# Eustáquio Amaral

O Imortal Renato

30 de Junho de 2019 às 15:51

Saudade. Nesse mês de junho foi registrado uma envolvendo a cultura patrocinense. Exatamente, no dia 7 de junho de 1998, às 21h, falecia em Belo Horizonte, onde se encontrava em tratamento médico-hospitalar, Renato Cardoso, membro da Academia Patrocinense de Letras-APL. Portanto, há 21 anos...

CREDENCIAL – À época, ocupante da cadeira nº 16 da APL, pelo seu trabalho em prol da cultura, tornou-se no maior fomentador e sustentáculo da academia, após a morte do poeta-médico Michel Wadhy. Renato era idealista. Antes, fora emblemático promotor de justiça, praticante da justiça e do equilíbrio social. Um exemplar rangeliano por adoção.

ORIGEM – Nascido em Campo Belo, no Oeste Mineiro, em 10 de março de 1924, Renato tornou-se promotor de justiça em Rio Paranaíba, depois em Coromandel (durante 14 anos, quando também foi professor no ginásio local), e, desde 1974, em Patrocínio. Assim, viveu por 24 anos na cidade.

UM POUCO DO QUE FEZ – Até o final da década de 80, foi um grande promotor. Aposentado, adotou Patrocínio definitivamente como a sua cidade. Nessa fase exerceu a advocacia e o magistério, inclusive na então Faculdade de Fisioterapia – FAFISIO, hoje pertencente UNICERP. E foi também um exuberante articulista do Jornal de Patrocínio.

DEDICAÇÃO À ARTE – Além de catedrático, pertencente ao primeiro grupo da Academia, a partir de sua criação em 7 de abril de 1982, foi o seu secretário por quase quinze anos. Também integrou à direção da Casa da Cultura. E quanto à arte jurídica, tornou-se dirigente da OAB municipal.

OBRA – Afinal, era um amante da cultura. Gostava de poesia, música clássica e de pintar. Entre os seus quadros, o que focaliza o folclórico Barão Engraxate é destaque (“Barão”, com os seus olhos azuis, foi engraxate nos anos 50 e 60, no Edifício do Cine Rosário, na Praça Honorato Borges. É uma lenda de Patrocínio). Renato começou a pintar junto com o artista e arquiteto Marcelo Guimarães.

PERFIL – Homem fino, inteligente, humilde e manso. Sempre refletia às pessoas que lidava tranquilidade e sabedoria. Aos 74 anos de idade, deixou a esposa Amanda Alves Cardoso, a filha Vânia e a neta Clara. Um dia antes de sua morte, sua irmã também faleceu em BH. Por isso, o destino recomendou que fosse sepultado na capital mineira, dia 8 de junho de 1998.

PAIXÃO – Patrocínio e Cruzeiro E.C. tinham lugar certo no seu coração. Tanto é que durante o tratamento em BH da infecção pulmonar (surgida em agosto/1997), dizia se sentir bem melhor, curado, quando o Cruzeiro vencia. Ou quando retornava à Santa Terrinha. Patrocínio sentiu muito a perda de um de seus valores: moral, cultural, profissional e pessoal. A Academia de Patrocínio tem que agradecer sua rica passagem por ela.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 15/6/2019.

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