta de consciência - esta espécie de árvore corre risco de extinção. Pois é. Dentre as tantas árvores que plantei, certamente, esta marcou. Nadim, fez daquele instante singelo, um evento. Fez-se presente Profª Régia e Helena, parceiras na gestão cultural da época; Convidou o colaborador, Lúcio para nos auxiliar, minha esposa Solange e o pessoal do Stúdio DNA Photo e Vídeo, para registrar o momento.
Havia realizado UM DOS MAIORES SONHOS DE MINHA VIDA!..
Mas, como disse: A mão inadvertida - por que não dizer- cruel, foi lá e DESREALIZOU ESTE MEU SONHO...