Passado. Tratando-se de uma cidade, de um povo, uma viagem por ele é ilustrativa para demonstrar de onde viemos e como chegamos ao século 21. Nessa edição, o destaque é para seis fotografias (acervo iconográfico) guardadas no Arquivo Público Mineiro-APM, em BH. Elas revelam um pouco desta querida terra rangeliana.
COMEÇO DO SÉCULO XX (I) – A fotografia mostra o Largo do Rosário (hoje, Praça Honorato Borges) antes de construir a Escola Honorato Borges. Nela, em um prédio de dois andares, estão a primeira Delegacia Policial e a cadeia no 1º andar. De um lado, a cadeia masculina, no outro a feminina. No segundo andar, o Fórum e a Câmara Municipal. Hoje, seria no espaço entre o Instituto Bíblico e a Rua Presidente Vargas.
COMEÇO DO SÉCULO XX (II) – A foto é da Rua Governador Valadares (hoje) tirada do Largo da Matriz no sentido para o Largo do Rosário. É uma colaboração do pesquisador Marelízio Alves Cortes, segundo o APM.
MARÇO DE 1923 – Nessa data foi concluída a nova cadeia pública de Patrocínio na região da Escola Dom Lustosa. É a terceira foto dessa pesquisa. Hoje, o centenário prédio ainda não foi destruído. Mas não faltam ideias mirabolantes, que violentam a história municipal. Sua preservação é imprescindível.
DÉCADA DE 30 – Essa foto apresenta a construção da atual Igreja de N. S. do Patrocínio, com foco também para o coreto e a mansão do Cel. João Cândido (felizmente, essa é conservada pela família Aguiar). O APM errou quanto à data, pois registrou como se fosse tirada na década de 40. A foto pertenceu ao empresário patrocinense Olney Barreira. E serviu também para ilustrar a obra (livro) sobre a incrível Joaquina do Pompéu.
ANOS 40 – Outra foto de Olney Barreira apresenta a inauguração do obelisco na Praça Honorato Borges (o obelisco não existe mais) e ao fundo, a sede do Banco do Comércio e Indústria (esse imóvel é conservado pela família Nunes). É importante observar a presença, entre o público, naquela inauguração, de seis padres holandeses do Ginásio Dom Lustosa (um é o padre Caprázio). A data do APM está errada, pois a inauguração do belo obelisco se deu em 1942 e não na década de 50.
ANOS 50 – Essa foto, doada por Marelízio Alves Cortes, em 29/10/2013, mostra as anotações históricas nas placas de bronze (lápides) no obelisco. O APM informa que as anotações se referem ao monumento (obelisco) erguido no centenário da cidade de Patrocínio. Portanto, em 1942. O obelisco foi destruído pela “inteligência” dos administradores. Porém as placas, mal conservadas, ainda se encontram afixadas na Praça Honorato Borges. Vale a pena, ver e conferir o que o APM oferece aos patrocinenses. Há muitos fatos da história de Patrocínio a serem revelados. Por isso, merecem ser pesquisados.
PALAVRA FINAL ESPECIAL EM CINCO LANCES
1 – SAUDADE – No dia 17 de julho, faleceu em BH, o farmacêutico patrocinense José Alves Dias. Filho do famoso comerciante e fazendeiro da cidade na década de 20, Joaquim Dias. José Alves nasceu em 15/2/1920, aluno do Ginásio Dom Lustosa, época em que Padre Eustáquio residiu na escola (junto aos demais padres holandeses). Esse foi um dos motivos que o tornou devoto de Pe. Eustáquio.
2 – E MAIS... – José Alves serviu ao Exército durante a Segunda Guerra Mundial. Por sorte, ao ser escalado para embarcar para a Itália, a guerra acabou. Formou-se em Farmácia pela UFMG e em 1964 tornou-se professor titular da mesma Faculdade de Farmácia da UFMG. Lá lecionou a disciplina Farmacotécnica para mais de 50 turmas equivalente a mais de 1800 alunos.
3 – RECORDE – Em 1982, montou com a sua filha, também farmacêutica, Astrid, a Farmácia de Manipulação Magistral, em BH. Trabalhou nela até 2015, quando completou 95 anos. Por muito tempo, carregou o título de “o mais antigo farmacêutico em atividade de Minas Gerais”. Por isso, foi agraciado com a comenda (medalha) pelo Conselho Regional de Farmácia (Órgão Federal).
4 – LIGAÇÕES PATROCINENSES – Segundo os seus filhos, José Dias adorava e se orgulhava de sua terra natal (Patrocínio), onde esteve por inúmeras vezes para rever amigos e a Escola Estadual que leva o nome de seu pai (Joaquim Dias), sob a direção do Prof. Renato. Em BH, participou ativamente da Associação dos Patrocinenses Ausentes-APA, em seus melhores momentos.
5 – PERFIL – Quem conviveu com José Dias é testemunha sobre a sua vida. Honesto, justo e simples. Um exemplo para os dias de hoje.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 30/9/2017.