DEUS É CUSTOSO…
Muito custoso, ( desculpe, mas aqui não contém heresia) arteiro, gracioso, alegre, pelo menos comigo…
Ele não pode me ver contrariado, meio sorumbático, macambúzio, quase triste,
acha logo um jeito de melhorar o meu astral. Sabe que não precisa muito pra isto. É uma coisinha aqui, outra acolá. Ele sabe me jogar pra cima. Do nada a rádio toca a música que eu gosto. Um passarinho chama pelo meu nome no quintal. Uma senhora varrendo a calçada para e sorri pra eu passar. O vento tira uma folha seca para dançar perto do meu pé…Clarisse Lispector, achou Deus de uma delicadeza. Também acho, sempre.
Hoje, bem ali no balão do Unicerp, passo por uma mulher, logo que a cumprimento, ela dá alguns passos, vira sorrindo e me diz: “ Você é um grande escritor”
Por favor, né gente! Ninguém precisa me dizer que não sou. Não. Não precisa. Sei bem quem são os grandes escritores/cronistas: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Carlos Heitor Cony, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Luiz Fernando Veríssimo, Heloísa Seixas, Ruy Castro, Carpinejar, Carlos Herculano Lopes, Adriana Falcão, Zuenir Ventura, Jussara de Queiroz… Grande são eles…
Mas era só para me deixar bem. “ Você é um grande escritor” E funcionou. Recebi como que um pó mágico. Sai dali vendo coraçãozinho em todo lugar.
Olhei para o alto dei uma picadinha e disse: “Deixa de ser custoso, Sô!”