# Eustáquio Amaral

Os Primeiros Anos do CAP na Elite de Minas

5 de Dezembro de 2019 às 23:44

Grená. É a cor do bom coração patrocinense. Nesse século, anos de 2018 e 2019, o Clube Atlético Patrocinense atingiu o pódio do futebol rangeliano até agora. Entretanto, nos anos 90, o CAP disputou o campeonato mineiro da Elite pela primeira vez. Permaneceu quatro anos: 1991/92/93/94. Recordes aconteceram nessa ocasião. O maior público grená presente fora de Patrocínio. Quase 2.000 patrocinenses no Mineirão. O maior público em um estádio em jogo de futebol com participação patrocinense: cerca de 40.000 torcedores no Mineirão. Três inesquecíveis partidas da década de 90 são relembradas. O poderoso Cruzeiro foi o adversário nas três, em BH.

MARCO HISTÓRICO – Em 29 de setembro de 1991, domingo, é uma data para não ser esquecida. É a data da maior festa de patrocinenses já realizada em outras terras. Quem teve o privilégio de assisti-la ou de fazê-la chorou de alegria. Foram várias festas dentro de uma melhor. O então segundo maior estádio coberto do mundo transformou-se no palco onde os shows se sucederam.

DESEMPENHO – O querido CAP fez a sua festa. Perdeu, é verdade. Mas, apresentou um futebol exuberante. Digno de Telê (até na sorte). O desempenho dos atletas-artistas pode ser medido por notas:

 

Zé Luís.............................................. 8,5

Pingo ................................................ 9,5

Gilmar Barbosa ................................ 9,0

Dudu ............................................... 10,0

Zecão ............................................... 8,5

Joãozinho ......................................... 5,0

Edson Shell ...................................... 8,5

Gilbertinho ........................................ 5,5

Euler ................................................. 8,5

Brandão  ........................................... 6,0

Paulo Alan ........................................ 9,0

Geu .................................................. 6,0

Elói ................................................... 6,0

 

Pedro Omar (técnico) ....................... 8,5

MAIOR INVASÃO – A torcida patrocinense merece nota 10, com louvor pela sua festa. Jamais o Estádio Magalhães Pinto tinha visto uma festa do interior como a nossa. Quase 2.000 patrocinenses, compondo um só corpo. Um corpo cheio de paixão, descontração e emoção. Mais do que isto, exemplar, mostrando a todos como se torce no esporte.

 MÍDIA LOCAL – O show da imprensa de Patrocínio foi outra festa. Documentando para a posteridade, com muito brilho, foi representada por José Carlos Dias (Revista Presença), José Maria Campos (Revista Pódium); eles e mais Paulo Roberto, Jota Santos e o versátil Luiz Antônio Costa (Rádio Difusora); Ferreira Filho, Cândido Delfino e Araújo Filho (TV Patrocínio); Humberto Correia, Alencar Lotero e Nelson Ferreira (Correio de Patrocínio), e, Cecílio de Souza e este escriba (Jornal de Patrocínio). Desculpem-nos se deixamos de citar outros companheiros e outros órgãos irmãos. Se ocorrer, é por nossa falha.

MÍDIA DE BH – A imprensa de Belo Horizonte também realizou a sua festa. Festa de carinho e admiração. Nota dez para ela. Algumas manifestações poderíamos destacar. TV Bandeirantes, através do cronista Flávio Anselmo, disse: “É um clube muito organizado, mais bem mesmo, e a torcida foi a do interior que mais marcou na história do Mineirão.” Rádio Capital, pela opinião do narrador Luís Chaves: “Um jogão, um timão o Patrocinense.” Rádio Itatiaia, na voz do campeão de audiência Osvaldo Faria: “Quem venceu foi o Cruzeiro, quem deu o show foi o Patrocinense.

 AINDA BH – Os jornais, da mesma forma, se manifestaram. Hoje em Dia: “Patrocinense foi um grande teste para o Cruzeiro.” Diário da Tarde: “Cruzeiro sofre com o Patrocinense”; “a torcida do CAP deu um show de esportividade.” Estado de Minas: “Patrocinense, um verdadeiro teste para o time de Ênio Andrade.” 

OPINIÃO (I) – Como clímax do espetáculo, o jogo foi nota dez. Para nós e para Ênio Andrade, foi o melhor jogo do campeonato. Valeu. Valeu mesmo, como expressou a torcida grená.

SEGUNDO ANO – Mais uma bela página do futebol patrocinense foi escrita, dia 27 de setembro de 1992. O palco, o Mineirão. De um lado, o Cruzeiro cheio de estrelas. De outro, o Atlético Patrocinense, a grande paixão da “Santa Terrinha”. Nas arquibancadas, o fascínio da torcida.

OPINIÃO (II) – Pouco importa o placar (Cruzeiro 2x0), importa é a exibição do Patrocinense, que fez renascer a esperança de classificação. E a festa inesquecível. Apesar da chuva, apesar do show mal programado.

GOLS – O primeiro gol foi resultado de uma falha do lateral Erly e, depois, dos zagueiros de área. E do juiz, que marcou falta inexistente. O segundo gol foi falha total do lateral Erly. Nem em jogo de roça se atrasa uma bola assim.

NOTAS DOS CRAQUES – Os treze atletas do Patrocinense, que atuaram, tiveram seus desempenhos assim:

Paulão .............................................. 8,0

Paulo Alan ...................................... 10,0

Erly ................................................... 4,0

Pio Eugênio ...................................... 5,0

Juninho ............................................. 7,0

Dudu ................................................. 8,0

Valdenir ............................................ 9,0

Marcelo ............................................ 6,0

Euler ................................................. 8,5

Ademar  ........................................... 8,0

Nei .................................................... 7,0

Robertinho ....................................... 9,0

 

Luiz Carlos Mineiro .......................... 9,0

Média do Time ....................................... 7,3

RÁDIO – A Difusora transmitiu a festa nas vozes de Luiz Antônio Costa, José Maria Campos, Paulo Roberto e José Carlos Dias. E a Capital do Triângulo nas vozes de Afrânio Machado, Leonardo Caldeira e Araújo Filho. A Difusora foi uma das três emissoras presentes no gramado do Mineirão, pois, na época, só poderiam fazê-lo com microfone sem fio. As outras foram Itatiaia e Inconfidência. A Capital e a Difusora ficaram em cabines vizinhas e não faltaram os lances de confraternização.

QUARTO ANO – Domingo, 15 de maio de 1994, aconteceu um recorde para Patrocínio, difícil de ser superado. Aconteceu o maior público em um jogo de futebol, envolvendo clubes patrocinenses. Quase 37.000 pessoas viram Cruzeiro 1, Patrocinense 0, no Mineirão. O público oficial foi de 35.300, entretanto, o Cruzeiro permitiu a entrada de parte da Torcida Máfia Azul gratuitamente.

RECORDE – Esse público é menor apenas do que os dos clássicos em Minas, mesmo assim se o clássico for bastante atraente. A bonita festa do campeão mineiro, com a presença e despedida de Ronaldo (camisa 9 da Seleção), foi a causa maior. De Patrocínio, os atletas, alguns dirigentes e este escriba amador, representando o JP e a Difusora, tornaram-se as únicas testemunhas desse inesquecível espetáculo, em que o Atlético Patrocinense apresentou-se bem e de maneira marcante. Mas, dando o seu adeus à Primeira Divisão.

MELHORES JOGADORES – Os destaques do Patrocinense foram Cica, Nei, Amaral, Eurico e Daniel. E os piores em campo foram Alcântara, Marquinhos e o Juiz, muito tendencioso.

O FINAL – O Patrocinense voltou à Segunda Divisão, agora chamado Módulo II. Voltou porque contratou meio time do inexpressivo Unaí E.C. Naturalmente, nenhum desse grupo tinha e tem gabarito para enfrentar Cruzeiro, Atlético, Democrata e companhia. Voltou porque gastou tempo e dinheiro com os “aposentados” Paulo César, Marquinhos, Alcântara e Agamenon, dizia esta Primeira Coluna em 21/05/1994.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 12/10/2019.

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