# Eustáquio Amaral

O CALOR ESTÁ AÍ... OUTRO ESTUDO CONFIRMA FALTA DO VERDE

18 de Setembro de 2022 às 16:36

 

                                       

 

 

Tempo. Esse seco de agora (baixa umidade), com temperaturas elevadas, demonstram, mais uma vez, a ausência da natureza na região. E principalmente Patrocínio. A carência de árvores no Município não envolve apenas ruas e praças. A falta se estende por quilômetros e mais quilômetros no território rangeliano. O documento oficial “Diagnóstico da Bacia do Rio Paranaíba” ajuda a mostrar o tétrico cenário, em termos de meio ambiente. O documento pertence à ANA (Agência Nacional de Águas), elaborado pela Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos-Cobrape. Para se ter uma ideia, em 2010, Patrocínio desmatou 24km² de cerrado e Patos de Minas, com área de cerrado muito maior, desmatou só 1/3 do desmatamento patrocinense. Ou seja, 8,8km². E os demais grandes municípios da região cortaram mais árvores do que a dupla Patos-Patrocínio.   

 

O BIOMA CERRADO – A bacia hidrográfica do Rio Paranaíba abrange Minas, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso. Araguari, Perdizes, Uberaba, Uberlândia, Coromandel e Araxá desmataram mais do que Patrocínio. Já as demais cidades menores da região desmataram bem menos. Exemplos: Monte Carmelo (10km²), Romaria (1km²), Cruzeiro da Fortaleza (2,6km²) e Guimarânia (0,5km²). Portanto, Patrocínio e Patos de Minas estão em situação melhor, nesse aspecto (desmatamento do cerrado) do que as outras grandes cidades regionais. Mas... desmataram também.      

 

 PRIORIDADE – Esse estudo da ANA indica algumas Áreas Prioritárias à Conservação. Uma delas inicia-se no município de Patrocínio, às margens do Rio Dourados, passa por Coromandel na região do Rio Paranaíba e abrange pequena parte em Goiás. Essa área é caracterizada como “prioridade extremamente alta”. Portanto, desmatamento por lá está impedido.

 

PATROCÍNIO TEM DUAS BACIAS – Entre as bacias afluentes do Rio Paranaíba (que enviam suas águas para o Paranaíba), Patrocínio é banhada (constituída) por duas. A bacia do Rio Dourados, mais ao norte da cidade, que compreende Patrocínio e Coromandel. E a bacia do Rio Araguari, ao sul. Essa com área 10 vezes maior. O Rio Araguari nasce na Serra da Canastra (próximo onde nasce o Rio São Francisco), e, percorre 475km até cair no Paranaíba, na divisa de Minas e Goiás. No caminho pequenos rios e riachos desembocam no Rio Araguari. Tais como o Rio Uberabinha e o patrocinense Rio Quebra-Anzol.  

 

CERRADO À BEIRA DO FINAL – Na região de Patrocínio quase não há remanescentes de vegetação nativa, segundo o Diagnóstico. Tão somente alguns pequenos pontos em direção a Coromandel, na circunvizinhança entre Guimarânia e Salitre, e, diminutos pontos entre Patos de Minas e Carmo do Paranaíba. O que resta mesmo do cerrado encontra-se entre Cristalina (GO) e Catalão (GO).

 

PATROCÍNIO MINERADOR – A mineração em Araxá, Tapira, Lagamar, Serra do Salitre e Patrocínio é responsável por 82% da demanda por água, na Bacia do Rio Paranaíba.

 

CONFLITOS POR CAUSA DE ÁGUA – Há algum tempo, o IGAM do Estado emitiu 37 declarações de áreas de conflito. No Alto Paranaíba diversas. De Patrocínio, foram registradas declarações no Córrego Queixada, Ribeirão dos Pavões (essa é a maior área patrocinense, com 142km²) e Córrego Bom Jardim. Os conflitos são em função da disponibilidade hídrica e os usos de água. O Alto Paranaíba é a região da bacia (MG, GO, DF e MS), que tem a maior agricultura irrigada.

 

ALERTA TOTAL – Depois do IBGE constatar que Patrocínio está bem na rabeira, dentre as cidades mineiras, quanto à arborização (mais de 220 cidades em melhores condições verdes). Depois da organização Map Biomas informar a taxa de formações florestais naturais por habitante é baixíssima em Patrocínio (algo em torno de 10% do desejável). Depois do Ministério do Meio Ambiente afirmar que faltam unidades de conservação e proteção integral e uso sustentável, no Município. Depois dos incêndios no Serra Negra, Matinha e Serra do Cruzeiro. Depois de tudo isso, registrou-se mais um sinal amarelo. Ou melhor, um sinal amarelo já se avermelhando.

 

CONCLUSÃO – Por tudo isso, é bom conhecer um pouco o que a ANA recomenda. As informações do “Diagnóstico da Bacia do Rio Paranaíba” apenas reforçam o que outros órgãos oficiais ou do meio ambiente já documentaram. Pensar no futuro é a questão maior. É pensar grande! É ter visão do que é o melhor para a população.

 

([email protected])   ***   Primeira Coluna também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 17/09/2022.