# Milton Magalhães

O rei de Roma e o Poeta das coisas simples

9 de Outubro de 2020 às 11:48

O POETA E O FALCÃOO dia em que o ex-jogador da lendária seleção brasileira de 1982, tamém conhecido como "Rei de Roma" Paulo Roberto Falcão,  socorreu o Poeta das coisas simples Mário Quintana...

Não,   sobre futebol, dribles, gols; nem sobre poesia, vesos, rimas. 

 É sobre o amor solidário!


Vamos a história.:

Falcão, que era um lord em campo, mostra nesse gesto toda a sua grandeza humana!


O Hotel Majestic mostrou a Mario Quintana o olho da rua, colocou-o para fora.
A miséria chegou absoluta ao universo do poeta. Ele não foi feito para a riqueza, quando muito conquistar uma princesa com seus versos, depois voltar ao pântano.
Uma cidade que expulsa um poeta pode te transformar em estátua de sal.
Mario está só, o Correio do Povo faliu, o passado faliu, as palavras faliram.
Um império sem homens e sem sentimentos. O porteiro aproveita e joga um agasalho que tinha ficado no quarto.

“Toma, velho!”
Mario recita ao porteiro: A poesia não se entrega a quem a define.
Mario estava só.


Cadê os passarinhos?
A sarjeta aguardava o ancião.
Paulo Roberto Falcão fora avisado do acontecido.
Quando chega em frente ao hotel, observa aquela cena absurda, triste.
Estaciona e caminha até o poeta com as malas na calçada
.


“Sr. Quintana, o que está acontecendo?”
Mario ergue os olhos e enxuga uma lágrima, destas que insistem em povoar os olhos dos poetas.


Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor.
Mas ninguém vive de comer poesia.
Mario lhe explica que o dinheiro acabou.
Está desempregado, sem família, sem amigos, sem emprego.


Restaram apenas essas malas nas ruas de Porto Alegre.
Mario observa Falcão colocando suas malas dentro do carro em silencio. Em silencio, Falcão abre a porta para Mario e o convida a sentar.


No silencio de duas almas na tarde fria de Porto Alegre, o carro ruma na direção do arquipélago, na direção do infinito.


Falcão para o carro no Hotel Royal, desce as malas, chama um dos empregados:
“O Sr. Mario agora é meu hóspede!”
“Por quanto tempo, Sr. Falcão?


Falcão observa o olhar tímido e surpreso do poeta e enquanto o abraça comovido, responde:
“Por toda a eternidade”.


O poeta faleceu em 1994."

Na época, o gesto do jogador Falcão virou uma unanimidade do RS, unindo Colorados e Gremistas em apoio ao que ele fez. Mário passou muitos anos residindo em hotéis e em apart hotéis, pois achava melhor, mais seguro, dizia ele que se sentia sempre em transição assim.
Quintana e Falão são pessoas de um tempo que não existe mais. Infelizmente…

Em 1982, o prédio do Hotel Majestic, ( Hotel que despejou o Poeta)  considerado um marco arquitetônico de Porto Alegre, foi tombado. No ano seguinte, a pedido dos fãs do poeta, foi comprado pelo governo estadual do Rio Grande do Sul e transformado em um Centro Cultural, batizado de “Casa de Cultura Mario Quintana”.

(por Roberto Vieira; Kfouri e pesquisa de nosso blog em outras fontes )