# Eustáquio Amaral

Incríveis Batalhas em Patrocínio

30 de Junho de 2019 às 15:59

Conflitos. Na história rangeliana, houve muitos. Alguns contados por historiadores em livros, outros narrados pelo ícone do jornalismo municipal Sebastião Elói. Narrados a seus amigos. Tal como o conflito político na região entre a Igreja Matriz e o Asilo, principalmente na Rua Bernadino Machado. Segundo a lenda, os grupos políticos, denominados Catimbaus e Mugangos, travaram intenso tiroteio. Isso em uma noite de inverno da década de 20. Outras lutas também não podem ser esquecidas.

1772: PRIMEIRAS CENAS – Durante a fundação de Patrocínio, o capitão Inácio de Oliveira Campos, vindo de Pitangui, que criou uma fazenda para abastecer os viajantes, destruiu alguns quilombos (refúgio de escravos fugidos), aprisionou mais de 50 negros e devolveu-os a seus donos em Paracatu. Já o padre José Teixeira de Camargo, celebrou a primeira missa, nas proximidades do cemitério denominado Campos de Catiguá ou Salitre, em março de 1771.

1853: CORAGEM PATROCINENSE – Após a descoberta por uma escrava, do famoso diamante Estrela do Sul, de 254,5 quilates (correspondentes a 50,6 gramas de pureza), ocorrida em 1852, no Distrito Diamantino da Bagagem (posteriormente, o município de Estrela do Sul), então pertencente a Patrocínio, surgiram bandos de assaltantes, na região. Eram especialistas em roubos e saques nas estradas que passavam por Patrocínio. Nesse cenário, foi organizado um grupo de voluntários patrocinenses, destemidos e de muita coragem. Em batalhas a pé ou a cavalo, eliminou o bando que provocava mais terror e insegurança no eixo Bagagem-Patrocínio-Araxá. Eixo por onde passava sempre a comitiva de Dona Beja (Picada de Goiás).

1855: SEDIÇÃO – INVASÃO PATENSE – Nesse ano, o município e a vila de Patrocínio completavam treze anos de existência. Havia aproximadamente 400 casas. A primeira Câmara Municipal tinha como presidente Francisco Martins Mundim, também agente executivo (hoje prefeito).

Nessa época, um dos distritos então pertencentes a Patrocínio era Santo Antônio dos Patos (posteriormente Patos de Minas). Segundo o relatório da freguesia de Patrocínio, de 1844, existiam 319 fogos (casas) em Santo Antônio do Paranaíba de Patos. Portanto, Patrocínio era maior do que Patos nesse tempo. Em 1846, a Lei Provincial nº 312 criou a Paróquia de Santo Antônio dos Patos. Os habitantes de Patos eram desejosos da autonomia política e administrativa para o seu arraial. A liderança política de Patrocínio dificultava.

Sob esse clima, numa noite de 1855, quando de reunião da Câmara Municipal, em seu sobrado, o Largo do Rosário (hoje Praça Honorato Borges, sem a escola), foi invadido por inúmeros cavaleiros armados liderados pela família Maciel, com destaque para Jerônimo Maciel, vindos de Santo Antônio dos Patos.

Aconteceu a sedição (perturbação da ordem pública). Os vereadores patrocinenses reagiram apoiados pelos seus familiares. Travou-se um tiroteio histórico, onde os patrocinenses eram em menor número.

Essa “guerra” municipal teve fim em 30 de outubro de 1866, quando ocorreu a elevação de Santo Antônio dos Patos à categoria de vila e a criação do município, pela Lei Imperial nº 1.291.

1870: GANG NA ESTRADA – Havia acentuado movimento de cargas e passageiros entre Paracatu e Patrocínio. Entretanto, nessa época, o movimento caiu por causa de uma quadrilha de assaltantes na região do Distrito Patrocinense de Santana do Pouso Alegre de Coromandel (hoje Coromandel). Esse grupo conhecido como o “Bando de Valeriano e seus Filhos”, assaltava e matava por qualquer preço. Até em troca de uma vaca. A entrada de Moquém era o teatro principal desse bando.

1880: LUTAS DE FAMÍLIAS – A cidade de Patrocínio era conhecida como a vila da anarquia. Sedições, muitas brigas, invasões da cadeia para a libertação de presos e farras eram frequentes. Por sugestão de Elói Otoni, pertencente ao império, foi designado juiz da Comarca seu sobrinho Elói Benedito Otoni. Devido a sua conduta irregular e desonesta, os ânimos se acirraram, ao invés de apaziguarem. Algum tempo depois, Otoni foi morto pelos Rabelo, a caminho do arraial de Abadia dos Dourados, também pertencente ao município de Patrocínio, onde se reuniria com o escrivão do crime.

POR VOLTA DE 1885: CHEFE ESPIRITUAL – Surgiu em Salitre (hoje Salitre de Minas) um grupo de fanáticos religiosos. O líder era chamado de Padre Eterno. A fazenda do Capão tornou-se a sede do movimento. Que aumentava dia a dia. O negro José Antônio de Souza era o nome verdadeiro do Padre Eterno, que foi vencido pelas lideranças políticas de Patrocínio. Esse fenômeno social e religioso repetiu-se em Canudos mais tarde, com significado para a história do Brasil, tendo o monge Antônio Conselheiro o seu personagem central.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 22/6/2019.

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