# Eustáquio Amaral

DOCE ILUSÃO: QUANDO A “PRIORIDADE” NÃO É PRIORIDADE

22 de Maio de 2022 às 16:05

                                      

 

 

Censo. A partir de 1º de agosto de 2022 começará o recenseamento. Ou seja, a pesquisa domiciliar (coleta de dados) será implementada em todo o País, por 210 mil pessoas contratadas. O Censo Demográfico 2022 não ocorreu em época normal (2020), devido à pandemia. Há expectativa geral pelos resultados. Inclusive Patrocínio, que espera ter mais de 100 mil habitantes. Isso é bom ou não? Comparado com as atuais informações disponíveis, sobretudo do último Censo (2010), é bom verificar, onde o Município poderia apresentar melhoria nos indicadores. É um bate-bola interessante.

 

EM TAMANHO DE MUNICÍPIO, PATROCÍNIO SE DESTACA – Segundo o IBGE, o município patrocinense tem 2.874 km² de área. De terra, de chão mesmo. Com isso, apenas 31 municípios são maiores em Minas. Os líderes territorialmente são João Pinheiro, Paracatu, Unaí, Buritizeiro e Arinos. Já Uberaba, Uberlândia, Coromandel e Patos de Minas são um pouquinho maiores do que Patrocínio. No próximo Censo, isso não mudará. Mas a população mudará. E será maior.

 

AUMENTO POPULACIONAL É POLÊMICO – A rigor, população maior não é progresso. Não é desenvolvimento. Nunca foi. No último censo (2010), Patrocínio posicionou-se em 39º lugar no Estado, quanto à população. Como em área é o 32º lugar, é aceitável ter aumento moderável de sua população. Em outras palavras, a densidade demográfica patrocinense é de 28,7 habitantes por km² (2010). Daí, poderá ser superior um pouco agora no Censo. Isso é apenas uma visão de quem pensa em aumento da população.

 

PIB: É ISSO QUE PRECISA SER AUMENTADO – O PIB é o resultado de tudo o que é produzido em bens e serviços no Município (nesse caso). O PIB per capita é o valor total de PIB dividido pela população existente. Em 2017, o PIB “per capita” foi de R$ 31.002,00. Poderia dizer que cada patrocinense, em média, produziu R$ 31 mil em 2017. Ou seja, cada habitante produziu pouco mais de R$ 2.500,00 por mês. Isso é pouco. Pouco para o tamanho de Patrocínio. Tanto é que, em termos de PIB per capita (PIB por cabeça), Patrocínio está em 125º lugar em Minas. E no 3º lugar na microrregião. Por essas bandas, Perdizes, Coromandel, Patos de Minas e Serra do Salitre dão um show em Patrocínio. Por exemplo, cada habitante de Serra do Salitre produziu em 2017 quase R$ 50.000,00. Acredite!

 

SEM MEDO DE ERRAR! – Patrocínio necessita é prioritariamente aumentar a produção de bens e serviços. Principalmente, produção industrial. População, por ora, não interessa. Essa “turma” que defende o aumento da população, sem conhecimento, quer é reduzir o já baixo PIB “per capita” de Patrocínio.

 

SALÁRIO É BAIXO – Em 2019, havia 22.484 pessoas empregadas, com salário médio mensal de R$ 2.090,00. Isso simplesmente colocou 126 municípios mineiros à frente que pagam melhor do que Patrocínio. Em média, Serra do Salitre e Patos de Minas têm salários mais altos do que a Capital do Café.

 

ISSO PRECISA TAMBÉM MELHORAR – Apenas aumento da população não altera o cotidiano positivamente. Ah! E nunca esquecer que apenas 25% da população patrocinense está trabalhando, na palavra do IBGE.

 

O QUE PRECISA AINDA MELHORAR – O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, o famoso IDHM carece de melhoria. Como diz o Bruno Henrique, o IDHM encontra-se no mesmo patamar do PIB “per capita” e do salário. Há mais de 120 cidades mineiras à frente. Arborização de vias públicas é outra face negativa. O IBGE, em 2010, apontou que 225 cidades de Minas têm maior índice de arborização. Ou seja, tem mais árvores, mais verde, do que Patrocínio.

 

ENFIM... – Que venha o novo Censo. Que essa paranoia de população maior não seja dominante. Que Patrocínio supere os seus verdadeiros “pontos fracos”. Para tanto, é importante conhecer um “pouquinho só” o Censo de 2010 (o último), e, comparar. Comparar com o Censo 2022 ideal para Patrocínio. O que é debilitado no Município não pode jamais ser desprezado. E sim prezar, buscar, ações que fortaleçam essa debilidade. Aumento de população não é o melhor caminho.

 

 

([email protected]) *** Primeira Coluna também publicada na  Gazeta de Patrocínio, edição de 21/05/2022.