Folclore. O referente à política é uma aula de bom humor e sabedoria. Recorrendo à história, alguns célebres personagens, que a querida Patrocínio conheceu muito bem, escreveram páginas incríveis e inesquecíveis. JK (o melhor presidente da República), Alkmim (o maior nome do folclore político brasileiro), Tancredo Neves, Hélio Garcia e Newton Cardoso são destaques. Com a ajuda do jornalista Carmo Chagas (jornalista de grandes veículos do País) e do arquivo deste autor, é saudável conhecer frases “de efeito” e frases inteligentes dessa famosa gente, que visitou Patrocínio, em diversas oportunidades. Inclusive, há eternas palavras ditas por um deles na cidade e sobre a cidade. Vale a pena viajar até ao tempo de cada um. Tempo distante, mas próximo dos bons corações da atualidade.
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O MAIOR DE TODOS EM PATROCÍNIO – “Diante desse sol abrasador do sertão, despeço-me, agradecendo o calor de todos os patrocinenses...” Juscelino Kubitschek (PSD), em 1955, em cima de um caminhão FNM (Fê Nê Mê), na Praça Honorato Borges (pista da Rua Presidente Vargas), por volta de 14h, diante de uma multidão, na campanha eleitoral para Presidente da República. Nessa eleição, foi o grande vitorioso (1956/1960).
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MAIS UMA DE JK – “Amigo Nonato (Matias Jr., o popular Natinho), eu o atenderei de imediato, reprogramando verbas, porém desde que você traga para mim, agora, uma lata de jabuticabas de lá...” (apontando o dedo), disse o governador Kubitschek, no começo dos anos 50, no lanche festivo na Escola Normal (hoje, Belaar), após inauguração do Posto de Puericultura. O incessante pedido de Natinho era para a construção do PTC. A lata de jabuticabas destinava-se à Dona Sara (esposa de JK). E o melhor, o próprio Governador, parte da comitiva e família Elói foram à casa de Hélio Elói, onde estava (e está) o pé de jabuticaba. E o Patrocínio Tênis Clube também existe desde então.
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HÉLIO, AMIGO DE ROMEU QUEIROZ–RQ – “Cada vez que deixo de assinar um papel, o Estado economiza” (governador Hélio Garcia, quando passava o fim de semana no Rio de Janeiro, e, assessores iam lá para ele assinar documentos de rotina). “Obra não elege, mas ausência de obra derrota.” “Em Minas, os políticos divergem, porém se entendem.” “Tem coisa que se escreve e não fala; tem coisa que fala e não se escreve.” (HG, no final dos anos 80, cogitou lançar o patrocinense RQ candidato a governador de Minas Gerais). Hélio esteve em Patrocínio, final dos anos 80, inaugurando obras, inclusive da Caixa Econômica Estadual, na Praça Santa Luzia (hoje o Banco Itaú).
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GRANDE TANCREDO – “Quem briga são as ideias, não os homens” (será que a querida Patrocínio atual compreende isso?). “Liberdade é o outro nome de Minas” (a bandeira do Estado diz, em latim, “Liberdade ainda que tardia”). “O processo ditatorial, autoritário, traz consigo o germe da corrupção”. Patrocínio viu Tancredo, pela última vez, na campanha de 1982 (governador). Tancredo saiu vitorioso nessa eleição.
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MAGALHÃES QUE INAUGUROU A CEMIG EM PTC – “Política é como nuvem. Uma hora você olha, ela está de um jeito. Depois, quando olha de novo, está completamente diferente”. “A verdade é sempre mais importante do que a astúcia” (governador Magalhães Pinto esteve em Patrocínio duas vezes. Era da UDN e apoiador do Governo Militar de 1964).
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NEWTÃO TAMBÉM VEIO A PTC – Newton Cardoso, após a sua vitória para governador, disse ao seu chefe do cerimonial que o heliporto (do Palácio das Mangabeiras, em BH) deverá ser chamado de Newtonporto. Pois, heliporto era do ex-governador Hélio Garcia. O patrocinense e grande comunicador Antônio Augusto pertenceu à assessoria de comunicação do governador Newton (PMDB).
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ESSE, PTC CONHECEU DEMAIS: ALKMIM! – Deputado por sete mandatos, vice-presidente da República, Ministro da Fazenda de JK, e, outros cargos públicos, tornaram José Maria Alkmim uma referência política nacional. Nos anos 50 e 60, Alkmim esteve em todos grandes eventos políticos de Patrocínio. O que não faltam na vida de Alkmim são as anedotas políticas e histórias folclóricas. Como a de um seu conterrâneo de Bocaiúva, que o foi procurar, nos anos 60, na Secretaria de Educação, na Praça da Liberdade (BH). O conterrâneo por estar desprevenido (sem dinheiro) queria ajuda para o parto de sua mulher. Alkmim o recebeu e respondeu:
– Ora, meu amigo, se você sabe que ela irá ter o filho há nove meses e está desprevenido, como é que eu posso estar então, se estou sabendo agora?
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ALKMIM E A DITADURA MILITAR – Em 1965, os militares cassaram os direitos políticos de Juscelino. Um jornalista ligou para o vice-presidente Alkmim:
– Dr. Alkmim, como o Sr. recebeu a cassação de JK?
– Por telegrama, meu filho, por telegrama, respondeu Alkmim.
Em 1968, após a decretação do temerário AI-5 (Ato Institucional) pelo Governo Militar, jornalista ligou para Alkmim:
– Como é que vai o regime (militar), Deputado?
– Excelente, meu filho. Já perdi três quilos.
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CASA QUE O PATROCINENSE PICUN MANDAVA – Geraldo Mathias de Abreu (Picun) era o secretário doméstico do vice-presidente Alkmim, que residia numa casa da Rua Pernambuco com Av. do Contorno, na região da Savassi, em BH. Diversos patrocinenses conheceram a casa-residência de Alkmim (inclusive o autor desta crônica). Nos anos 50, quando essa casa se encontrava em construção, um futuro vizinho (morador ao lado) surgiu durante uma visita de Alkmim à obra. No começo da prosa, esse homem que Alkmim não conhecia, disse:
– Dr. Alkmim, moro aqui ao lado. Estou à disposição.
– Eu sabia que você mora aqui. Isso influiu muito na minha escolha por esse lote!
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OUTRAS FRASES – “Estou rouco de tanto ouvir” (Gov. Benedito Valadares, que esteve em Patrocínio nos anos 40). “Não sou contra nem a favor, antes pelo contrário” (políticos do antigo PSD). “A política é, por definição, a arte das transigências” (Gov. Milton Campos). Transigência é benevolência, tolerância, compreensão.
([email protected]) *** Crônica também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 29/06/2024.