Novidades. Alguns fatos e pequenas coisas que se tornaram uma delas numa Patrocínio ancestral. Hoje, já massificados. No cotidiano de outrora, esses fatos simplesmente abalaram os costumes. Dentre tantas novidades, há interessantes exemplos.
OS PRIMEIROS VEÍCULOS, SEM ANIMAIS – Em 1908, a cidade de apenas 3.000 habitantes conheceu a sua primeira bicicleta. Próximo do ano de 1920, já tinha algumas rodando pelas ruas, com poeira e lama, de Patrocínio. Há registros que uma dessas primeiras bicicletas foi de propriedade de Paulo Polonês. Ele era um comerciante especializado em gravatas, pois se usava muito naquela época. Falava-se também que era oriundo da Polônia (mesmo).
O PRIMEIRO VEÍCULO A MOTOR – O primeiro carro, naquele tempo dito apenas como automóvel, chegou em 1914. Um Ford importado. O prefeito (agente executivo) era Arthur Botelho.
A PRIMEIRA ESCOLA – Embora criado em 1912, foi instalado (início de atividades) o Grupo Escolar Honorato Borges, também em 1914, dia 15 de junho. Constituiu-se na primeira escola formal e institucional do Município. De 1914 a 1930, funcionou na Praça da Matriz, centro cívico e comercial da então pequena cidade.
INCRÍVEL: A PRIMEIRA (E ÚNICA) SEGURADORA – O Governo Federal, pelo Decreto nº 10.791, de 4/3/1914, autorizou o funcionamento da Sociedade Anônima de Pecúlios “A Triângulo Mineiro”, com sede em Patrocínio. A administração coube a Tobias de Mello, Honorato Borges, Horário Augusto de Araújo, Antônio Monteiro Salazar, Augusto Pagels (dentista), Cassimiro Santos, João Cândido de Aguiar, Arthur Botelho e padre Nicolao Catalan (jornalista e negociante também) e, José Pedro Ferreira de Paiva. Como suplentes, Bernardino Machado, Olympio dos Santos, Otávio Alves de Brito, Salvador Santos e Adolpho Pieruccetti. Todos acionistas e a maioria “coronel” (título dado a pessoas ricas). É gente muito importante do Município. Não há registros conhecidos de qual fim levou essa companhia de seguros (no Triângulo).
PRIMEIRA LIGAÇÃO: FERROVIA – Dia 12 de outubro de 1918 foi inaugurado o trecho ferroviário Patrocínio-Catiara-Ibiá, que ligaria a região à capital mineira e à capital do Brasil (Rio de Janeiro). Grande festa, banda, foguetes, para ver o trem de ferro, puxado pela barulhenta Maria Fumaça, uma locomotiva a vapor (combustível a lenha). A empresa chamava-se Estrada de Ferro Goiás, depois Centro-Oeste e nos anos 40, Rede Mineira de Viação (RMV). O agente executivo era Arthur Botelho, em seu último ano de mandato.
PRIMEIRO BANCO – Na década de 20, surgiu o Banco Comércio e Indústria, a primeira agência bancária da cidade. Situada inicialmente à Rua Governador Valadares (próxima, onde é hoje a Igreja Presbiteriana). Luciano Brasileiro, o primeiro gerente e Circe Borges, a primeira bancária (raridade em Minas à época, moça trabalhar em banco). Nos anos 30, a agência foi transferida para o seu edifício próprio no Largo do Rosário (Praça Honorato Borges). E, felizmente, o prédio ainda está lá, encantando a cidade. Nos anos 50, o Comércio e Indústria saiu de Patrocínio. Para o seu lugar, chegou o Banco de Minas Gerais, que sobreviveu até os anos 60.
O PRIMEIRO ÔNIBUS – Nos anos 30, chamado de jardineira (pequeno coletivo, à base de madeira), de somente oito lugares, ligava Patrocínio-Dourados-Vila Guimarães (hoje, Guimarânia)-Patos de Minas. Ia em um dia, retornava no outro dia. Pertenceu a Porfírio Silvestre Novais, filho do excelente músico Zequinha Silvestre, membro de corporações musicais (bandas).
A PRIMEIRA LÂMPADA – Quando até então tudo era à base de lamparina, lampião ou vela, surgiu em Patrocínio a luz elétrica, gerada por uma pequena usina hidrelétrica, na região da Serra do Cruzeiro. Pertencente à Companhia Força e Luz, de propriedade de patrocinenses. A sede ficava à Av. Rui Barbosa, próximo à Av. Faria Pereira. A construção começou em 1918 e a inauguração da rede em 1921 (em Minas, a energia elétrica começou no ano de 1889, em Juiz de Fora).
O PRIMEIRO RÁDIO – Em 1928, com muita curiosidade, Patrocínio ouviu o seu primeiro aparelho radiofônico (receptor). Tão importante que no tempo da Segunda Guerra, as poucas pessoas que tinham rádio pagavam imposto por tê-lo. E o final da guerra, por exemplo, foi celebrado em volta de um rádio no centro do Largo do Rosário (Praça Honorato Borges), captando a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, com notícias das agências telegráficas internacionais, tal como a UPI (United Press Internacional).
MAIS PRIMEIROS – Em 1906, foi criada a primeira padaria (do Galdino). XXXX Em 1908, apareceu o primeiro aparelho de Raio-X, pelo médico Dr. Otávio Camargo (não havia ainda a Santa Casa ou hospital). XXXX Em 1927, o primeiro ginásio (Dom Lustosa) para meninos. Em 1929, o primeiro colégio (Nossa Senhora do Patrocínio) para meninas. XXXX Antes, em 1900, é editado o primeiro jornal patrocinense “O Patrocínio”, uma empresa por cotas. Redatores: Leonigildo de Paula e Souza, Josias Batista Leite e Virgílio Ferreira Mendes.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 23/5/2020.