Mandato. O prefeito de cada cidade do País começa o seu agora. As dificuldades são regra geral. Faltam recursos. Máquina administrativa inchada. Fornecedores em atraso. Buracos nas vias urbanas são normais. Projetos inacabados. Esse é um pouco do cenário nacional. Em nossa querida Patrocínio não é diferente. O novo chefe do executivo municipal, Deiró Marra, enfrenta a adversidade com garra e gestão. E até decreta a necessária calamidade financeira municipal por 180 dias. Assim, esse período de eleições, posse e começo de nova administração é propício para relembrar um singular caso ocorrido em Rio Paranaíba, há 58 anos.
CAMPANHA ELEITORAL – Falando em eleições, há de se falar em promessas. Cada candidato tem as suas. Promessa disto, promessa daquilo. Promessa possível, promessa impossível. Promessa normal, promessa anormal. Sobre promessa anormal, excêntrica, é registrada uma ocorrida na vizinha cidade de Rio Paranaíba, em 1959, que gerou livro e transpôs fronteiras. “Só tenho um chefe: Deus. Um programa: minha consciência. Uma bandeira: a verdade. Um compromisso: servir o povo.” Assim, o candidato a prefeito José Jacinto de Alcântara, conduziu sua campanha eleitoral. Sob a égide de Deus.
A VITÓRIA – O símbolo de seus propósitos cristãos foi uma cruz de madeira erguida no morro Santa Cruz. Os eleitores de Rio Paranaíba acreditaram em suas promessas, elegendo–o prefeito para o período de 31 de janeiro de 1959 a 31 de janeiro de 1963. Alcântara, com laços familiares em Patrocínio, obteve mais de 70% dos votos naquela eleição.
A GRANDE SURPRESA – Entretanto, o mais inusitado viria depois. Decorridos alguns meses após a posse, o prefeito verificando a dramática vida em seu município – inexistência de recursos, reivindicações populares, desemprego, burocracia, entraves técnicos e políticos – outorgou a administração do Município a Deus.
O FATO – Acredite se quiser, o primeiro decreto de José Alcântara, de nº 01/559, entregou simbolicamente Rio Paranaíba ao Rei dos Reis, como ele próprio escreveu. Sucedendo uma série de considerandos, o artigo único do decreto assim dizia: “Fica o Município de Rio Paranaíba, a partir de zero hora de hoje, 25 de dezembro de 1959, data natalícia de N.S. Jesus Cristo, entregue às sábias e operosas mãos do mesmo Cristo.”
A REPERCURSÃO MUNDIAL – O decreto, inédito em todo o mundo, provocou inúmeras manifestações. Entre elas, a do histórico Presidente John Kennedy dos Estados Unidos, a do maior Presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, e a de quase todos os prefeitos municipais do Brasil.
KENNEDY E JK – Traduzido em oito idiomas, o decreto foi remetido a vários países. “É um clarão de luz potentíssima... toda a miséria humana vem da ausência de Deus...” escreveu Kennedy. “Gesto tão grande quanto o alvorecer desta prodigiosa Nação, nascida sob o signo da cruz... documento de raro valor ético e estético...”, expressou JK. Esse decreto gerou o surgimento de livros sobre a questão.
POR FIM – Parece que essa não é a situação atual de Patrocínio. Mas o místico decreto foi questão de fé. A mesma fé que leva pedir a Deus a divina proteção para o prefeito de Patrocínio. Que Ele também ilumine cada patrocinense, parceiro ou adversário. Pois esta terra merece um grande prefeito e o melhor para os patrocinenses nesse novo tempo. Que ora se inicia.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 21/1/2017.