Futebol. É marcante para quem gosta. E, também, o é para quem não gosta tanto, já que é uma das boas referências do tempo. Tempo de Pelé, Didi, Garrincha e Gilmar. Tempo de Gerson, Tostão, Dirceu Lopes e Rivelino. Tempo de Reinaldo, Cerezo, Zico e Falcão. Tempo de Romário e Ronaldo. Nesta Santa Terrinha, o futebol marcou épocas, com indelével deleite. Época do Ipiranga. Época do Flamengo (do Véio do Didino). Época do Atlético Patrocinense (CAP). Época do Patrocínio Esporte. Época do apogeu do CAP. Em cada época, em cada tempo, diversos craques encantaram a cidade. Nesses velhos tempos quase todos eram patrocinenses nativos. O atleta Dedão, anos dourados, é um deles.
O VOADOR – Elástico. Quase imbatível. Defesas cinematográficas. Assim, foi Dedão. Desde o seu começo no Ferroviário, em 1960, até sua gloriosa participação no Flamengo, a academia do futebol amador, em 1961 e 1962. E depois no Atlético Patrocinense, ao lado de Jovelino (ex–Vasco da Gama), Edward (Mamoré e América–BH), Anedino (Mamoré) e Gulinha (Araxá), em 1963 e 1964. Por pouco, muito pouco, o Patrocinense não subiu para a Primeira Divisão de Minas, naquela década.
MEMORÁVEL – Inauguração do Estádio Júlio Aguiar. Primeiro de maio de 1962. Público de 5.000 pessoas. Véio do Didino (Flamengo) escalou a Seleção de Patrocínio com Dedão, Gato, Calau, Macalé e Manelico; Peroba, Rubinho e Romeuzinho; Dizinho, Totonho e Ratinho (depois Nael). E ainda havia Barôfo (zagueiro) e Quebinho (atacante). Uma seleção de craques. O América–BH (melhor que o Cruzeiro, naqueles anos) venceu por 2 a 1, em jogo praticamente igual. É bom salientar que no começo dos anos 60, o Município contava com o Flamengo, Operário, Ferroviário, Atlético Patrocinense, Independente e, eventualmente, Vila de S. João da Serra Negra e Cruzeiro de Cruzeiro da Fortaleza.
SENTIMENTO DA TORCIDA – Com a segurança de Dedão no gol, a equipe rubro–negra exibia sua arte com a bola. A vitória era questão de detalhe. Diante de rivais tais como Araguari, Clube do Cem (Monte Carmelo), URT, Paranaíba (Carmo) e Maracanã (Coromandel). Assim foi o Flamengo (do Véio), em sua segunda geração de craques (1959/1962). Tardes de domingo para não serem esquecidas.
QUADRO DE HONRA – Baim (anos 40), Blair (anos 50), Dedão (anos 60/65) e Frazão–Perereca (anos 65/72) pertencem à galeria dos maiores goleiros rangelianos, em todos os tempos. O único vivo é Blair (Seleção Mineira do Interior e Flamengo do Véio do Didino), residente em Uberaba.
O FINAL – Segundo o versátil Luiz Antônio Costa, José Alves da Silva, o popular Dedão, faleceu em Patrocínio, sábado, dia 15, aos 79 anos. Irmão do também craque Gato (Flamengo e CAP) e filho de Martiniano, o fundador do Ferroviário, no final da década de 50. Dedão agora passou a florir o (nosso) jardim da saudade. Certamente, é da Seleção desse jardim celestial. Lá já estão Calau, Manelico, Dizinho e Ratinho seus companheiros dos anos mágicos do futebol patrocinense, só com atletas de Patrocínio.
PALAVRA FINAL EM CINCO LANCES
1 – UFA! – Continuam chamando o CAP, o Clube Atlético Patrocinense, de A Patrocinense. Até parte dos locutores esportivos da Rádio Difusora. Concordância é fundamental, gente!
2 – CADÊ A EXPLICAÇÃO – O quê aconteceu com o glorioso CAP? Agora a esperança é menor. Mas, plagiando a torcida do Galo: “EU ACREDITO!” Ainda.
3 – POLÍTICO EXEMPLAR – O prefeito de Patrocínio de 1983 a 1986, Amâncio Silva faleceu dia 7, sexta–feira. Foi o último prefeito nomeado e teve mandato menor, devido às mudanças na legislação eleitoral. Amâncio, ex–PSD antigo, nomeado pelo governador Tancredo Neves (PSD), deixou legado de honestidade e amor à terra natal.
4 – RECORDAÇÕES DE AMÂNCIO – Prefeito viaja de Expresso União para BH? Pode acreditar, sim. Amâncio fez isso em busca de benefícios para o Município. Já nos anos 2009/2010/2011, Amâncio, como um dos líderes políticos da cidade, tentou convencer, por algumas vezes, este amador escriba a se candidatar a deputado estadual por Patrocínio e região. Segundo ele à época, com apoio de alguns partidos e municípios da região. Este escriba não aceitou e lhe expôs as razões. Ele não se deu por vencido. Alguns meses depois, disse: “– Estou pensando em você para prefeito”. Obrigado, eterno Amâncio.
5 – ALVISSAREIRO – O imortal Antônio Dias Caldeira, depois de seu AVC, já se encontra em casa. O trabalho agora é sua plena recuperação. O dedo de Deus e de Padre Eustáquio foram constatados na sua vida.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 22/10/2016.