Importância. O quarto mês do calendário tem a sua em relação a Patrocínio. É o mês de aniversário do Município. Além disso, diversos fatos marcaram a história rangeliana ao longo do tempo. Alguns deles estão aqui. Obras do prefeito Afrânio Amaral. Cenas do cotidiano em 1965. O primeiro banco, o primeiro ônibus. O PTC em 1982. A primeira equipe de futebol e onde jogava. Os primeiros táxis e seus motoristas. A morte de Michel Wadhy e Tancredo Neves em 1985. E o ano em que Patrocínio deixou de pertencer a Goiás e reintegrou-se à capitania de Minas Gerais, depois de quase 20 anos sendo terra goiana. E a responsável pela volta também é focalizada.
1816: PATROCÍNIO VOLTA A MINAS – No dia 4 de abril, por meio de alvará do Rei D. João VI, a região retorna a Capitania de Minas Gerais. A Comarca de Paracatu (sede da Ouvidoria), criada em 1815, possui a jurisdição dos julgados de Desemboque e São Domingos do Araxá (a quem Patrocínio pertencia). A versão mais aceita sobre a volta da região a Minas diz que D. Beja teve atuação decisiva. Anos antes, ela foi raptada pelo Ouvidor Joaquim Inácio da Mota, em uma de suas visitas a Araxá. Jovem, bonita, inteligente, Ana Jacinta torna-se amante do Ouvidor e mora em Paracatu desde então. Sobre ele, D. Beja tem grande influência (ela teria defendido o retorno da região a Minas). Com a morte da Rainha D. Maria, a Louca, Inácio Mota resolve voltar à Corte no Rio. Nessa viagem, D. Beja o acompanha até Patrocínio, onde se separam de vez. Ele, pela picada de Goiás, rumo ao Rio. Ela, para Araxá.
ANOS 20: BANCO – Surge o primeiro banco em Patrocínio. É o Banco do Comércio e Indústria, instalado na Rua Governador Valadares (próximo a Igreja Presbiteriana). Seu primeiro gerente é Luciano Brasileiro e Circe Borges e é uma das primeiras agências bancárias do interior. Na década de 30, o banco é transferido para o majestoso prédio da Praça Honorato Borges. Na década de 40, o Comércio e Indústria fecha a agência de Patrocínio. Naquele local instala-se o Banco de Minas Gerais, que na década de 60 também fecha a agência na cidade.
1923: PRIMÓRDIOS DO FUTEBOL – É fundado o Ypiranga Esporte Clube. Os principais fundadores são Francisco Moreira (filho do célebre advogado Silvestre Moreira), Totonho Ribeiro, Sebastião Elói e Agnaldo Botelho (contador; na década de 40 passou a residir em Belo Horizonte, onde se torna um dos primeiros professores na Faculdade de Ciências Econômicas/UFMG; faleceu na década de 70). Quincas Borges, filho do coronel Honorato Borges, é o primeiro presidente. O campo de futebol é no próprio Largo do Rosário (hoje Praça Honorato Borges). Não há alambrado nem muros. Aos domingos a plateia é de aproximadamente 500 torcedores, postados bem próximos aos atletas. No final da década de 20, no governo do agente executivo (prefeito) Abdias da Silva Campos, é inaugurado o lendário Estádio Municipal Quincas Borges, perto da estação da Estrada de Ferro Goiás (hoje, onde estão os quarteirões entre a Igreja São Francisco e a via férrea).
ANOS 30: ÔNIBUS – O primeiro ônibus, chamado jardineira, a fazer uma ligação intermunicipal pertence a Porfírio Silvestre Novais, filho do músico Zequinha Silvestre. A jardineira construída à base de madeira tem apenas oito lugares (assentos de pau) e explora a linha Patrocínio – Dourados – Vila Guimarães (Guimarânia) – Patos de Minas. Vai em um dia, volta no outro, pela estrada estreita e empoeirada.
INÍCIO DA DÉCADA DE 40: PRIMEIROS TÁXIS – O primeiro ponto de carros de praça (táxis) está localizado na encascalhada Praça Honorato Borges, em frente ao Banco do Comércio e Indústria (o belo casarão é o mesmo ao lado do Oxente Uai Restaurante Pizzaria e Choperia, hoje). São seis automóveis, sendo um Chevrolet-1939 de João de Deus, Chevrolet-1938 de João Comprido, Ford-1938 de Emídio Santos-Patinho, Ford-1937 do Milton, StudeBaker-1932 do Fiínho Amaral e Chevrolet-Ramona do Pedro. Todos os carros importados. Os dois últimos com capota de pano e oito lugares cada. Os quatro primeiros tidos como carros fechados de luxo. Nessa época não há jardineiras nem ônibus regulares. Os carros levam cerca de 3 horas até Patos de Minas e 4 horas até Carmo do Paranaíba, cidade que mantem enorme vínculo com Patrocínio. Em 1943, surge o segundo ponto na Praça Santa Luzia, onde funciona o serviço de alto-falante (Tabajara), com o deslocamento dos choferes Fiínho e Pedro.
ABRIL DE 1965: CENAS – Nos cines Patrocínio e Rosário as atrações são os filmes “O Capitão Simbad”, com Guy Willians, em Cinemascope, e o “Mais Irresistível Forasteiro”, com Glenn Ford. Atlético Patrocinense empata com o CRAC, em Catalão/GO, por 1 a 1. Paturé (camisa 5) e Gulinha (camisa 10) são os destaques. Aero-Willys é o carro nacional mais moderno, o Gordini, sucessor do Dauphine (carros menores que o Fiat 147 e Fusca), é a “coqueluche”. Roberto Carlos e a sua Jovem Guarda começam a fazer sucesso na cidade. As músicas românticas da Itália também são sucesso. A Rádio Difusora, Gazeta e o Jornal do Comércio (de Léo Caldeira) são os órgãos de imprensa de Patrocínio. Oliveira Júnior apresenta o programa Manhã Sertaneja de 7h às 8h, numa gentileza de Casa Manuel Nunes e às 18h a Ave Maria, pela Difusora. Hélio Furtado de Oliveira (velho PSD) é o presidente da Câmara Municipal. Os vereadores nada recebem nem para viagens.
ABRIL DE 1980: INAUGURAÇÕES INESQUECÍVEIS – Na comemoração dos 138 anos de emancipação política do Município, com as presenças do Governador Francelino Pereira, vice-presidente da República Aureliano Chaves, diversos deputados e enorme público, são inaugurados o Palácio Brumado dos Pavões (sede da Prefeitura), o Palácio da Justiça Presidente Juscelino (Fórum), o novo prédio da Caixa Econômica Federal, a pavimentação de acesso à Minasilk e Sericitêxtil (indústrias da seda), a Escola Venina Amaral (Salitre), 150 casas populares do Matinha I (e iniciadas mais 300 no Bairro Matinha II) e a pavimentação da Rua Artur Botelho, acesso à Faculdade. A cidade está encantada com o progresso. Pedro Alves do Nascimento na “Difusora”, nem se fala. O prefeito é Afrânio Amaral, nomeado pelo governador Francelino Pereira.
ABRIL DE 1982: MELHOR GINÁSIO – O Patrocínio Tênis Clube inaugura o mais moderno ginásio poliesportivo do Alto Paranaíba, na administração Afrânio Amaral. Na programação as duas melhores equipes do basquete brasileiro, Sírio-SP e Francana; e um quadrangular de futebol de salão, envolvendo PTC, Atlético Mineiro, Uberlândia T. C. e Olímpico de Belo Horizonte.
ABRIL DE 1985: PRIMEIRA COLUNA NO JP – Reivindicadas novas agências bancárias. XXXX A rádio Difusora transmitiu simultaneamente Cruzeiro X Guarani no Mineirão (com Siloé Araujo e José Maria Campos) e Atlético X Flamengo no Maracanã (com Luiz Antônio Costa e José Carlos Dias). XXXX Após sugestão da coluna, é criada a AMAPAR, Associação dos Municípios do Alto Paranaíba. XXXX No dia 21 de abril morre Tancredo Neves. XXXX 30 de abril morre o médico Michel Wadhy (fundador da Academia Patrocinense de Letras-APL). No cemitério, o vereador e renomado radialista Assis Filho faz a despedida em nome da Câmara Municipal e da Imprensa. XXXX Patrocínio precisa disputar a Terceira Divisão. Campeonato Amador é pouco. XXXX Volta a ser discutida a pavimentação da rodovia Patrocínio-Perdizes.
PALAVRA FINAL EM DOIS LANCES
1 – INGENUIDADE – A presença do frei Ederson Queiroz em Curitiba, com discurso político a favor dos pobres, tornou-se página negra na história da cidade. Defender os pobres e os cidadãos tem que começar pela luta contra a corrupção (de qualquer partido). E nunca apoiá-la. Se roubam, como roubaram, faltarão saúde e educação, principalmente, para os pobres. Frei Ederson precisa refletir mais. E orar.
2 – NIVER – Dia 25 de abril, o jovem idealista diretor da Gazeta e do CAP, André Rezende Cunha, contou mais um ano em sua vida. Parabéns, guerreiro!
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 28/4/2018.