# Eustáquio Amaral

O SURGIMENTO DOS PIERUCCETTI EM PATROCÍNIO

19 de Setembro de 2020 às 13:47

PRIMEIRA COLUNA

 

Eustáquio Amaral

 

                                      

 

 

       

Família. Da cidade é sempre agradável dizer algo sobre uma. Principalmente, se tem a ver com a história municipal. E pelo fato, de seus descendentes, por demais, serem conhecidos. Parte deles vivos, felizmente. A família Pieruccetti, de origem patrocinense, tem páginas escritas no livro da vida de Patrocínio e de Minas Gerais. Com a ajuda de uma carta escrita em 1998, por Fausto Silva de Queiroz, então secretário de Esportes, Lazer e Turismo, nos endereçada, é possível ir no nascedouro dos Pieruccetti, seus ancestrais.

 

  • O PRIMÓRDIO – Guilherme Hooper, inglês, e Carlos Dias Santeiro iniciaram a indústria vinícola na cidade, por volta de 1900. A fábrica de vinhos se localizava na região da antiga Cadeia (Praça Tiradentes). D. Sêlva, de origem italiana, casou-se com Guilherme. O segredo do famoso vinho Generoso era do casal. Foi considerado um dos melhores vinhos do Brasil. Tanto é, que era exportado para outras regiões, onde os enófilos elogiavam bastante o produto patrocinense.

 

  • HOTEL EMBLEMÁTICO – Nessa época, começo do século XX, Adolfo Pieruccetti, irmão de Sêlva Pieruccetti Hooper, tornava-se importante comerciante no Largo da Cadeia, depois foi denominada Praça Tiradentes (antiga cadeia), que era o centro comercial da cidade, juntamente com o Largo da Matriz, onde se situou o seu Hotel Globo (Praça da Matriz, lado da Rua Presidente Vargas). Adolfo foi também, em 1929, o guarda-livros municipal da prefeitura (antigo nome de contador).

 

  • MARCANTE DESCENDENTE – Do casal Sêlva Pieruccetti e Guilherme Hooper nasceu Ângela Pieruccetti Hooper, a distinta dona Anjinha, que nas décadas de 50, 60 e 70 foi a bibliotecária da Biblioteca Municipal, à Rua Presidente Vargas, em frente ao Posto de Puericultura (hoje, IPSEMG). Dona Anjinha, muito cortês e orientadora, marcou algumas gerações patrocinenses, com destaque para os estudantes. Fausto Queiroz é sobrinho-neto de Anjinha.

 

  • OUTRO BRAÇO DOS PIERUCCETTI – Adolfo, como Sêlva, eram italianos de Florença, região da Toscana, cidade da Itália muito ligada à arte. Adolfo, pai de Osvaldo Pieruccetti e, de Carlos Pieruccetti. Adolfo também colaborou com Cel.Honorato Borges na campanha pela construção da Estrada de Ferro Centro-Oeste, ligando Belo Horizonte a Patrocínio, concluída em 1918. Faleceu no Rio de Janeiro.

 

  • QUEM FOI OSVALDO PIERUCCETTI – Nasceu em Patrocínio, em 18 de julho de 1909 e faleceu em Belo Horizonte, em 26/11/1990. Osvaldo, sempre filiado à UDN, formou-se em Direito na capital mineira e começou sua vida profissional como advogado do Banco do Brasil em Araguari. Lá também atuou, em 1938, no mais famoso erro judiciário do Brasil: “O Caso dos Irmãos Naves”. Em 1948, foi eleito prefeito de Araguari. Nas eleições de 1950, 1954 e 1958 foi eleito deputado estadual, fazendo “dobradinha” com o udenista Rondon Pacheco (deputado federal).

 

  • E MAIS... – Em 1960, foi o coordenador das campanhas vitoriosas de Magalhães Pinto (governador/UDN) e Jânio Quadros (presidente). Ocupou a presidência do Banco de Crédito Real de MG, e, de 1965/1967 foi nomeado prefeito de BH. De 1971 a 1975, repetiu a dose: nomeado novamente prefeito de BH, pelo governador Rondon Pacheco (à época, prefeito de capital e estância hidromineral era nomeado). Na década de 80, foi presidente da siderúrgica Acesita. Curiosamente, Osvaldo Pieruccetti frequentou sua terra natal poucas vezes.

 

  • QUEM FOI CARLOS PIERUCCETTI – Grande advogado. Palavra envolvente. Principal redator do jornal “Cidade de Patrocínio”, na década de 20, um dos melhores jornais feitos no Município até hoje. Infelizmente, há cerca de três décadas, a coleção do jornal na Casa da Cultura, praticamente foi destruída e até jogada no lixo. Nos anos 50, enfermo em hospital de Belo Horizonte, escreveu lindo, emocionante, poema/carta de despedida da terra que muito amou, Patrocínio.

 

  • OS DESCENDENTES DE CARLOS – Pai da professora Líria Lassi Capuano (professora Lirinha), mestra das mestras em educação. Diretora de escola, uma das criadoras da FAFI (hoje, Unicerp). Saudosa mãe de Luiz Carlos Capuano, ex-gerente da Caixa Econômica Federal. Carlos Pieruccetti pai também de Lenise Pieruccetti Caldeira, falecida mãe do médico/cantor José Carlos Lassi Caldeira, graduado em 6º lugar na UFMG, em 1975. Politicamente, Zé Carlos atua pelo Partido Novo.

 

  • FONTES – Documento “Patrocínio, Subsídios Para sua História”, de Floriano Peixoto de Paula (1962), livro “As Ruas de Patrocínio”, de Júlio Cesar Resende (1986), Primeira Coluna de 22/8/1998, e acervo deste amador escriba.

 

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