Bem dito seja Deus, por você que compõe músicas, escreve crônicas, recita poemas, pinta quadros, esculpe formas, atua em peças, inventa receitas, cadencia passos. Voce com a sua expressão artística faz com que nossas vidas neste planeta seja mais leve, mais suportável, e, até encantadora. Imagina o mundo sem a beleza e a grandeza da arte. ( Mesmo sendo tão degenerada como se vê hoje nessa feira fake)
O imortal Ferreira Gullar em sua frase medular, lapidar, porreta, disse: “ A ARTE EXISTE PORQUE A VIDA NÃO BASTA” Quem quiser discutir com o Mestre, fique a vontade. De minha parte, toda reverência á frase e seu autor.
Um outro autor, esse, um filósofo, por nome, Nietzsche, caboclo arretado da terra daqueles que recentemente jogaram o time Barce-lona na... lona. Eis uma frase dele que dá também de 8 a 2 em qualquer um que duvida do poder da Arte: “PRECISAMOS DA ARTE PARA NÃO MORRER DE REALIDADE”. Se não for pedir muito, releia, de novo, novamente e outra vez a frase.
Citando frases em defesa da arte como expressão de vida, como deixar essa fora, por consciência, de outro camarada também lá da terra do Fusca, chamado Goethe. Esse matou a pau, senão vejamos: “ TODOS OS DIAS DEVERÍAMOS OUVIR UM POUCO DE MÚSICA, LER UMA BOA POESIA , VER UM BOM QUADRO E, SE POSSÍVEL, DIZER ALGUMAS PALAVRAS SENSATAS” Essa frase foi dita há mais de duzentos anos, mas seu frescor de atualidade me encanta. A arte, realmente faz bem, previne e cura, eu você e o mundo do caos e da loucura.
Atualmente, quem tem feito esse nosso jugo ficar mais suportável nestes tempos de “velho coronavil,”? Eles, os artistas com as suas live/shows. A crise sanitária pegou todo terráqueo de jeito, mas, pelo menos no Brasil, a arte, como lhe é próprio, se reinventou, se fez humana, trazendo entretenimento e responsabilidade social de um jeito novo. Estilos das lives? Todos. Está lá no You Tudo. O que não gosto, você ama, pois a arte é pluricultural, sobretudo, inclusiva. Quem não conhece velho adágio: "QUEM AMA O FEIO, BONITO LHE PARECE”. Só não é de bom alvitre, você meter uma sonzeira de 100 decibéis no carro, ou na sua casa e obrigar a cidade inteira a ouvir seu gosto musical. Alguém já ouviu, Chico, Edu Lobo, Francis Himes, Tom Jobim ou João Gilberto em altíssimo volume por ai? Se ouvir pode enquadrar eu e alguns amigos na lei do silêncio.
Falando em pluralidade artística e infração, se me permitem, gostaria de trazer um caso real de alguém, que talvez tenha potencial artístico, mas até então faz mal uso dele. Pelo menos nessa oportunidade.
Questão de semanas, um crime foi noticiado logo de manhã na cidade. Um jovem de 23 anos, pichou, na clandestinidade, uma mureta no entorno do Cristo Redentor em Patrocínio. A cidade se revoltou, com toda razão. Foi um capricho, pois o atrativo turístico foi recentemente revitalizado. A polícia, no entanto, agiu rápido e o autor do crime foi identificado e preso. (Acho que foi logo solto, estamos no Brasil, “onde a polícia prende, a lei, solta” )
Ora. Pichar imóveis do patrimônio histórico, religioso, monumentos, bancos de praças, viadutos, bens públicos em geral e particulares sem autorização, NÃO É ARTE. É CRIME.
A Câmara Municipal de Patrocínio, precisa entrar em cena, aproveitar, o ilícito ocorrido para criar um Projeto de Lei que distingue, disciplina, orienta, esclarece e incentiva a Arte da Grafitagem como intervenção artística legal no município.
Pichação é crime. Agora, Grafitagem é arte. Pichação é poluição visual. Grafitagem é fina obra artística.
E que a pichação, continue sendo crime no município , conforme previsto na lei federal 9.605, de 1998.
Isto posto e bem dito, voltemos ao fato/crime ocorrido nas mediações do Cristo Redentor.
Esse moço, hoje, vulgo pichador, vandalista ou criminoso, poderá ser um gênio da arte amanhã? Pode, sim. Para tanto, basta alguém enxergar nele esse dom. Fazer mais. Descortinar pra ele Novas perspectivas, novos horizontes, novos caminhos. Promover a sua dignidade. Orientar, canalizar toda a incivilidade e rebeldia para a senda da cidadania. Quem sabe ofertar-lhe um curso de artes visuais, pintura mural, desenhos, tatuagem e oficinas afins. Legalidade sem perder nada de sua essência urbana e identidade comunitária. Fará a sua arte á luz do dia e vamos nos orgulhar dele.
Ainda sobre esse, digamos -futuro grafiteiro, que ainda vai levar o nome de Patrocínio pelo mundo afora – veja o que esse sujeito escreveu em grandes letras lá na mureta do Cristo Redentor: “DEUS É TODO MUNDO SORRINDO AO MESMO TEMPO” . Se não for pedir muito, releia, de novo e novamente o termo pichado.
No alto da minha ignorância e burrice, (sobre as quais peço perdão). Estou enganando, ou eis uma frase poeticamente bíblica, ou, biblicamente poética? Convenhamos. Esse moço não foi um pichador underground como de praxe. Não fez apologia ás drogas, não espinafrou o sistema, não pedia a morte de ninguém. Se leio corretamente a frase, definiu a onipresença e manifestação divina através da alegria e do bem estar coletivo e simultâneo.
E aqui, vai mais uma besteira, sem tamanho. Pichação essa que se não fosse, algo ligado a um crime – como de fato é- sugeria aqui, que, desse uma melhoradinha estética nela e a deixassem fixada lá no escopo da serra ao lado do Cristo. Seria um grafit/arte, dentro da legalidade, para ser usada naquele espaço sagrado como fonte de reflexão e espiritualidade. Uma frase para ser orada com o coração. Isto por que, do dorso dessa serra, se avista a vasta cidade de Patrocínio. Sabe-se que por lá passam turistas de todas a confissões religiosas ou de nenhuma delas. Mas, ali é terreno santo, as pessoas desarmam seus espíritos. A frase do rapper, usada pelo pichador, faria com que todos contemplassem toda a nossa cidade e desejassem a benção do “sorriso ao mesmo tempo” a todos nós. Ou seja, nossa Felizcidade.
A referida frase tem pedigree artístico. É do ícone do Rap nacional, Fábio Luiz – Parteum, Irmão mais novo do lendário Rapper Happin' Hood. O seja, quem escreveu, fazendo mal uso do dom, manja bem da coisa.
Na torcida para que esse rapazinho pichador, entenda que a NOSSA PRÓPRIA VIDA É UMA OBRA DE ARTE e Vandalismo não pode dela fazer parte.
Afinal, embora em momento agudo, somos todos artistas. Era sobre vivência, agora é sobrevivência... “DEUS É TODO MUNDO SORRINDO..."