# Eustáquio Amaral

        “FOI UMA AVENIDA QUE PASSOU EM MINHA VIDA” 

9 de Maio de 2021 às 19:55

 

      

 

Árvore. É o que falta nas belas ruas, praças e avenidas da cidade. A nação patrocinense está acordando para a relevância da paisagem verde. Tão destruída nos últimos cinquenta anos. Pequeno diálogo suscita grande esperança. Torna-se mais uma semente de mudança no pensamento patrocinense. Dia 24 de abril, o melhor cronista rangeliano, Milton Magalhães, e a vereadora Eliane Nunes trocaram mensagens no Facebook sobre o projeto “Jardins de Chuva”. A avenida José Maria Alkmim (com dois “m”), que tem fascinante história, é referência nesse projeto urbanístico.

 

O QUE É – Segundo a vereadora em sua página no Facebook, “jardins de chuva” são pontos rebaixados que captam, “limoam” e infiltram a água da chuva proveniente de telhados e vias, visando a paisagem urbana. Além, de mitigar alagamentos e problemas provocados pelas chuvas.

 

VEM AÍ REVITALIZAÇÃO EXEMPLAR – O escritor Milton apresentou novamente antiga sugestão (de sua autoria), que é a construção de monumento com sumário da história da Av. José Maria Alkmim, exatamente no triângulo onde termina a Rua Artur Botelho (próximo ao Centro de Saúde). Isso para compensar um pouco o corte indevido de árvores ali existentes, em anos anteriores. Como o verde jamais fora prioridade, nada aconteceu.

 

ALVISSAREIRA RESPOSTA DA VEREADORA – Eliane assegurou que até o final de abril seria apresentada indicação para a sonhada revitalização da avenida, incluindo a escultura de Alkmim e o registro histórico da via, que até nos anos 50 chamava-se Rua São João. A implantação dos “jardins de chuva” para a reforma e adequação das avenidas, se concretizada, será primordial, concluiu Eliane.

 

BUCÓLICA VIA – Terra pura. Chácara da Dona Mulata (hoje, a 50 metros do Colégio). Pasto do Umbrolino (filho de D. Mulata), beirando a via. Ribeirãozinho de água limpa e peixinhos (a dez metros de distância). Colégio Professor Olímpio em construção. A novel Praça de Esportes com uma piscina, uma quadra para voley e outra para basquete e futebol de salão. A primeira rodoviária (hoje, Centro de Especialidades), obra do prefeito Amir Amaral, com as suas jardineiras (ônibus), dando certo conforto aos viajantes e familiares. Assim era a Rua São João nos anos 50. Até que...

 

ALKMIM INAUGURA A AV. ALKMIM – No dia 7 de abril de 1958, comemoração dos 116 anos da emancipação do Município, o prefeito Amir Amaral inaugura a nova avenida, com estrondosa festa. Presentes o deputado federal homenageado José Maria Alkmim e o deputado estadual Lourival Brasil (origem: Estrela do Sul). Ambos do PSD de JK. Tanto é que nessa ocasião, Alkmim era o Ministro da Fazenda da gestão Kubitschek (1º/2/1956 a 21/6/1958). Por isso, a avenida originalmente foi denominada Av. Ministro José Maria Alkmim.

 

PRESENÇAS INESQUECÍVEIS – Além de uma multidão, foguetório e a Banda de Música Maestro José Carlos, três escolas e o Tiro de Guerra TG-145, todos em desfile, se postaram após, junto ao obelisco com placa comemorativa, em frente onde é hoje a entrada do PTC (anos depois, a ignorância destruiu o obelisco e sumiu com a placa). Ali aconteceram discursos indeléveis.

 

AS ESCOLAS – O Ginásio Dom Lustosa (só meninos), sob o comando dos padres holandeses, vestiu azul e branco (uniforme oficial). O Colégio Prof. Olímpio dos Santos, a primeira escola de nível secundário gratuita, vestiu verde e branco. E a Escola Normal N. S. do Patrocínio (só meninas) vestiu saia plissada azul escuro e camisa branca. Todas as escolas com fanfarra. Um show para a época.

 

FASCÍNIO DE UMA AVENIDA – Primeira praça de esportes da cidade, resultado de folclórica transação. JK liberou recursos para a sua construção em troca de uma lata de jabuticabas! Começo do Frigorífico Dourados, da família Elias, o líder em arrecadação de ICMS (antes, só ICM) do Município, por vários anos. Sede própria do Colégio Prof. Olímpio dos Santos (antes, funcionou apenas à noite, na Escola Honorato Borges), sob a direção do antológico Abdias Alves Nunes. Local de um dos primeiros postos de saúde, dirigido por muito tempo pelo médico José Garcia Brandão. Berço do Grupo Expresso União. Local da modesta casa de Zé Pipoqueiro (tinha deficiência física nas pernas). Personagem dos anos 50 e parte dos 60, que vendia pipocas nas festas da cidade e, sobretudo, à porta do Cine Rosário. Sempre acompanhado pelos seus amigos “Biscoito” e “Budirda”. Formaram os Trapalhões patrocinenses, gerando sonoras gargalhadas daquela geração, ainda ouvidas no pensamento de quem os viveu. Principal via de acesso à área hospitalar patrocinense.

 

SÍNTESE DE PRESTÍGIO INIGUALÁVEL – O maior presidente da República, JK, tem a ver com a avenida (Patrocínio Tênis Clube). O mais folclórico político brasileiro, Alkmim, pisou em seu chão e viabilizou recursos para a sua implantação. A sua construção foi trabalho do imortal prefeito nº 1 de Patrocínio, Amir Amaral.

 

MERECEDORA DE CARINHO, OBRA E ÁRVORE – Aliando a importância histórica da avenida com a atual fragilidade urbana pelo verde em Patrocínio, é louvável a atitude da vereadora Eliane. Se acontecer, ganhará a cidade, a redução do déficit de árvores ocorrerá e parte da história estará preservada.

 

PRA NÃO ESQUECER – Patrocínio perde para 225 cidades mineiras no quesito árvores. Entre as grandes cidades do Triângulo, Patrocínio se posiciona em último lugar. À frente estão Uberlândia, Araguari, Uberaba, Ituiutaba, Araxá e Patos de Minas. Para não falar em Monte Carmelo e Coromandel também. Todas, todas mesmo, têm mais árvores, mais arborização nas vias públicas do que Patrocínio. Palavra do IBGE.

 

DAÍ... – Palmas para a vereadora. Palmas para a equipe da Secretaria do Meio Ambiente (Alan Machado e companheiros). Estamos distantes do ideal. Mas, o começo pró-verde acontece. Sigamos com essa encantadora ação. Necessária para Patrocínio ser mais bonita e, principalmente, mais saudável.

 

                   Foi uma avenida que passou em minha vida.

                   E meu coração se deixou levar...

                   (plágio/metáfrase da música de Paulinho da Viola, inesquecível sucesso em 1970)

 

 ([email protected])     -     Crônica publicada também na Gazeta de Patrocínio, edição de 01/05/2021