Trabalhei por 35 anos, quase na mesma empresa: 30 na Serviços Gráficos e 05 na Gráfica A3. Hoje em dia, alguém permanecer mais de três décadas no mesmo lugar como colaborador no setor privado é um grande feito. A média tem sido 05/06 anos batendo ponto no mesmo lugar. No meu caso, foi mais da metade de minha vida.
Entrei com 25 anos, saio com 60.
E assim. Neste 25/05/21, assinei minha rescisão de contrato de trabalho com a Gráfica A3. Saio aposentado e com rescisão de contrato a meu pedido.
Antes de mais nada, minha gratidão em letras garrafais ao MAURÍCIO CUNHA, ISABELA REZENDE CUNHA e ANA VALÉRIA REZENDE CUNHA, por me confiar ter sido colaborador na empresa de vocês. Foi pra mim uma honra. Por vocês, meus filhos não conheceram o semblante de um pai desempregado. Já no topo deste “Mural da Gratidão” está cravado o nome de vocês.
Mas, procure ai uma poltrona confortável, leitor, senta, peça um cafezinho, um mate, um vinho, ou uma breja, lá vem história...
Depois da trabalhar na fábrica de calçados SAIASI, e no Jornal de Patrocínio, (internamente como representante comercial e repórter, posteriormente, como colaborador/colunista), deixei o Fundão da Matriz, onde residia com minha Vó, e fui para o Bairro Leblon, em Uberaba. Por lá, intercalei residência com minha irmã Marta/ saudoso Zé Prata e minha irmã Lúcia/ Toninho.
Eu era “apenas um rapaz latino-rangeliano, sem dinheiro no banco sem parentes importantes” Disposto a fazer “com meu braço o meu viver” Vivia por música.
Meu sonho de consumo era trabalhar no Jornal da Manhã, na Biblioteca Pública Municipal. Ou, através de Chico Xavier, fazer alguma letra de música de minha lavra chegar ao Roberto Carlos, para que, quem sabe, num descuido, gravaria. Utopia das tantas. Nunca estive com Chico e “esses detalhes foram sumindo na longa estrada”
Na Biblioteca, precisava enfrentar um concurso público, ou um famoso padrinho QI.(Quem indica) Não tive nenhum. Porém, fiz daquela casa de livros a minha segunda casa. Aproveito para agradecer a doce e edificante companhia de Machado de Assis, Mário Quintana, Manuel de Barros, Calos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Murilo Mendes, Rubem Braga...
No Jornal da Manhã, não fui lá muito bem recebido. Não os culpo. Ninguém dá a mínima para o pedido de um rapazinho qualquer, dizendo que queria uma chance para ser colunista no jornal (E teria sido o melhor deles, não duvide) Com Drummond a coisa deu certo. Na vida há tem causo e caus. Voltei ao jornal, outra vez, desta feita procurei pelo patrocinense Paulinho Silva. Um colunista social de altíssimo conceito, conhecia na palma da mão a nata da sociedade uberabense. Extremamente cortês, me recebeu muito bem, entretanto, não me ajudou como esperava.
Inaugurava uma loja de materiais de construção naquela cidade. Uma sen·sa·ção. Uberaba só falava no big Showroom da tal loja. Fui pedir ao Paulinho, uma carta de apresentação para trabalhar como vendedor na loja. (Eu atirava para todo lado, mermão) Sai de lá com um bilhetinho mequetrefe dentro de um envelope colado. Curioso, coloquei o envelope contra o sol e pude ler, depois de uma efusiva saudação ao amigo empresário, lhe desejando sorte nos negócios, um perdido seco: “arruma um ‘empreguinho’ para este rapazinho ai, gente boa ..” Desapontado, pensei em rasgar aquilo, mas arrisquei para ver o final da história.
Depois de um chazinho básico de cadeira, o tal empresário de posse do bilhete com a palavra “empreguinho”, me olhou de alto a baixo. “ Bom... o emprego que temos aqui é de chapa, para carga e descarga de cimento, mas você é fraquiinho, não serve... Temos, também uma vaga de Guarda Noturno. Tem de ficar de 22:00 horas, às 5:00, lá na calçada vigiando a frente (display) da loja. Por sinal pode começar amanhã, sexta-feira”. Pensei... aceito, mas passo para dentro do balcão, logo. Já tinha, inclusive um curso de técnica e psicologia de vendas. Entretanto, a nossa prosa ali tomou outro rumo. Lembrei do casamento de um tio de minha namorada em Patrocínio, éramos, inclusive, testemunhas. Pedi se podia começar na próxima segunda-feira. O empresário deu uma risadinha cínica e começou a dar sermão e me fustigar: “Olha como são as coisas, pede emprego a gente dá, ai fica se fazendo de difícil.” E por fim disse: “O tal casamento em Patrocínio, ou o emprego em minha loja”. No rompante, dei um soco na sua mesa que papel voou e bradei em alto e bom som. “Toca este empreguinho no seu #”*” Sai da loja, com um nó na garganta, mas recebendo olhares de admiração e até elogios de alguns colaboradores, confirmando que o tipo não era lá boa bisca. Na saída a recepcionista me abordou, pedindo para voltar que o energúmeno queria falar comigo. Se me arrependo da atitude? Fiquei orgulhoso de minha bravura. Hoje moro ao lado da casa desse meu Tio. Formaram uma linda família. A tal empresa, se ainda existe nada sei.
Tem horas que o bonitão do anjo que me protege, dá umas cochiladas estranhas. Naquilo que deixei o homem do “empreguinho”, lá vou eu pelo Bairro da Abadia, meditabundo pra dedéu. Eis que estarraca no meu braço, uma mulher de vida muito mais difícil do que a minha, me intimando para atravessar a rua para (como vou dizer...) “rezar um pai nosso” com ela na casa de frente. Disse que não sabia “rezar”. Nada. Me ensinaria. Disse que não tinha dinheiro para a “reza”. Nada. O relógio serviria. Disse que ia na casa de minha irmã e voltava. Ficou pior. Ela disse que iria comigo também. E estava indo mesmo. Foi quando tive a ideia de dizer, que o problema era minha irmã.( Tadinha da minha irmã, que ela jamais leia isto). Disse que era barraqueira, não tinha dúvida que iria moer ela no pau. Funcionou. Soltou meu braço. Dei minha palavra que voltava. Até hoje não entendi foi o chochilo do anjo escalado para me proteger. Será se ele pensou que “reza” era reza mesmo?... Mas tem uma coisa: Com a cena, esqueci todos os meus problemas...
Um ano em Uberaba. Não fui pesado aos meus familiares. Trabalhei de Servente de Pedreiro, na construção do Supermercado Uberabão (Tudo muque, sem o luxo da betoneira); Guarda Noturno em uma Vidraçaria – Grande Distribuidora atacadista de vidros regional . (Tenho de dizer: Todos as noites por volta de 9:00, meu patrão Homero Homem Brandão, pessoalmente levava para mim uma garrafa de café, com algumas quitandas. Perguntava se estava tudo bem, mais alguma conversa amena e seguia rua acima em seu carrão. Pouco tempo depois, já não residia em URA, a triste notícia de seu suicídio. Num domingo á tarde telefonou para um colaborador, pedindo que viesse até a empresa, chegando lá o encontrou enforcado, sem vida... Por que?...Muito triste) Vendedor de Seguro Funerário na Funerária Irmãos Pagliaro ( Vendia Caixão, mas se diz “Plano de Seguro Funerário”, com um monte de convênios para não assustar tanto o freguês ) e Vendedor externo na Papelaria Central. (Representante comercial na região, podia fazer Patos, Araxá, Monte Carmelo, mas não me deram exclusividade em Patrocínio, devolvi o portfólio de produtos e cai fora)
Deixei a Cidade das Sete Colinas. Voltei para Patrocínio. Portas fechadas. Não tinha emprego, contudo, não faltava bom trabalho. Voltei a trabalhar de auxiliar de pedreiro, fiz parte da turma do Joãozinho da Tia Sanica, inclusive, ajudei na construção da residência da Profª, Advogada, Zaina Abrão de Carvalho. Trabalhando, mas distribuindo curriculum. Aprendi a ser feliz e agradecido com o que tenho em mãos. (“É correto contentarmo-nos com o que temos, não com o que somos” ) Não sabia o poder disto em minha vida.
Fiz uma oração na época: “Senhor, se for da Sua vontade, que eu trabalhe a vida inteira neste serviço, farei com a máxima alegria de minh’ alma, mas se o Senhor, tiver pra mim outra alternativa, é com o Senhor a decisão”
Foi o Grande Segredo. Poderia até escrever o um Livro com o título “O Poder do Contenta-se” Foi a chave que começou a abrir portas...
Era um sábado de manhã, acordei com um desejo incrível de ir até a Moto Minas, concessionária da Volkswagen em Patrocínio, pedir emprego. Um milagre. Ninguém na sala do Diretor, José Amorim. Ele desenhava alguma coisa, numa enorme folha risque & rabisque, já toda desenhada. Ele espichou a prosa puxando a minha língua em tudo que é assunto. Muito sábio, ás vezes não sabia se estava brincando ou falando sério. Não cai na dele. Falei sério.
“ O que você acha de greve”. Pergunta de queima roupa, visto que um sindicalista barbudo aprontava um escarcéu no ABC Paulista. “Greve é um instrumento Constitucional, mas até o último de mim, sou pelo diálogo e entendimento” . Foi me dando trela, fui ganhando a sua confiança.
De repente ele me pergunta se conhecia a Serviços Gráficos – SGL.
Serviços o que? Jamais tinha ouvido falar. E para meu espanto, ficava escondida no fundo da Moto Minas. Empresa sem placa externa. Publicidade zero. Não atendia clientes da cidade. “ Procure lá o gerente David Santos e diz que já falou comigo”. Sem bilhetinho, senti firmeza. Quando entrei dentro da tal gráfica, fiquei completamente deslumbrando, atônito, meio grogue. Aquilo era o paraíso e caos ao mesmo tempo. A conversa com David foi curta, era tanto serviço que ele rodopiava, nem tempo tinha pra conversar. Estava contratado. Agarrei, aquela oportunidade, como aquele náufrago agarra uma tábua no lá meio do mar...De repente o telefone toca, era Sr Irineu Rezende, então Gerente da Onogás: “Milton, sua ficha foi escolhida, pode vir trabalhar como vendedor”. Aquilo era, então, uma oportunidade de ouro. Custei a convencê-lo que ia continuar no novo emprego. Hoje a loja não mais existe. O Preguinho, filho do Sr. Quim Arantes, me para na rua: “Comprei uma máquina nova lá na fábrica de calçados, ela é sua, pode começar a trabalhar”. Lá vai eu agradecer e dizer que estava começando numa gráfica, pretendia continuar. A fábrica também hoje não mais existe. E, assim em 02 de Maio de 1986, SERVIÇOS GRÁFICOS LTDA, ERA PRIMEIRA EMPRESA A POR O SEU NOME EM MINHA CARTEIRA. No ano seguinte me casaria...
Tempo de muito trabalho... a empresa chegou por muitas vezes a ficar entre as primeiras no ranking de ICMS na cidade.
ANEXO Á MOTO MINAS
A Serviços Gráficos, LTDA, surgiu em Patrocínio, há 40 anos ( 1981) Os irmãos Enói e David Santos, convenceram , Sr Nenê Constantino da importância de se ter uma gráfica para atender ao crescente holding de empresas no setor de impressos. Encontraram um parque gráfico bem em conta lá em Belo Horizonte, embora os equipamentos haviam ficado submersos numa grande enchente, ocorrida no Rio Arrudas, nenhum dano maior ocorreu . Nada que alguns dias de sol não ajudasse.
Em Patrocínio, a SGL, funcionou por cinco anos, anexo, onde também funcionava o Expresso União, (atualmente lá está a Igreja Internacional da Graça). Período o qual não vivenciei.
No fundo da Moto Minas, ocupando três barracões,( um para os maquinários, outro para acabamento e outro para estoque de papel ) lá, sim, começava a minha história.
Quantas vezes, Martinho, Gilmarão, Eliziário e eu dobramos a noite de sexta-feira no trampo e continuávamos no sábado até o meio dia. Quando chegava uma campanha política, então, ficávamos assoberbados. Entre tipografia e offset, apaixonei mesmo por uma Guilhotina Polar 90. Aquilo era um academia para o corpo, alma e coração. Lidar com a textura de papéis, opaline, aspen, casca de ovo, vergê creme, era um fascínio. Mas quem operava a máquina na época, já foi logo me dizendo: “Aqui na sua cara, parceiro, é ruim de te ensinar a trabalhar nela, depois você aprende e toma o meu lugar” Pedi a ele que pelo amor de Deus, não me ensinasse, absolutamente nada. Contudo, se Deus, quisesse que um dia eu trabalhasse nela, estaria para nascer um homem para impedir. Ele se foi por coisa melhor. E assim foi.
Tudo pra ontem. As empresas todas em outros estados. Até três horários de despachos por dia, aproveitando a conexão dos ônibus do Expresso União Brasil afora. Por falta de um impresso um ônibus da Reunidas, Planeta, Cruz, Cidade Canção, Luwasa, Cometa, Breda, Piracicabana, Itamarati, Manuel Rodrigues, Princesa etc poderia não sair da rodoviária. ( Mais tarde, também, aviões da Gol e Varig) Era um girador de pratos. Abastecia de serviços as oito máquinas. Buscava impressos no acabamento, refilava, colava, levava novamente ao acabamento para grampear, buscava de novo para refilar e cortar ao meio, levava de novo ao acabamento para empacotamento e despacho. Isto subindo e descendo uma escada de dois degraus o dia todo.
Sempre busquei ser produtivo e manter um ambiente de resultado no trabalho, mas de muito respeito. Algumas vezes pedi aumento para algum colega de trabalho, ao invés de ser pra mim. Certa vez, deram aumento para todos, menos para uma negrinha faxineira. Me doeu vê-la comentando aquilo com os olhos marejados. Escrevi, um bilhete e pedi que fosse entregue ao diretor da época. “Que isto, deu aumento para todos, não deu pra ela, só por que ela é negra?”. Reunião urgente. Meu gerente David, que, até então, nada sabia, eu, e um monte de coordenadores de setores. (Alguns até puxa-saco) “ Estou aqui com um recado do Milton, não vou nem comentar o que ele escreveu. O que vamos fazer com a Verinha?” No final da tensa reunião, ela que seria mandada embora, ganhou novas e melhores oportunidades e até seu falecimento permaneceu na empresa. Acho que quando encontra-la no céu, vai continuar me agradecendo. Se hoje, a defenderia? Sim. Porém jamais usaria os termos que usei. Um subordinado, precisa saber se dirigir ao seu superior e vice - versa.
ANEXO AO EXPRESSO UNIÃO
Cerca de doze anos funcionando anexo á Moto Minas, a referida empresa solicitou as instalações. Se ainda não viu, não queira ver a mudança de uma gráfica. Mesmo contratando uma empresa especializada, e o destino da mudança era do outro lado da rua, foi uma operação daquelas. Fomos bem recebidos no novo local, conquistamos amigos para a vida inteira. Meu local de trabalho ficava a poucos passos da sala do Diretor, Ronaldo Samuel, onde tivemos uma convivência saudável e respeitosa. Hoje, um amigo.
De novo me vi diante de um problema angustiante, digno de amarelar e pedir as contas.
Numa gráficas os setores de pré-impressão, impressão e pos- impressão, precisam estar interligados, de preferência tudo linear, no mesmo piso. A nova gráfica, contudo, funcionava em dois pavimentos. Longe, porém de ser este o maior problema. O desafio era uma escada em forma de caracol, por onde tinha que descer e subir toda produção. Durante cinco/seis meses eu com a ajuda do colega Renatinho Alves, aguentamos o trampo, o tranco e os riscos. Mas, ficou insustentável.
Lembra-se do Grande Segredo que citei. Disse que até poderia escrever o um Livro cujo título poderia ser “O Poder do Contenta-se” A chave que abre portas... Tive um tête-a-tête com Deus: “ Senhor, é sobre aquela escada em meu trabalho. O Senhor, sabe do risco que corro descendo e subindo serviço por ela. O Senhor, sabe que uma queda daquela escada pode ser fatal, se tiver sorte posso ir para uma cadeira de rodas. Se isto porém, for da Sua vontade não fugirei ao meu destino. Mas, se não for, o que o Senhor está esperando para dar uma solução?” Não tinha visto a mão de Deus agir daquele modo que se seguiu. Fiquei - e ainda fico- deslumbrado ao relembrar.
Poucos dias depois. Um cena inédita. Um helicóptero verde limão pousou no pátio da empresa Expresso União, dele descia Henrique Constantino. O moço trajando um terno jeans azul, fazendo questão da humilde companhia do Sr. Zé Capitão, passou pelos departamentos da empresa. Até ai tudo normal. De repente ele ruma para a gráfica. Cruza o setor de produção, abre a porta do escritório onde ficava escada, e...dá de cara comigo bem no meio dela, descendo um serviço. Esperto que só, tascou: Espere aí, espere aí... ele desce e sobe serviço por esta escada? “ Não, já estamos fazendo um elevador”. Alguém apressou em dizer. “ Um elevador, como assim?” “Sim, vamos construir em breve um elevador. Por coincidência, o rapaz que desenhou este elevador, está aqui na gráfica, agora". “Chame ele”. Chamaram Flavinho Apolinário. Henrique, não mudava de assunto. “ Cadê o projeto, moço?”. Por coincidência, estava no seu carro todo empoeirado. Foi buscá-lo. “ Onde vai ser construído?” Quis saber, Henrique. “ Ali, do lado de fora”. O moço não dava fôlego para a galera. “ Vamos lá ver”. Fui junto. Mostraram pra o caçula do sr Nenê, onde seria. Ele não deu trégua. “ E se ventar? e se chover?” “ Há, bem, se chover ou ventar forte, volta a usar a escada” Responderam-lhe... Falei bem baixinho para meu gerente, David: “ Sempre achei que este elevador ficaria bem, ali naquele cantinho, inclusive para descer as caixas de despacho” Para minha surpresa, Henrique ouviu e virou-se para mim perguntando: "Onde você acha que ficaria bem?” Tive que falar e mostrar onde. “Mas ai tem de cortar a laje”, alguém argumentou. “ Sim, qualquer pedreiro sabe como fazer isto bem”
E virou-se para o meu gerente e diretor: “Urgência urgentíssima. Depois me envia um e-mail dizendo que isto foi resolvido” . Nunca mais o helicóptero verde limão desceu no pátio do daquela empresa.. O elevador está lá sendo útil até hoje...O milagre do helicóptero verde.
Enquanto isto, ESCREVIA COMO PATRABALHA. Fui sempre um colunista muito bem lido na cidade. O que me levou a ser indicado e eleito (Sem pedir) membro da Academia Patrocinense de Letras. Me candidatei a vereador, etc.
Corria os anos. Cheguei a trinta anos de carteira assinada. Quando se começa a sonhar com uma aposentadoria. Eis que chega uma notícia/bomba. O Diretor, Ronaldo Samuel, chama para uma reunião, meu gerente, Lélis da Costa Júnior, o arte- finalista, Reinaldo Romão, nosostros acá e anuncia em tom sentido: “Os acionistas decidiram desligar a gráfica do Grupo, o negócio deles é ônibus, não entendem de gráfica. Decidiram que a gráfica vai ser repassada para vocês, três, colaboradores mais antigos." A cabeça rodava, a ficha não caia. Tínhamos menos de dois meses para achar um novo local, abrir uma nova empresa e mudar. Sem nenhuma garantia de que a parceria com as empresas do grupo continuaria. De empregado a patrão, de noite para o dia. Não tinha como. Mesmo assim, Ideias desfilavam, levava aos futuros sócios as minhas sugestões nanicas, porém bem intencionadas. Lélis no gerenciamento era ponto passivo, entre nós. Sugeri que o nome da nova gráfica fosse “Gráfica Áurea”, em justa homenagem a matriarca da família Constantino. Outra sugestão, era implantar participação de lucro. Como meus colegas mereciam isto! Mas era preciso estudar melhor o tema. Também redigi um ofício endereçado ao amigo Paulinho Constantino (Irmão do Sr Nenê) solicitando a sua intercessão para que a gráfica fosse repassada aos colaboradores a fundo perdido, sem que utilizássemos o nosso acerto trabalhista na aquisição como era o plano. Paulinho foi solícito, mas a data fatal bateu ás portas.
Desistimos. Aos 44 minutos do segundo tempo, a gráfica então foi vendida para um mecânico gráfico de São Paulo, que, por sinal, era um dos que amiúde fazia manutenção no maquinário. Uma pá de cal na nossa esperança...
Lembra-se do Grande Segredo que citei. Disse que até poderia escrever o um Livro cujo título poderia ser “O Poder do Contenta-se” A chave que abre portas...Levei ao Trono de Graça a situação e (Claro que os colegas também)
NOSSO PARAQUEDA RESERVA
Aos 45, do segundo tempo. Quando ia bater-se o martelo, finalizando o negócio, descobriu-se que aquele que estava adquirindo a gráfica, tinha alguma pendenga com o Leão Federal. O negócio foi desfeito na hora. A comissão encarregada da transição da gráfica volta a contactar com o empresário, dono da coirmã, Gráfica Real, Maurício Cunha. Que já havia recusado o negócio e nem na cidade no momento, estava. Diante da insistência, exímio negociador que é, com mais de 40 anos de experiência no setor, pos as cartas na mesa e buscou o melhor para ambas as partes. Houve um concílio familiar na mansão dos Rezende/Cunha, para deliberar sobre o assunto. Quem assumiria a responsa. Um filho ficou em silêncio; o outro não quis falar, a caçula da família ISABELA REZENDE CUNHA, deu um passo á frente e disse: Deixa comigo.
E assim, nosso Paraquedas reserva se abriu:
GRÁFICA A3
Se ainda não viu, não queira ver a mudança de uma gráfica...Portanto, em Fevereiro de 2016, sob nova direção, desceu para o centro da cidade, ganhou nome curto para estilo gráfica rápida e em Fevereiro de 2016, desceu para o centro da cidade. Ganhou nova logomarca em cores bem pensadas. O amarelo que significa otimismo, foco, comunicação e fidelidade. Preto, sugerindo elegância, inteligência, proteção e força. Fez-se o máximo para manter todos os integrantes da equipe mais genial, coesa, responsável e produtiva da cidade, gerenciada por Lélis da Costa Júnior. Repito : Equipe mais genial, coesa, responsável e produtiva da cidade. Na inauguração um coquetel reuniu toda staff de colaboradores da empresa, com a nata da imprensa rangeliana, junto ao escol social, empresarial e político da cidade. Oportunidade para que todos conhecessem, com transparência o parque gráfico e o ‘modus operandi’ da produção gráfica e não tivessem dúvidas quando fossem pedir os seus impressos.
Gráfica A3, agora continuaria com a parceira com o grupo Comporte/Glaurus, mantendo Lélis, como elo no sólido contado entre as empresas, mas aberta para atender toda Patrocínio e região. Como toda empresa, este colaborador acerta e sai, aquele chega para somar. Permaneci.
Festas comemorativas eram no Traira's, Restaurante Jamaica. Festa de Final de Ano era em aprazíveis chácaras celebrando a vida, o trabalho e a família.
Lance triste? Tenho. O maior deles: Um companheiro tombou no fragor da batalha. JOÃO FERNANDES DOS SANTOS...Era uma segunda- feira (24/07/17), poucos minutos após bater o ponto, tomou um copo d’água. Apoiava com as duas mãos em uma máquina de confeccionar agendas, passei por ele, achei aquela postura muito estranho, e mais estranho ainda o jeito que me olhava. Parecia querer me dizer alguma coisa. Dei uns cinco/seis passos, voltei, para uma brincadeira, um dedinho de prosa. Me deparei com ele no chão já desmaiado. Levado rápido para a Santa Casa, falecia poucos minutos após dar entrada no setor de emergência. Embolia pulmonar (infarto). Lá se foi mais do que um companheirinho da longa lida, um afetuoso padrinho de casamento...Ficou um vazio. Prosseguir foi preciso; esquecer, jamais...
Veio a pandemia galopando pelo universo, ceifando vidas; trucidando empresas. Sobrevivência, resiliência, reengenharia e reinvenção se tornaram palavras de ordem no momento. A Gráfica A3, segue com valentia cumprindo o seu papel.
Afastado, voltei a trabalhar; afastado, voltei a trabalhar...35 de INSS bateu em minha porta.
Mandei a real para o Anjo do “milagre do Helicóptero verde”, que pensei até que já tivesse se aposentado: “Querem que eu fique mais 05 ou 10 anos no ringue”?
Um conclave celestial que delibera sobre aposentadorias se reuniu, folearam minha Carteira de Trabalho, assistiram a um videotape de minha lida e não tiveram dúvida: Retiree, jubilatìo, ("Gritos de alegria".) ( Lá no céu eles usam o Latim até hoje) “Gritos de alegria” O que acham que eu fiz?
Detalhe: Sai de cabeça erguida e pela porta da frente (Lutei muito por isto): “ Voce merece colher ainda mais bons frutos. Gratidão pela sua dedicação e zelo pela empresa e por todos nós. Quando puder faça-nos uma visita, sempre será bem-vindo!” (Isabela Rezende Cunha)
PAINEL DA GRATIDÃO
Seria o pior verme do mundo se não fizesse esse registro pois somos o resultado dos livros que lemos, das viagens que fazemos e DAS PESSOAS COM AS QUAIS CONVIVEMOS: Na Serviços Gráficos SA.: Proprietário, Sr. Nenê Constantino e filhos; diretores e gerentes: Nenê Constantino, *Sr. José Amorim, Valtônio Soares, Elvécio, Ronaldo Samuel, Nilsimar França, *David Santos, Enoi Santos, José Paulo Fraccaro, Lélis Costa.
Na Gráfica A3: Superintendente, Maurício Cunha; Diretora/Proprietária, Isabela Rezende Cunha; Sócia/conselheira, Ana Valéria Rezende Cunha; Gerente, Lélis Costa Júnior.
Colegas de trabalho ao longo dos anos: Reinaldo Romão, Ligiane, Edvaldo Ribeiro ( que me ajudou nessa lista), Lucília, *João Fernandes, Gilberto, Alex, Rosana, Fabíola, Higor, Silvânia, Monalisa, Luana, Richard, Priscila, Neely Lima, Brendo, Tamiris, Solange e Isabel.
Edivaldo Salvador, Vanda Caixeta, Vânia, Tatiane, Gilmar, Pedro Paulo, Israel, Amanda, Mayra, Arthur, Ratinho, Matias, Michelly Constantino, Rafael Pedro, Gabriel, *Eliziário, Giovani Sanarelli, Sebastião Gonçalves, Gabriel Máximo, Irene, Fernando (Zoio), Kelly, Fabiana, Rafael, Valdir, Salvador (Dorinha), Rodrigo, Marcelo, Renalde, Ricardo, Sereno, Fatinha, Eric, Márcio, Keila, Ronaldo Araújo, Nilton César, Renato Alves, Cristiano, Mariane, Flávio Apolinário, Sirlene, Romário, Zilma, Rosilene, Rosimeire, Isaura, Mário (Bozo), Márcia Borges, Dario, Ilda, Márcio Nogueira, Fernando, Zé Elísio, Gão, Márcio Pacheco, Elton, Eliton, Patrícia Souza, Simei, Lucélia, Jussara, *Maria Emília, Luiz Antônio, Angélica, Clodoaldo, Anderson, Dalton, Domielde, Tatiana, * Ely, Leonardo, *Verinha, Neide, Abadia, Ildeu, *Aurélio, Oscar, Robson, Clayton, Sérgio, Thiago, Ivan, Gislene, Humberto, Martinho, Nilson Leal, Juninho, Zé Luiz, Donizete, Valkir, Wander, Raimundo, Emerson, Benísio, Abadia Araújo, Vera (esposa do Ademir), Heloísa, Niltinho (Ditrasa), Leida, Mauri, Tatão, Abadia dos Anjos, Aparecida, Édna, Roberto, Maurício (chapista),Maurício (Impressor), Chirlei, *Amália, Fábio ( Patense), Fábio Lamendola, Fabinho Marra, Aldo, Láudia, Geraldo Jacaré...
Gente que passou por mim e me fizeram ser melhor.