Tristeza. É o sentimento maior quando alguém parte para a outra vida. Felicidade, ao mesmo tempo, para quem conhece o seu legado. Honestidade (indicador raro nos homens públicos atuais), competência, inteligência e dedicação à sua profissão não faltaram a um patrocinense da gema. De origem humilde, conquistou a glória. Um pouco de quem foi Salvador Bueno, de conhecimento restrito em sua terra, merece menção.
BERÇO – Anos 40. Casa simples à Rua Coronel João Cândido de Aguiar, quase esquina com Rua Cesário Alvim. Em anexo, pequena e famosa sapataria (fabriqueta de sapato – à época, era comum sapatarias que fabricavam calçados na cidade): Sapataria do Negrinho. Em 1944, nasceu o primeiro filho de Sebastião Rocha (sapateiro), o Negrinho, filho do Sr. Chibinha (seleiro/ferrador para animais). Popularmente, Negrinho do Chibinha, pai da criança (Salvador Bueno). Joaquim Machado, diretor do “Jornal de Patrocínio”, trabalhou nessa sapataria do Negrinho.
ÓTIMO NA ESCOLA – Bueno sempre foi uma das inteligências do grupo escolar (hoje, parte do ensino fundamental), do Colégio Professor Olímpio dos Santos (ginasial e médio). Como destaque da escola, tornou-se um dos professores do então curso científico no Olímpio dos Santos, em 1962 e 1963. Aliás, um dos melhores mestres. Esse curso era o único de Patrocínio (corresponde ao médio hoje), implantado na gestão do diretor Abdias Alves Nunes, outro personagem mitológico de Patrocínio. Nesse curso científico, Silas Brasileiro e este autor foram seus alunos. A partir de 1964, rumou para Uberlândia e Brasília–DF para sua sequência escolar.
ÓTIMO NO FUTEBOL – Bueno era denominado, no mundo da bola patrocinense, de Escurinho. Isso em homenagem ao fabuloso ponta-esquerda do Fluminense–RJ, Escurinho. E também pela cor de sua pele. Por alguns anos, foi titular absoluto do Operário Esporte Clube, atuando com a camisa 11. Operário do técnico Cabrera (pai da popular Denga) e dos atletas Ernani (goleiro), Martelo, Carmo (o melhor cabeceador daquela geração), Leonésio (Móveis FAMA) e Pixe (folclórico, proprietário de uma sapataria).
ÓTIMO NA CARREIRA MILITAR – No final da década de 60, ingressou no Exército Brasileiro. Passando pela Academia Militar das Agulhas Negras (Resende–RJ), Três Corações–MG, Nordeste, Brasília–DF e outros lugares do território nacional. Passo a passo, com mérito, galgou a patente de coronel. Daí, Cel. Bueno. Mais tarde, aproximou-se muito de se tornar general.
ÓTIMO NA FAMÍLIA – Em sua família era o Dodor. No dia 26/5/2023, o seu irmão Renato Ceosi, nas redes sociais (grupo Patrocínio,... que eu vi! Liderado pela atuante Mônica Othero), disse: “... sempre foi o maior exemplo de retidão e caráter que encontrei na vida.” Salvador ou Dodor ou Escurinho ou Cel. Bueno foi o grande líder familiar.
POR FIM – Fica a saudade com quem teve a feliz oportunidade de conviver com Bueno. Como disse Mônica Othero “pessoa cujo carisma se misturava com a sua própria luz.”
([email protected]) *** Crônica também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 10/06/2023.