# Eustáquio Amaral

MAIOR  CULTURA MUSICAL DE PATROCÍNIO

28 de Julho de 2024 às 15:52

 

 

        

                                                                            

 

 

 

História. A tradicional Banda de Música é marco histórico do Brasil. E até de (nossa) Patrocínio. No Brasil Colônia, a banda de música começou com a vinda de D. João VI (1808/1821), que trouxe uma em sua comitiva. Na Província de Minas Gerais, região de Ouro Preto e Mariana, durante o começo do Império, surgiram as primeiras. No primeiro Censo brasileiro (1872), Minas tinha apenas 72 municípios. Patrocínio era um deles. Há notícias orais (Sebastião Elói e outros) que um pouco antes de Patrocínio tornar-se cidade (1874), existiu a primeira banda patrocinense. Daí, são mais de 150 anos de existência de graciosas e memoráveis bandas na vida patrocinense. A atual, Corporação Musical Abel Ferreira, no dia 26 de julho, completa 43 anos de vida. Na verdade, criada em 17/6/1980 e efetivada (lançada) no ano seguinte (26/7/1981). Antes dela, um desfile de históricas bandas e de gênios musicais.

 

 A PRIMEIRA BANDA – Por volta de 1860/1870, o músico José Marçal Ribeiro criou e foi maestro da primeira corporação musical da, então, Vila de Nossa Senhora de Patrocínio. Essa banda teria participado da festa de elevação de vila à cidade (1873/1874). E teria existido até os anos 20. Mas em 1914, devido o falecimento de José Marçal, a “batuta” da banda passou para o seu filho maestro Eduardo Marçal Ribeiro.

 

                              

HAVERIA UMA SEGUNDA BANDA NA CIDADE – A segunda banda pertenceu a um mestre na educação e música: Olímpio Carlos dos Santos. Ou Prof. Olímpio dos Santos. Patrocínio em algumas ocasiões teve duas bandas. A primeira vez foi por volta de 1890 a 1900, quando Prof. Olímpio dirigiu e regeu a sua banda. Prof. Olímpio também foi líder carnavalesco e teatral na cidade. Ele residiu em um belo casarão na rua que (depois) levou o seu nome, nº 181, na região da Escola Dom Lustosa (será que essa maravilha resiste à fúria “progressista”?).

 

OUTRA “SEGUNDA BANDA” – Em 1910, o músico Quintiliano Alves de Souza criou a sua banda, que durou pouco tempo. Quintiliano era major da guarda nacional, foi vereador e presidente da Câmara Municipal, que à época era também o agente executivo (prefeito). Em 1912, chegou a ser o agente executivo de Patrocínio.  

 

UMA “SEGUNDA BANDA” QUE ENCANTOU – Em 1918, surgiu a Banda Honorato Borges, sob a direção do maestro Cirino José da Rocha. Pertencia ao líder político e proprietário do jornal “Cidade do Patrocínio”, Cel. Honorato Borges. A sua missão maior era competir com a experiente Banda de Eduardo Marçal. Na Banda HB, o adolescente Sebastião Elói teve as suas primeiras lições musicais com o maestro Cirino. Numa etapa posterior, a banda foi comandada por outro Rocha: Sebastião José da Rocha. Em seguida, pelo maestro maior de Patrocínio, José Carlos da Piedade. E na última fase da existência da banda, pelo maestro Totonho Silvestre (Antônio Silvestre de Novaes), avô do jornalista Sebastião Elói. A Banda Honorato Borges (HB) encerrou as suas atividades em 1942.  

 

A LENDÁRIA BANDA – No começo dos anos 40 foi fundada a Corporação Musical Maestro José Carlos. O nome era homenagem ao maestro nº 1 de Patrocínio, que falecera na Colônia Santa Isabel (Betim), em 1939, acometido de hanseníase. A mais conhecida música patrocinense da história, “Saudades do Matão”, é de sua autoria. Como são também as valsas (ritmo predominante naquele tempo) “Sentimento Oculto”, “Cidade de Patrocínio” e “Galopé”. De 1940 até 1944, maestro Alírio de Melo foi o regente. De 1944 a 1958, outro “Rocha” foi o maestro: José Antônio da Rocha (Zé Pequeno). A partir daí até o final dos anos 60, a banda teve dificuldades, mas continuou encantando a cidade, principalmente pelos seus desfiles nas ruas centrais, tocando famosos “dobrados”, sob a maestria de Zé Pequeno.

 

BANDA ABEL FERREIRA – Patrocínio passou quase dez anos sem a sua banda de música. Com a criação da Corporação Musical Abel Ferreira em 17/6/1980, no ano seguinte, a partir de 26 de julho de 1981 a cidade voltou a sorrir, vendo a (sua) banda passar. Sob a direção do maestro João Souza, o João da Banda, com 20 músicos. Na atualidade, o filho do falecido e inesquecível João da Banda, Wagner Novaes de Souza, é o maestro.

 

HISTÓRIA DA ATUAL BANDA – As acadêmicas Hedmar de Oliveira Ferreira (Dininha) e Maria José Magalhães Ferreira (Lalá) presentearam à comunidade patrocinense com o livro “Banda de Música Abel Ferreira”. Um show histórico da banda. Sob a liderança de Dona Lili Aguiar, esposa do ex-prefeito Enéas Aguiar (1959-1962), diversas senhoras da sociedade fundaram a Banda Abel Ferreira (1980). O nome deveu-se à amizade do líder político (Enéas) com o músico de Coromandel, Abel Ferreira (falecido no Rio de Janeiro, em 1980). Os instrumentos musicais para a constituição da banda foram doados pelo ex-prefeito e familiares. Mas o correto político não viu a Banda tocar, que só ocorreu em julho de 1981, já que faleceu em 08/9/1980 (no mesmo ano de Abel Ferreira).

 

POR FIM – A Banda Abel Ferreira está instalada (treinamento, planejamento) no Conservatório de Música Dr. José Figueiredo, à Av. João Alves do Nascimento (esquina com a Rua Major Tobias). Do livro de Dininha e Lalá, um verso da música “A Bandinha do João”, de autoria do músico patrocinense da gema, Paulinho Machado:

Quando a banda do João

Sai à rua a tocar

Todos correm pra ver

A Bandinha passar

Ela traz alegria

Faz a gente vibrar...

 

eaamar[email protected])