Junho. Último mês da primeira metade de 2024. Uma boa maneira de referenciá-lo é apresentar algo de celebridades patrocinenses, que têm a ver com esse mês, consagrado à deusa Juno, mulher do deus Júpiter, no calendário gregoriano. Tais como nascimentos, falecimentos ou acontecimentos, envolvendo grandes personagens de Patrocínio.
AO MESTRE, COM CARINHO – Dia 18 de junho de 1981, faleceu metafórico professor para mais de dez gerações de estudantes. Nascido em Paracatu, estudou em Uberaba, dedicou-se ao magistério em Patrocínio. Isso desde 1929, quando foi um dos primeiros e raros professores do Ginásio Dom Lustosa, não holandeses. Solteiro, alegre, instruído e artista em diversas artes. Assim, era e foi Franklin Botelho. Professor de francês à época (língua obrigatória no ensino), Geografia e Canto Orfeônico (canto coletivo amador, homenagem ao deus Orfeu, que suavizava as feras com a sua música). Mas no Dom Lustosa, entre o meio estudantil, era aula de música, mesmo! Assim, Franklin foi músico e compositor, que encantou. Exímio violinista (violino), amante de Paganini, violinista italiano, em torno de 1800. Autor de diversas músicas como Manhãs de Minha Terra, Sabiá, Campina Verde e a mais linda música patrocinense, Serenata (valsa). Autor da música emblemática Hino a Patrocínio, com letra do poeta Augusto de Carvalho.
FANTÁSTICO: FRANKLIN EM VÁRIAS DIMENSÕES – Quanto às artes cênicas, era teatrólogo. Destaque para a peça A Incrível Genoveva (humor), São Francisco de Assis, Os Caipiras São Assim, e, Só no Bodoque (humor). Além de anedotista, foi radioamador, com o seu equipamento, em ondas curtas, denominado PYK-8, Esqueleto Quente. Como não havia telefone interurbano (apenas caros telegramas), Franklin colaborou demais com a comunidade patrocinense em interagir com outras cidades e até o mundo, dos anos 30 aos anos 70 (tudo graciosamente). A bela fotografia, da mesma maneira, era sua paixão. Ainda como professor, todavia após a saída dos padres holandeses do Ginásio Dom Lustosa, tornou-se diretor desse tradicional educandário. Posteriormente, ocupou, da mesma forma, a direção do Colégio Professor Olímpio dos Santos (já na era da Av. José Maria de Alkimim). Quem foi o gênio Franklin Botelho é testemunho presencial de um aluno, que em seis anos de convivência, em alguns deles foi o seu ‘‘monitor’’ (singelo auxiliar) nas disciplinas de Geografia e Francês (este cronista). Na arte plástica pintou alguns quadros também.
OUTRO MESTRE E ACADÊMICO – Em 06 de junho de 1941, nascia em Cássia (sudoeste de MG), Ivan Gomes da Silveira. Em Patrocínio, a partir da década de 80, foi professor do Colégio Atenas, Colégio Dom Lustosa e Faculdade (hoje, Unicerp). Presidente de três entidades patrocinenses: APL–Academia Patrocínio de Letras, Lar da Criança e Casa da Cultura. Autor de diversos livros, poesias e pensamentos (exemplo: livro Abrindo Caminhos). Faleceu em BH, já no século XXI, onde passara a residir, em tradicional edifício próximo ao Parque Municipal. Além de professor, era graduado em Medicina Veterinária e Economia, ambas pela UFMG, e, com cursos de pós-graduação.
EMBRIÃO DE UM LUGAR SANTO – Há exatamente um século, ou seja, em 1º de junho de 1924, ocorreu a reunião de lideranças patrocinenses, visando a criação da Santa Casa de Misericórdia. Participaram, dentre outros, Cel. João Cândido, José Elói dos Santos (pai de Sebastião Elói), Joaquim Dias, médico Gustavo Machado, Padre Joaquim Thiago dos Santos e José Luiz da Silva. A construção ficou por conta do Major Tobias Machado e médico Honorico Nunes de Oliveira. Mas, por dificuldades financeiras, pouco depois, a Santa Casa encerrou o atendimento em 1936. O pesadelo terminou em 1938, com a (re)inauguração oficial dia 7 de setembro. Antes, em 1934, foi fundada a Irmandade N. S. do Patrocínio, quando surgiu o apoio institucional das freiras (irmãs) do Sagrado Coração de Maria para a Santa Casa.
HISTÓRICO PADRE HOLANDÊS – Em 1925, três sacerdotes chegaram da Europa para a diocese de Uberaba. Padre Mathias van Rooy, o primeiro diretor do maravilhoso Ginásio Dom Lustosa (a partir de 1927), além de sê-lo o seu fundador também. Padre Gil van den Boogaart e Padre Eustáquio van Lieshout, construtor da Igreja de Água Suja (hoje, Romaria). Padre Mathias ainda foi vigário da Paróquia N. S. do Patrocínio, de 1927 a 1933. Em 14 de junho de 1934, faleceu em BH, após retorno da Holanda.
O MAIS FAMOSO DOS MECÂNICOS – Não era engenheiro, possuía pouco estudo, porém era um hábil e insuperável conhecedor da mecânica e de motores. Assim, foi o patrocinense Gildo Guarda, filho de pais italianos. Gildo, com oficina e residência à Rua Cesário Alvim, próximo à Igreja São Francisco, nasceu em 23 de junho de 1900. Pai de sete filhos, dentre os quais três craques do Flamengo patrocinense. Antes da presença da Cemig em Patrocínio, Gildo Guarda tornou-se o gênio dos geradores a diesel (escolas, cinema, Santa Casa e toda cidade). O principal gerador a diesel, montado por ele, fornecia energia elétrica para a população da cidade, de 19 às 22h. Isso na última gestão do prefeito, seu amigo Dr. Amir Amaral (1954-1958).
ANIVERSÁRIO DA PRIMOGÊNITA ESCOLA – Dia 5 de junho, a Escola Honorato Borges, ex-Grupo Escolar Honorato Borges, completa 110 anos de existência. Na verdade criada em 1912, todavia, instalada, de maneira oficial, dois anos após. Inicialmente, funcionou no então Largo da Matriz (hoje, Praça Monsenhor Thiago), onde fora a residência do Cel. Marciano Pires. O nome da escola deveu-se a homenagem ao grande político Cel. Honorato Borges, proprietário do jornal ‘‘Cidade de Patrocínio’’, que circulou de 1909 a 1929. Honorato Borges, avô do (futuro) prefeito Enéas Aguiar (1959-1962), foi batalhador pela existência e funcionamento da escola até o final dos anos 20. O atual endereço (e definitivo) do educandário, ocorreu a partir de 1931.
PRIMEIRO AVIÃO – Sem aeroporto ou ‘‘campo de aviação’’, em 18 de junho de 1941, pousa o primeiro avião no Município. Elias Alves da Cunha (da família Manuel Nunes) foi o primeiro piloto patrocinense, nascido em 1912. Verdadeiro ídolo para os patrocinenses. O campo de aviação, que perdurou de 1941 até a década de 80, foi construído por ele, com o apoio da Prefeitura (hoje, é a região da Rodovia Patrocínio-BH, cruzamento com a Av. Faria Pereira, à esquerda, em direção ao Bairro Serra Negra). Elias fez cursos aeronáuticos no Rio de Janeiro. Isso lhe proporcionou ser mecânico de avião e professor aeronáutico em Patrocínio (alunos de toda região). Sua esposa, Etelvina Barbosa Cunha, e Wanda Pereira Barbosa (esposa do advogado e professor UFMG, Júlio Barbosa), foram alunas no aeroclube local (Elias era o instrutor-professor). Ambas, ao mesmo tempo, as duas primeiras mulheres a pilotar aviões na região (teco-teco).
TAMBÉM EM JUNHO – A escritora, jornalista e publicitária Jussara de Queiroz nasceu, em Patrocínio, no dia 27 de junho de 1953. Escreveu crônicas semanais no Jornal de Patrocínio, por mais de 20 anos. Desde 1996, é imortal da Academia Patrocinense de Letras - APL. Reside em BH. O músico e compositor Paulinho Machado nasceu, à Rua Sete de Setembro (hoje, Rua Pres. Vargas) em 26 de junho de 1919. O sucesso ‘‘Sebastiana’’ destaca-se entre as suas obras musicais. Recebeu diversos troféus e prêmios. Faleceu em 03/05/2014, aos 94 anos. A Corporação Musical Abel Ferreira, a (nossa) Banda de Música, foi fundada em 17 de junho de 1980 (oficializada no mês subsequente), na administração Afrânio Amaral, com o apoio da família do ex-prefeito Enéas Aguiar. Essa histórica banda, agora encontra-se sob a ‘‘batuta’’ do maestro Wagner de Souza, filho do maestro João da Banda (falecido).
Primeira Coluna também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 08/6/2024.