Turismo. Nos anos idos, foi denominado, pelo patrocinenses, de “a indústria sem chaminé”. Nesse contexto, Patrocínio já foi classificada oficialmente também como “estância hidromineral” (o prefeito era nomeado pelo governador). Ou seja, cidade balneária, dedicada às águas minerais e ao descanso. Cidade conhecida por carinhosos cognomes (apelidos), tais como Coração de Minas, Terra Mel-Rangeliana, Maravilhosa, Santa Terrinha, Capital Intelectual e algumas outras referências, que prenunciavam Patrocínio se tornar cidade turística. Veio a Revolução Verde (o poderoso agro, sob a incrível liderança do café e leite), passaram ávidos políticos, e nada aconteceu, em termos de lazer, ou de atração turística. Isso é até compreensível. O que não se compreende é a apatia patrocinense, instalada diante de um fabuloso patrimônio, oferecido pela mãe natureza. Números oficiais ratificam essa incontestável afirmação.
ENTRE AS CIDADES SEMELHANTES, PTC NA RABEIRA... – O valor adicionado gerado pelo Turismo (indicador fiscal), durante cinco anos sucessivos, demonstra o desempenho do Município e de algumas cidades de tamanho médio, no Triângulo/Noroeste, quanto ao turismo. Patrocínio teve valor adicionado pelo Turismo de R$ 27 milhões (2011), R$ 31 milhões (2012), R$ 33 milhões (2013), R$ 38 milhões (2014) e R$ 43 milhões (2015). Isso segundo a Fundação João Pinheiro. São os últimos dados disponíveis. Araguari foi superior, saindo de R$ 33 milhões (2011) e chegando a R$ 51 milhões (2015). Monte Carmelo ganhou de Patrocínio em quatro anos. No quinto ano (2015), os carmelitanos foram superados pelos patrocinenses. Patos de Minas também supera Patrocínio, com mais do dobro de reais gerados pelo Turismo. Pra se ter ideia, apenas em 2015, o valor adicionado pelo Turismo patense foi de R$ 108 milhões. Paracatu ganha de Patrocínio e Unaí empata. Ituiutaba é maior o seu valor adicionado pelo Turismo. E Uberlândia é apenas vinte vezes maior do que PTC. Em 2015, a capital do Triângulo gerou quase R$ 800 milhões. Araxá e Uberaba fazem parte desse show de bola. Todos esses municípios à frente de Patrocínio no Turismo.
SERÁ QUE O TURISMO AJUDA O ICMS PATROCINENSE? – Nada. Ajuda igual a zero. Pelo menos na composição do Índice Geral que permite a Prefeitura de Patrocínio receber a sua cota do Estado. Se não fossem o satisfatório VAF, o Programa Saúde da Família e o tamanho geográfico e populacional do Município, o dinheiro, que entra nos cofres da Prefeitura devido ao ICMS, seria muito pouco.
O TURISMO AUMENTARIA O ISSQN – O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é um imposto do Município, como é o IPTU. Naturalmente, se houvesse turismo, haveria mais prestação de serviços (restaurante, hotel, comércio e outros), em consequência teria mais arrecadação para a Prefeitura, via ISSQN.
ENTÃO, FAZER O QUÊ? – A melhor fórmula disponível é o empreendedorismo, voltado para o turismo. O Sebrae poderá colaborar. Pois, Patrocínio tem competência, tem capital turístico. Mesmo com a tragédia (incêndio) ocorrida nas matas do Hotel Serra Negra, há dois anos, esse local é um paraíso perdido. E inexplorado.
É SONHO, PORÉM TEM QUE SE REPETIR – Além de Serra Negra, com a lagoa vulcânica, há oportunidade para existir o turismo verde (fazendas de café). Como é feito em vinícolas e fazendas de outros lugares, inclusive em países vizinhos. Patrocínio tem rica história adormecida. Padre Eustáquio, Índio Afonso, Coronel Rabelo, Rangel, Rei Ambrósio, JK e seus capítulos patrocinenses, enfim, com a tipicidade de personagens como esses, poderiam ser criados marcos e narrativas atraentes sobre isso.
QUEM SABE? – Em algum dia do futuro, Patrocínio poderia ser intitulada cidade turística. Com muitas árvores, trem turístico (Patrocínio-Monte Carmelo), produtos locais, geração de empregos, mais arrecadação, exposição de seu folclore, retorno do Museu dos Transportes, criação do Museu Regional, e, outras quimeras. De sonhos nascem desejos. De desejos nascem projetos. De projetos nasce a realidade. Sigamos... com fé e esperança.
([email protected]) *** Primeira Coluna também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 03/09/2022.