# Eustáquio Amaral

Novembros Que Se Foram...

25 de Dezembro de 2017 às 19:53

Lembranças. É muito bom tê-las. E quem não as têm? Nossa Santa Terrinha, nossa terra natal, possui momentos que se tornaram históricos. Especificamente no penúltimo mês do calendário, em diversos anos de outrora, há registros que valem a pena recordá-los.

1772: PRIMEIRA FAZENDA – O capitão-mor João Pedro de Carvalho, de Pitangui, determina ao capitão das Entradas Francisco de Araújo e Sá, que mora no Picão, à margem do Rio São Francisco, que vá para o Sítio do Salitre (hoje Patrocínio), acompanhado de 15 a 20 homens “vadios e de menos falta” (conforme registro no Arquivo Público Mineiro). Essa viagem é para encontrar e colaborar com o capitão Inácio de Oliveira Campos, na região desde 1771. Assim, surge a primeira fazenda com roças e posto de abastecimento e hospedagem, nesse lado da Província, à beira da Picada de Goiás (via de tropas e tropeiros que ligava Vila Rica a Goiás). Esse trabalho resultou na fundação de Patrocínio.

1925: PRIMEIRO LATICÍNIO – O queijo é o principal produto de exportação (para outras cidades). São Paulo é a maior cidade importadora. Quanto à manteiga, a produção patrocinense destina-se a Carmo da Mata, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. As principais fábricas de manteiga pertencem ao Coronel Honorato Martins Borges, Luciano Brasileiro, José Cassimiro e Mário Alves (...e hoje Patrocínio não consegue ter sua indústria láctea, embora seja o 2º maior produtor de leite de Minas).

1949: RÁDIO – É criada a primeira emissora de Patrocínio e a segunda da região (a primeira da região foi a Rádio Clube de Patos). No ar, a Rádio Difusora, com 100 watts. O estúdio fica no imóvel da Rua Presidente Vargas com Praça Santa Luzia, onde está o lendário Bar Rex (extinto nos anos 60). O seus proprietários são os senhores José Constantino, Jorge Mansur, José Ribeiro e Osvaldo Santos.

1950: O COMEÇO DA DIFUSORA – A “Rádio Difusora” entra no ar em 1949. Inicialmente, comandada por espíritas expressivos (os comerciantes José Constantino e José Ribeiro), enfrenta obstáculos no comércio local. Por sê-lo em sua quase totalidade formada por proprietários de católicos, limita bastante os anúncios na emissora. A solução é a cobrança de músicas tocadas no programa “Parabéns Para Você” (mantido até os meados da década de 70), apresentado durante a tarde. Como a inflação é bem moderada, o valor de Cr$ 5,00 (cinco cruzeiros) por música prevalece por muito tempo. “Agora, vamos ouvir “Meu Primeiro Amor” com Cascatinha e Inhana, que Geralda oferece ao João pelo transcurso de seu aniversário. E alguém oferece a alguém da Rua Cesário Alvim com prova de amor”. Assim, ilustrando, sempre diz o apresentador Humberto Cortes, depois Petrônio de Ávila, Leonardo Caldeira, José Maria Campos e outros. Nos primeiros anos de operação, José Jacinto Campos e Marta Elói apresentam crônicas e poesias, com sucesso. Os 100 watts de potência dificultam até a recepção do som na área do Córrego do Rangel, afirmava Humberto Cortes. Posteriormente, a rádio é vendida para o Sr. Cardoso, proprietário do Edifício e Cine Rosário. Logo em seguida, ele troca por um carro (modelo importado, pois não existe carro nacional). A Rádio Difusora passa a pertencer a Pedro Alves do Nascimento, no início da década de 50.

ANOS 60: DATILOGRAFIA – Bastante frequentado pela juventude à procura de seu primeiro emprego, o Curso Professor J.G. da Silva se localiza na Av. Rui Barbosa, 468. Datilografia e taquigrafia são ministrados pelo bom João Gualberto, também um grande desportista. Inclusive representando o poderoso Patrocínio Esporte na Federação Mineira de Futebol (FMF). João Gualberto, representante do Frigorífico Dourados naquela época, reside em BH (hoje, datilografia e taquigrafia nem existem mais...).

1980: CENAS – Primeira Coluna do JP insiste na criação da Residência Regional do DER-MG em Patrocínio, com fundamentos, apesar dos disse-não-disse dos políticos. XXXX Frigorífico Dourados é o 4º maior do Estado. XXXX A Parada Regional é o sucesso na Difusora. Aos sábados 11h. Apresentação: José Carlos Dias. XXXX Antigo Fórum passa a ser sede do IAPAS (hoje, está lá a Superintendência Regional de Ensino). XXXX Em Patrocínio, há 20.473 eleitores. XXXX Luiz Antônio Costa inicia a coluna “Bola em Jogo” no Jornal de Patrocínio. XXXX Pelo campeonato amador, na partida Santo Antônio 2, União 1, o goleiro Zé Elói (Maiumonline) é considerado o melhor em campo. XXXX Deputado Lourival Brasil (ex-PSD), majoritário em Patrocínio, fala da pavimentação da rodovia Patrocínio-Perdizes à “Primeira Coluna” do JP, com exclusividade. XXXX Patrocínio perde para Patos de Minas, um grande radialista: José Maria Campos, que passa a integrar à Rádio Clube.

1988: JORNAL PRESENÇA – Pesquisa de preços na cidade é sucesso. XXXX Júlio Elias, Alcides Dornelas e Carlos Ibraim são os vereadores mais votados. XXXX Silas é prefeito com 57% dos votos. Elias tem 34% e Divino 2%. XXXX O bem feito Jornal Presença deixa de circular e Afrânio Amaral prepara a transferência da administração para Silas Brasileiro. XXXX No Cine Patrocínio em cartaz, “Inferno Vermelho” com Shwarzenegger. XXXX A corrida de táxi é aumentada para Cz$ 770,00 cruzados. XXXX Um candidato a vereador, pelo PT, Silvanildo Lima, não tem voto nenhum. Nem o seu, acredite!  

AINDA 1988: POESIA – É lançado o livro “A Poesia de Massillon Machado” em Belo Horizonte. Certamente entre os maiores poetas de Patrocínio, que são poucos, o lírico Massillon Machado nasceu em 4 de novembro de 1899 e faleceu em 26 de junho de 1972. Massillon é uma das grandes referências literárias da história rangeliana.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 2/12/2017.

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