Março. O terceiro mês do Calendário Gregoriano chegou. O nome Março é homenagem ao Deus romano da guerra, Marte, na mitologia. Restringindo à nossa querida Patrocínio, a sua história conta/registra diversos fatos ocorridos nesse mês. Um deles é o falecimento de famoso político patrocinense. De família política, foi prefeito de Patrocínio em dois mandatos, sem ser votado para prefeito. Até hoje, o seu nome é, por demais, falado e escrito. Pois, notável avenida central leva o seu nome. João Alves do Nascimento é uma celebridade patrocinense. Nasceu em 06/12/1899 e faleceu em 15 de março de 1976, aos 76 anos de idade. Portanto, há 49 anos. Qual o seu partido político, as suas principais obras e ações, o jornal que somente o elogiava, quantos automóveis tinha em Patrocínio em 1928, e, quais os seus adversários políticos. Tudo isso é bom saber um pouquinho.
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ÚLTIMO VEREADOR QUE FOI PREFEITO SEM ELEIÇÃO – Na Velha República (1889 a 1930), o vereador presidente da Câmara Municipal era o escolhido para ser o agente executivo do Município, que hoje é o prefeito. Isso aconteceu também no período do Império. Nos mandatos de 1915-1918; 1919-1921, Cel. Elmiro Alves do Nascimento, pai da grei “Alves do Nascimento”, foi vereador. E um de seus filhos, João Alves do Nascimento, no mandato de 1927 a 1930, foi vereador, presidente da Câmara Municipal e agente executivo (prefeito). Aliás, o último agente executivo. Portanto, até então não havia eleição direta para prefeito (agente executivo). A partir de 1930, surgiu definitivamente o nome “prefeito”. Ora nomeado, ora eleito. Assim, Cel. João Alves tornou-se o último agente executivo. Em 1936-1939, ele foi vereador em Patrocínio.
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PRINCIPAIS FEITOS DE JOÃO EM 1927-1930 – Reconstrução do matadouro municipal, com ampliação também para suínos. Adquiriu o primeiro veículo, um caminhão Chevrolet, para transporte de carnes (antes, feito em carrocinhas). João Alves do Nascimento sancionou 38 leis, reestruturando a administração municipal e inovando o calendário das atividades públicas. Iniciou a construção do Asilo São Vicente de Paulo, em 1928. Responsável pela primeira Lei Orgânica do Município. Construiu meios-fios e sarjetas na Av. Rui Barbosa (até então pequena), no Largo de Santa Luzia, na Rua Sete de Setembro (Rua Governador Valadares), e, curiosamente só de um lado na Rua Direita (Rua Cesário Alvim), pois devido o sol, praticamente havia só casas do lado esquerdo (para quem sobe em direção à Serra do Cruzeiro). Essas informações foram pesquisadas pela acadêmica patrocinense Fátima Machado, e complementadas por este cronista.
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FATOS IMPORTANTES NA PRIMEIRA GESTÃO DE JOÃO ALVES – Os dois educandários mais emblemáticos na história de Patrocínio foram instalados: Ginásio Dom Lustosa (inaugurado em 15/2/1927) e Escola Normal Nossa Senhora do Patrocínio (inaugurada em 11/10/1928). Em 1929, ocorreu a fundação da União Operária. Criação do maior distrito patrocinense, Folhados (hoje, Silvano). Em 1928, havia apenas 39 automóveis (placas) em PTC.
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UM JORNAL A FAVOR – Em 1929, apareceu um “órgão independente”, segundo o próprio jornal, denominado “A Notícia”. Na verdade, era um contraponto (adversário) do jornal “Cidade do Patrocínio”, de Honorato Borges. Esse periódico, muito bem redigido, já se encontrava em seu crepúsculo (tinha mais de 20 anos de existência). Na edição de 06/2/1930, o “A Notícia” apresentava extensos elogios ao agente executivo (prefeito) João Alves do Nascimento. Na verdade, os elogios tinham razão. Pois, os diretores de “A Notícia” eram Mário de Castro Magalhães e Elmiro Alves do Nascimento. Esse ex-vereador e pai do então “prefeito” (agente executivo) João Alves do Nascimento. Assim, estava se intensificando a disputa pelo poder patrocinense, lideradas por duas famílias antagônicas. Pura oligarquia em Patrocínio de outrora.
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MUGANGOS, CATIMBAUS, O QUE É ISSO? – Por volta de 1920, os Mugangos eram um grupo político, sob a forte liderança do Cel. Honorato Borges. Borges também era o diretor-proprietário do “Cidade do Patrocínio”. Já os Catimbaus eram um grupo político também, porém com pensamento diferente e oposto aos dos Mugangos. Entre os Catimbaus encontravam-se os “Alves do Nascimento” (líderes), família Ávila e família Santos (Franklin dos Santos). Por isso, em 1929, tinha dois jornais. “Cidade do Patrocínio” com Honorato Borges e Carlos Pieruccetti, dos Mugangos. E “A Notícia”, Catimbaus, com os Alves do Nascimento.
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ASSIM NASCERAM UDN E PSD – Mugangos viraram UDN–União Democrática Nacional. Catimbaus viraram PSD–Partido Social Democrático. Nos anos 40, isso ocorreu em Patrocínio. As famílias Borges, Aguiar, Paiva, Constantino e Lemos, dentre outras, formaram a UDN. E as famílias Amaral, Nascimento, Alves, Silva, Figueiredo e Queiroz, dentre outras, o PSD. Nos anos 40, 50 e 60 a UDN foi liderada por Enéas Aguiar (neto de Honorato Borges), Alaor Paiva, Waldemar Martins Lemos, Expedito Faria Tavares (filho de Secundino Tavares), Vicente de Paula Arantes (advogado), Quinquim Arantes, e outros. O PSD teve a liderança de Amir Amaral (médico), o mais forte líder político, Abdias Alves Nunes (dentista), Amâncio Silva (agrônomo), João Batista Queiroz (advogado, falecido recentemente), Hélio Furtado de Oliveira (advogado) e Mário Alves do Nascimento (irmão de João Alves do Nascimento), dentre outros. O PSD (não é esse PSD de hoje) foi criado em 17/7/1945 e dissolvido pelo Governo Militar em 27/10/1965. Já a UDN foi criada em 07/4/1945 e teve a dissolução também em 27/10/1965, pela Ditadura.
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FAMÍLIA ALVES DO NASCIMENTO – João Alves do Nascimento foi o décimo prefeito (nomeado) de Patrocínio, na era “Prefeito” (após 1930), com o seu segundo mandato em 1948-1950. Eram irmãos de João Alves, Mário Alves do Nascimento (prefeito 1963-1966) e pai do ex-prefeito Betinho, Sebastião Alves do Nascimento (prefeito de Patos de Minas, pela UDN, em 1959-1962, depois deputado em três mandatos), Geraldo Alves do Nascimento (famoso goleiro e músico Baim), Elmiro Alves do Nascimento (Mirote), Pedro Alves do Nascimento (Rádio Difusora), e, mais sete irmãos (onde cinco eram mulheres). Assim, existiram três (3) “Elmiro Alves do Nascimento”. O pai dos 13 filhos, o Mirote e o ex-deputado Elmiro Alves do Nascimento (filho do Binga) nos anos recentes, dono da Rádio Clube de Patos de Minas (felizmente vivo).
([email protected]) *** Crônica também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 01/03/2025.