Hoje foi dia de caminhar no lado sul da cidade. Jardim Vitória, Jardim Sul I, II, III. Bairro Enéias, Jardim Mônaco e Jardim Esplanada. ( Como o pessoal da minha urbe gosta de jardim, na prática + ou -) Foram duas horas de caminhada. Apesar do sol esturricante, nem vi passar esse tempo. É que quando saio para caminhar, levo os pés, a mente e o coração. Ou seja, vejo, penso e sinto a cidade.
Como Patrocínio cresceu. De vinte anos pra cá a cidade se estendeu, se alastrou pelo lado sul.
Lembro-me bem do começo da invasão do Bairro Enéias. No final de um tarde, dois ou três corajosos armaram seus barracos. Salpicaram o cerrado de lonas pretas. No outro dia já eram dezenas, no outro já eram centenas. Logo saiu a ordem judicial para ação de despejo. Foi quando o prefeito Betinho entrou em cena, chamou para si a responsabilidade, não permitindo que houvesse violência contra aquelas famílias. O pessoal, foi removido do local para ginásios e outros locais, até que um trabalho de triagem fosse feito e o novo bairro fosse legalizado e dotado de infraestrutura.
O novo residencial era uma promessa de campanha do citado prefeito, mas começou a demorar e a paciência do povo acabou. Quem não tem teto não pode esperar.
Hoje é um bairro nobre. Bem estabelecido, lindas residencias, comércio vibrante. Gente plena de dignidade. (Problema com segurança pública, onde não?) E os bairros adjacentes vieram logo na esteira, mexendo no mapa da cidade.
Aliás, foi-se o tempo em que de dez em dez anos surgia um conjunto habitacional em Patrocínio. Senão vejamos: Populares da antiga cadeia, surgiu nos anos 60; Bairro da Matinha/Engel, anos 70; Morada Nova, 80; Serra Negra, anos 90. Mais ou menos nesta cadência.
Em minha caminhada fui pensando (e que ninguém do PT, leia isto. Mas é um fato)
Falando em moradia popular, não se pode deixar de citar o programa federal de moradia popular denominado, “Minha Casa, Minha Vida,” na gestão Lucas/Fausto Amaral; Lucas/ Betinho, foi sucesso de implantação em Patrocínio.
O denominado, Jardim Sul, que já iria para o IV conjunto habitacional na terceira etapa do Programa M.C. M.V, garantiu para Patrocínio mais de 3 mil residências para as famílias inscritas no CadÚnico. Os investimentos de quase 20 milhões deram um incremento na economia municipal com geração de empregos. Até então, o maior projeto de habitação popular implantado em nosso município. Agora, "Minha Casa..." é "Casa Brasil". Até agora, Patrocínio não viu nem o cheiro desse novo programa.
Que viajada a minha, hein? Isto é que dá caminhar com os pés, a mente e o coração. A cabeça foi longe. A cabeça foi longe. Se localiza. Meus pés, ainda estão na subida do Jardim Vitória.
A primeira cena me fere o olhar... Alguém deve se lembrar da nossa euforia ao anunciar em Dezembro do passado, que a administração municipal, através da Secretaria de Meio Ambiente, estava plantando cerca de 12 mil pés de ipês de variadas cores pela cidade. Cheguei a dizer, a partir dessa notícia, que nossa Patrocínio seria "a cidade Nacional dos Ipês". Mas hoje, em minha caminhada, pela Avenida Pedro Marra, onde alguns dos exemplares foram plantadas, me deparei com as mudas bastante castigadas pelo calor. Algumas já esturricadas, indicando perda total. A velha história, não é somente plantar. Tem de cuidar, gente! Principalmente aguar, regar neste tempo de sequidão. Deixaram a gente sonhar com um cidade linda. Poxa vida! Será se alguém, posteriormente vai replantar?
A caminhada com o coração, ( claro, com os pés e a cabeça) me levou ao terreno onde está sendo construído o Hospital do Câncer. Ali me pediu uma pausa. É uma obra dantesca no tamanho e imensurável em sua importância humanitária para toda região. Primeira unidade em Minas, irmã do Hospital do amor do Amor de Barreto. Pela fresta, deu pra ver a terraplanagem concluída, as gigantescas estruturas metálicas para o início da obra. Pensei o quanto o nome e o sonho do Dr. Ocacyr Siqueira e Dr. José Figueiredo vem sendo honrado.
Pensei nas pessoas que entrarão para história por colocar os ombros debaixo dessa magnífica obra. Jovem liderança, Presidente do Hospital do Amor Thiago Miranda de Oliveira ( que fez aniversário neste dia 18/08.A ele, vida longa com saúde e paz ). E a Superintendente da unidade, Andréia Ribeiro de Almeida. Ainda não a conhece? Que pessoa incrível! Humana, discreta e dinâmica; Vereador Thiago Malagoli, rápido no gatilho como sempre, conseguiu junto ao Deputado Federal Weliton Prado, o expressivo montante de C$ 7 milhões, para o start da construção.
É uma obra financeiramente pesada. ( Ainda não é credenciada pelo SUS) Além da construção , simultaneamente, tem a manutenção do Hospital. Essa doença, principalmente em nossa região, não dá trégua.
Dois cachorrinhos letecos me botaram para circular.
Vejo- me caminhando orgulhoso pela Avenida Radialista Pedro Alves do Nascimento no Jardim Sul III. De repente: Rua Geraldo Alves do Nascimento, Rua Sebastião Alves do Nascimento e Rua Sô Mirote Alves do Nascimento.(Sô Mirante? Alguma coisa errada não está certa) Uma do lado da outra. Curioso, todos da mesma família. Família conceituada, certamente merecido.
A Jovem Gari que varre a rua, me diz que vai ter de parar um pouquinho para tomar um café reforçado, ( como se tivesse que se justificar, logo comigo) Me oferece. Agradeço. Mostra-me ao longo da avenida, a quantidade de sacolinhas plásticas que terá que apanhar.
Desejo- lhe força e prossigo. Uma vó empurra um carrinho com uma criança que se encanta com um passarinho; dois jovens sentados na calçada ouvem as notícias policiais do programa Show da Manhã; dois cachorros agarram uma briga em minha frente; uma jovem senhora varre a calçada; e esse moço de short preto e verde e camiseta cavada já passou por mim três vezes. Ele me olha desconfiado, também olho pra ele da mesma forma. No fim acabei não roubando nada dele e nem ele de mim..
No Jardim Mônaco e no Jardim Esplanada, fico espantado com o número de residências que sendo construídas.
Estou na Avenida Alberto Sanarelli (não é o Alberto Santelli Júnior aqui do Patrocinionline) Conheci-o. Sempre que visitava o Giovani Sanarelli, ali na Quintiliano Alves, ele me recebia, com uma cortesia e distinção que me cativou pra sempre. Feliz por esta homenagem.
Estou diante Centro de Educação Infantil Lili Aguiar, um cheirinho de sopa e vozes de crianças. Doce aroma e rica melodia que inunda a manhã ensolarada.
Logo do lado, na "Escola Rogério Leonardo de Oliveira", algumas crianças lanchavam, sendo observadas de perto pelas professoras. Observei o rigoroso distanciamento social entre os pituchinhos. Pesei, que exemplo para tantos marmanjos, que até hoje não tem noção do perigo.
Também do lado, noto que as obras da Unidade de Saúde do Bairro Jardim Sul, estão em pleno vapor. Dom Deirozão, chegou pra resolver mesmo. Obra muito importante, não apenas para o Jardim Sul, mas para os bairros adjacentes...
Hora de voltar meus pés disseram. Minha mente concordou, só meu coração contrariado queria continuar..
É que normalmente, num giro desse trago flores. Fotos e fotos de flores. Mas esse tempo rústico e rude não permite. Por onde andei, vi a vida teimosa acontecendo, porém não vi cores de "Almodóvar"nem de "Frida kahlo".
No entanto prometo: Um dia, numa caminhada igual a essa hei de lhes trazer uma exuberante florada - e florada de ipê. Posso ouvir um amei?