Tempo. Não há freio que o pare. A vida passa... Os grandes momentos permanecem para sempre. O último mês do calendário, em diversas épocas, registra o que foi, como era, a nossa Patrocínio de outrora. A passagem da folclórica Dona Beja, a inacreditável prática do catolicismo no então Ginásio Dom Lustosa, um domingo nos dois cinemas da cidade, o comércio local em 1965, o mais famoso padeiro da história rangeliana e o retrato do Município em 1955, dentre outras ocorrências, entram na passarela do pensamento.
1837: BEJA – A bela e sensual Ana Jacinta de São José, com sua filha Joana, passa por Patrocínio rumo à Bagagem (depois Estrela do Sul). Nessa ocasião, Bagagem fazia parte do município de Araxá do qual Patrocínio também pertencia. Ela deixou Araxá, logo depois de seu julgamento em 4 de dezembro, quando foi inocentada da acusação de ser a mandante do assassinato de seu amante Antônio Sampaio. Ana é a folclórica Dona Beja.
1892: POLIDORO – Em 13 de dezembro, nascia em Patrocínio, Polidoro Alves de Souza, que ao longo de sua vida, se tornara uma das pessoas mais conhecidas da cidade. Vicentino dedicado, teve oito filhos e criou outros tantos. Foi boiadeiro, açougueiro e, finalmente, comerciante. Sempre muito alegre, caridoso e solidário, nos anos 40 e 50, comercializava leite de vaca para a região da Rua Cassimiro Santos (antes, Rua São Miguel) e fundava a Padaria N. S. Auxiliadora, na Rua Marechal Floriano, próximo ao então futuro Mercado Municipal, localizado em terreno que era seu. Nessa época, os pães eram entregues pelos padeiros nas casas em três carroças de alumínio (tipo latão) fechadas, puxadas por um cavalo. Muitas vezes, ao amanhecer, o pão era deixado nas janelas ou alpendres das residências. Polidoro, dono da mais importante padaria de Patrocínio, um coração bom, como diziam seus conterrâneos, faleceu em 1964.
DÉCADA DE 50: RIGOR – Nos anos dourados, o Ginásio Dom Lustosa exigia de seus alunos um inabalável compromisso religioso. Na primeira sexta-feira do mês, orações e comunhão no pátio da escola, próximo à imagem de Cristo. Nos domingos e dias santos, presença obrigatória na Santa Missa. Para tanto, a caderneta escolar do aluno, onde registravam-se o presente/ausente nas aulas e as notas escolares, era recolhida antes do início da missa, na porta da igreja, carimbada com a palavra “missa” na sacristia, e devolvida, após o término da celebração. Se faltasse, o aluno deveria apresentar atestado médico. Ou senão, perdia pontos nas matérias.
1955: UM PERFIL DE PATROCÍNIO – A cidade tem nove médicos, um hotel (Santa Luzia), sete pensões, duas tipografias, um cinema (Cine Rosário), uma emissora de rádio (Difusora), um jornal (Gazeta), e um hospital com 41 leitos. São 8.177 eleitores, mas apenas 4.572 votaram. São 11 vereadores que nada recebem para compor o Legislativo Municipal. Há três escolas de ensino médio: Ginásio Dom Lustosa, Escola Normal e Colégio Professor Olímpio dos Santos com o curso técnico comercial (à noite, no Grupo Escolar Honorato Borges). O prefeito é Mário Alves do Nascimento. Mas, o grande executivo municipal é o vice-prefeito Amir Amaral, em seu terceiro mandato, por força do acordo entre o PSD e a UND.
1965: O COMÉRCIO – Em dezembro, circulava mais uma edição anual da “Revista do Natal”. Seu tamanho gráfico correspondia à metade do que foi a Revista Presença nos anos 80 (tamanho da Veja) e tinha 32 páginas comerciais. O diretor era Leonardo Caldeira. Marcando uma época, os principais anunciantes foram: Armazém São Lucas, Armazém Cortes, Armazém Irmãos Constantino, Bar Itapoã, Ponto Lotérico do Tatá, Patrocínio Hotel (de Almério de Brito), Oficina do João Cornélio, Autocar – Concessionário Willys, Casa das Louças, Automig-Ford, Expresso União, A Imperatriz Calçados, A Principal (calçados), Papelaria Cacique, Lux Hotel (Rua Coronel João Cândido), Casas Pernambucanas, A Brasileira – Materiais de Construção e Ribeiro S/A.
1970: CINEMA – O filme: “Adorável Canallha”. O astro: Jean-Paul Belmondo. A empresa: Metro Goldwyn (em eastmancolor). A frase: “Um papel sob medida para o irresistível feioso (Belmondo)”. Exibição: Cine Patrocínio, dia 18 de dezembro, e no Cine Rosário, dia 22 de dezembro.
AINDA 1970: COTIDIANO – Dia 11, acontece a festa dos formandos da Escola Dom Lustosa. E dia 17, do Colégio Professor Olímpio dos Santos. As duas ocorrem no Cine Patrocínio. E a sapataria do Pixe (Pixe era um dos líderes da União Operária e do Operário E. C.), localizada na Rua Governador Valadares, 883 (próxima à Praça Honorato Borges) anuncia na véspera do Natal: “Que Cristo Salvador renasça em cada lar, levando prosperidade no ano de 1971.”
E MAIS 1970: FORMATURAS – Na cidade acontecem muitas festas de formatura. A Gazeta de Patrocínio, de 6 de dezembro, divulga nomes e dados de diversos formandos patrocinenses. Entre os quais, dia 11, Eduardo Machado Arantes, em Odontologia pela UFMG. Dia 12, Flávio de Oliveira (filho de Silau, empresário de bicicletas), em Engenharia e CPOR (Exército-BH). Dia 14, Tânia Rezende (irmã do acadêmico Júlio César Rezende) em Letras. Dia 15, Eustáquio Amaral, em Economia pela UFMG. Este tornou-se o terceiro patrocinense formado por essa faculdade da UFMG até então. E o primeiro da classe média da cidade.
1993: LOTECA – O Clube Atlético Patrocinense, o glorioso CAP, participa do concurso 127 da Loteria Esportiva. Deu coluna do meio: Uberaba 1, Patrocinense 1, jogo na capital do Zebu. Data: 13 de dezembro. Antes, no ano de 1992, CAP tinha cravado coluna do meio também, no jogão Cruzeiro 1, CAP 1 no Júlio Aguiar (Concurso 060).
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 6/1/2018.