# Eustáquio Amaral

Os Endereços de Outrora

15 de Agosto de 2019 às 21:14

Nomes. As principais ruas centrais da cidade tiveram denominações que antecederam as atuais. São os nomes antigos e o porquê deles. É gostoso saber de histórias dos logradouros por onde transitam, diariamente, milhares de pessoas, residentes ou não no Município.

AS PRAÇAS – Desde o começo do século passado, as praças eram chamadas de largos. A Praça Monsenhor Thiago ou Praça da Matriz era o Largo da Matriz, até os anos 40. Lá situava-se o centro comercial de Patrocínio, nas décadas de 10 e 20. Havia o Hotel Globo, o Clube Social, o casarão (hoje, Casa da Cultura) da Prefeitura/Câmara Municipal e a Igreja Matriz com duas torres.

MUDANÇA DO COMÉRCIO – Próximo a 1930, o centro comercial começou a ser transferido para o Largo do Rosário. A partir dos anos 40, Praça Honorato Borges. O nome Rosário devia-se a uma igreja que existiu onde é atualmente a Rua Governador Valadares, dedicada à N. S. do Rosário. E frequentada no começo da cidade (1880/1890) pelos escravos, e, posteriormente, gente de cor negra. Anos depois, por volta de 1920, havia também nesse local a Igreja de Santa Rita.

E MAIS... – A Praça Santa Luzia era o Largo de Santa Luzia por causa da igrejinha, que em 1941, tornou-se o reduto de Padre Eustáquio, hoje a caminho da santificação. A Praça Tiradentes, até os anos 50, era conhecida como o Largo da Cadeia. Pois, ali localizou, por mais de meio século, a cadeia pública da cidade.

RUAS COM NOMES DE SANTOS – Como a Igreja Católica sempre foi predominante na vida municipal, no passado houve referência a diversos santos da fé cristã, apostólica e romana. A Rua Arthur Botelho, até os anos 50, era denominada Rua São Vicente. Nessa mesma época, a Rua Cassimiro Santos era a Rua São Miguel. Ambas sem asfalto, que somente apareceu no final dos anos 60.

MAIS SANTOS... – Já a Av. José Maria Alkmim, até 1958, era chamada de Rua São João. Aliás, a continuação dessa avenida, no bairro São Vicente, mantem o tradicional nome: Rua São João. A Rua São Benedito, que atualmente começa na Av. José Maria Alkmim, passa pela Santa Casa e entra pelo bairro São Vicente, também conserva o antigo nome: Rua São Benedito. Todas as três vias apenas foram asfaltadas nos anos 60/70.

RUA RETA – A Rua Cesário Alvim, até os anos 40, era chamada de Rua Direita. Naquele tempo, por ser a mais longa e regular rua da cidade. Hoje, excetuando a Av. Faria Pereira, ainda o é. Como curiosidade, é bom dizer que, quando de seu surgimento, no começo do século passado, as primeiras casas foram todas construídas do lado esquerdo (em direção à Serra do Cruzeiro). A justificativa dos cidadãos da época seria a posição do sol. Principalmente, pela manhã (fonte desse fato pitoresco: Sebastião Elói). Assim, do lado direito quase que não havia casas.

AS PRINCIPAIS RUAS – Até o final da década de 40, a Rua Presidente Vargas era a Rua 15 de Novembro. E a Rua Governador Valadares, a Rua Sete de Setembro. Os atuais nomes ocorreram por determinação do Governo. Toda cidade deveria ter em seus logradouros o nome do presidente da República e o nome do governador do Estado. Dessa maneira, teria estabelecido a referida norma governamental. Getúlio Vargas e Benedito Valadares foram então homenageados.

RUAS DO TRABALHO E LIXO – A Rua Prof. Olímpio dos Santos foi conhecida, nos longínquos tempos, como Rua do Cavaco. E a Rua Quintiliano Alves, como a Rua do Cisco. Isso nos anos 20 e 30. Por quê? Consta que havia serralheria (de madeira) na Rua do Cavaco. Os resíduos inservíveis da madeira eram levados para a rua “de baixo”, que ficou “batizada” como Rua do Cisco. Essas vias eram na periferia urbana, naquela época.

RUAS ESTREITAS – Em alguns pontos da cidade, existiam os chamados becos. O mais central era o Beco do Fórum, hoje o pedaço da Rua Rio Branco, que liga a Cesário Alvim com a Gov. Valadares. Já nos anos 80, a turma da Gazeta de Patrocínio (Tião Elói, Antônio Caldeira e Nonato Matias Jr.) batizaram o pequeno trecho que liga a Rua Marechal Floriano à Rua Abadio Nader de o Beco do Afrânio. Em “homenagem” ao prefeito Afrânio Amaral, o construtor desse beco. Foi uma hilária época.

TEM MAIS... – Nos velhos tempos, diversos outros lugares possuíam o termo beco. Tais como o Beco do Patico (esse, personagem do folclore rangeliano), Beco do Boulevard e Beco dos Aflitos. Até Patrocínio era chamada de Arraial Comprido pelos vizinhos municípios!

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 3/8/2019.

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