Época. Cada uma marcou, seja pelo estilo, seja pelo êxito, seja pelo elevado astral. A inovação, a mudança nos costumes e as vitórias fizeram do período compreendido entre o final dos anos 50 e toda a década de 60, incluindo até 1970, um tempo de glória. Inesquecível. Uma crônica de autoria deste escriba amador, publicada em 1988, pelo então excelente Jornal Presença (de Luiz Antônio Costa), retrata um pouco o clima emocional e positivo da época mais expressiva desses dois últimos séculos.
OS SEMPRE lembrados anos dourados aconteceram entre 1955 e 1970. Quinze anos de glórias, quinze anos de modificações que vieram para ficar.
NO FUTEBOL, por que anos dourados?
PORQUE foi o tempo dos deuses chamados Pelé, Garrincha, Tostão, Nilton Santos, Djalma Santos, Gilmar, Didi, Rivelino, Gerson, Jairzinho, Piazza, Beline e tantos outros que tratavam a bola como se ela fosse uma flor no jardim de cada um.
PORQUE o Brasil sagrou-se tricampeão do mundo e o Santos F. C. de Pelé, Coutinho e Zito bicampeão mundial interclubes.
PORQUE começaram a surgir os novos templos como o Mineirão e o Morumbi.
NO ESPORTE ESPECIALIZADO, por que anos Dourados?
PORQUE a tenista Maria Ester Bueno foi bicampeã em Wimblendon.
PORQUE o pugilista Eder Jofre foi campeão mundial na categoria peso-galo por cinco anos e depois, na peso-pluma também.
PORQUE o Brasil foi bicampeão do mundo de basquete com os inesquecíveis Algodão, Vlamir e Rosa Branca.
PORQUE o superatleta Ademar Ferreira da Silva foi tricampeão olímpico no salto tríplice.
NA POLÍTICA, por que anos dourados?
PORQUE existiu um homem chamado Juscelino que teve a coragem de construir Brasília e de dar ao Brasil a maior liberdade já vivida. JK fez em cinco o que outros levariam cinquenta anos para fazer. Democrata por convicção, sempre foi eleito pelo voto direto.
PORQUE existiu José Maria Alkmim, o mais folclórico dos políticos brasileiros.
PORQUE existiu a honradez de um Milton Campos.
PORQUE existiram partidos definidos: PSD, UDN, PTB e PR. Quem era udenista, sempre seria udenista. E pessedista idem. Não houve aquele muda-muda oportunista dos dias atuais.
NA MÚSICA, por que anos dourados?
PORQUE houve um Elvis Presley que rompeu os costumes oferecendo mais alegria e maior emoção à juventude. Elvis é um rei que permanece reinando.
PORQUE surgiu a Bossa Nova de João Gilberto, Tom Jobim, Carlos Lyra, Vinícius de Moraes e Nara Leão.
PORQUE Liverpool exportou para o mundo um fenômeno conhecido como The Beatles.
PORQUE Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléia, Renato e Ronnie Von lançaram a Jovem Guarda.
PORQUE nasceu o tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil.
PORQUE, enfim, foi a verdadeira época do Rock And Roll, do Twist e da melhor música nacional.
NO CINEMA, por que anos dourados?
PORQUE o Brasil ganhou o Festival de Cannes com o filme Orfeu do Carnaval em 1959 e O Pagador de Promessas em 1962.
PORQUE o cinema mundial produziu eternos filmes como Assim Caminha a Humanidade com James Dean. A Volta ao Mundo em 80 Dias com Cantiflas, A Ponte do Rio Kwai, BbemHur, Lawrence da Arábia, A Noviça Rebelde, Da Terra Nascem os Homens e Perdidos na Noite.
NO COTIDIANO, por que anos dourados?
PORQUE na alimentação não faltou nada. Não houve crise de arroz, feijão, carne e leite.
PORQUE existiu inflação, mas em níveis toleráveis. Em 1963/1964, quando ela chegava aos 90% ao ano, o Governo João Goulart caiu. Hoje, a inflação ronda a casa dos 4,5% ao ano.
PORQUE ladrão e marginal eram espécies raras. Bem como as drogas que, hoje, debilitam a juventude.
PORQUE a ida à escola era por satisfação e não por obrigação.
PORQUE a natureza foi mais natureza. Menos poluição menos produtos químicos, menos violações ao meio ambiente. E assim, mais azul no céu, mais verde na vegetação, água mais pura, mais qualidade nos alimentos e mais brilho nas estrelas.
ACREDITEM! Relembrem! Curtam a saudade! Os anos dourados existiram.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 8/12/2018.