Tandos lugares - muito mais lindos- no planeta, mas tantas pessoas escolheram, Patrocínio Minas Gerais, para viverem. Por que?

Assistindo ao programa "Show a Manhã", da Rádio difusora, neste 26/06, aliás, muito bem apresentado, por José Antônio Firmino, me chamou muito atenção a participação de uma senhora por nome Edite. Ela veio de Janaúba, norte de Minas, alguém, um dia, lhe falou de Patrocínio, das possibilidades de uma vida melhor por aqui. Contudo, aqui chegando, pisando o chão duro da realidade, nestes tempos em que o vírus chinês, vem destruindo vidas e destroçando a economia, aqui chegando não encontrou emprego. (Aliás, a título de comunicado, poderia dizer aqui o seguinte: Não há empregos sobrando em Patrocínio, a colheita do café, hoje não oferece mão de obra. E tudo mecanizado).
Dona Edite, portanto, passa por enorme dificuldades para sobreviver. O radialista humano e sensível, a entrevistou e transmitiu o seu pedido de ajuda aos ouvintes. Não deu outra, dali a pouco apareceram doações, donativos de pessoas que, inclusive, pediram para não serem identificadas. Ou seja, a verdadeira caridade cristã, a gente vê por aqui.

Fiquei elocubrando aqui. A história dessa senhora de Janaúba, se confunde com muitas outras. Ancestrais e pioneiros sem conta, buscaram essa abençoada gleba de terra das gerais para uma vida melhor. Quem veio para trabalhar, construir; ralou, inovou, batalhou, não foi fácil, mas conseguiu um lugar ao sol e, não duvidem. Hoje, são mais patrocinenses do que muita gente que aqui nasceu.

A propósito, etimologicamente, Patrocínio significa, ajuda, amparo, auspiciar, proteção, égide, auxílio, apoio. Já disse que a cidade de Patrocínio bem poderia ser cognominada DOCE COLO DE MINAS GERAIS. Nestes tempos bicudos de isolamento social, calor humano em falta, não podendo abraçar as pessoas queridas o, o mineiro é o que mais sofre no país e o patrocinense é o que mais sofre em Minas.

Abrigando, acolhendo, recebendo bem as pessoas, Patrocínio era Patrocínio, mesmo quando teve o nome de Salitre, Nossa Senhora do Patrocínio, Brumado dos Pavões e Catiguá. A cidade nasceu como ponto de parada dos bandeirantes, que por aqui passavam, caçando ouro, tendo como objetivos principais: ponto de abastecimento de suas bandeiras e de acomodação.

Acontecia porém um imprevisto. Encontravam uma jazida preciosa. O viajante acordava cedo no outro dia para partir, porém, via o esplendor do nascer do sol, o clima agradável, o solo fértil, perdia a toda vontade de ir embora.
Desculpe o trocadilho, o bandeirante, não "dava bandeira", procurava um cantinho no rodapé da Serra do Cruzeiro e apeava ali para sempre. Virava homem de família.

Correram-se os anos a cidade prosseguiu acolhendo em seu regaço, filhos que tanto contribuíram para o seu desenvolvimento da cidade e do vasto município. Não por acaso, aqui temos descendentes de famílias sírio- libanesa, japonesa, portuguesa, italiana, espanhola, francesa, japonesa. Além de paranaenses, paulistas, baianos, gaúchos,etc. Nem se fale as cidades vizinhas, gente que deixou um dia, Uberlândia, Patos de minas, Araxá, Coromandel, Monte Carmelo, São Gotardo, Carmo do Paranaíba, Ibiá, Perdizes, Guimarânia, Serra do Salitre, Cruzeiro da Fortaleza, Perdizes etc... Sua família veio de onde mesmo?

Há uma coleção infindável de histórias de pessoas que passaram pelo município prestando algum tipo de trabalho, foram dirigentes de alguma instituição e mais tarde ao se aposentarem, regressavam, escolhendo Patrocínio entre milhares para se radicarem com suas famílias.O que fazem com que as pessoas voltam? O clima? a água? as dádivas da natureza? Sim, tudo isto, mas principalmente os afagos no coração das pessoas que somente os mineiros de Patrocínio sabem fazer. Minas são muitas. Patrocínio é uma delas.

Entesourei com carinho um texto delicioso, lírico, genial, garboso, arrebatador do poeta patrocinense Massilon Machado,(1899 – 1972.

Leia e dê razão para quem escolheu essa terra para viver. Ou, teve mudar de Patrocínio, mas o coração ficou por aqui:

"PATROCÍNIO!
Como são lindos os teus céus escampados, tocando, ao longe, a orla do horizonte!
Do Alto da Serra, que visão também maravilhosa a das tuas campinas extensas e
verdejantes!
E a velha cruz ali fincada, símbolo sacrossanto a abençoar a cidade, lá embaixo,no
crepitar incessante de sua faina diária.

PATROCÍNIO!

Alegria e glória de viver!
Com estes garbos, nós te saudamos!

És o sol que aclara e vivifica; és o firmamento azulado que nos cobre; és a brisa que
perpassa espargindo o perfume das flores; és música suave que o cristal sonoro das
águas modula; és o gorjeio álacre dos pássaros em revoada; é o frescor das manhãs
claras de estio e o vivo rubor dos poente iluminados!

PATROCÍNIO!

És a vida e saúde na pureza de teu ar, na limpeza de tuas linfas, no verde de tuas matas,
na exuberância de teus campos amanhados e curativa de tuas águas medicinais!

PATROCÍNIO!

És o berço, és lar de afeto e de bondade; és inocência na alegria ingênua das crianças; és
convívio aprazível nas festividades recreativas;és amparo fraterno e solitário na
adversidade; és simplicidade nas almas cândidas que se elevam nas lições do catecismo
da fé e no fervor sincero das devoções!

PATROCÍNIO!

És educação, cultura e realização no preparo intelectual e no idealismo sadio e atuante
de tua mocidade; és opulência e segurança no sagrado labor de teus obreiros, no
crescimento constante de tua indústria, de teu comércio e de tua viação ampla e
moderna; és informação sempre pronta e precisa nos teus órgãos de comunicação pela
palavra falada e escrita; és fartura nos grãos colorido de teus cafezais e no germinar das
sementes que também se expandem em frutos variados na fecundidade de tuas glebas;
és fortuna na pecuária de fina raça que apascentas em tuas propriedades rurais; és, em
suma, reserva e força na economia amealhada dos que forja e dilargam as tuas riquezas

PATROCÍNIO!

Inexcedível no culto á liberdade, és, também, escola de civismo e de altruísmo no
desempenho patriótico e humano dos que lutam pelo bem e porfiam por te afamar.
És , por fim, altiva e bravura nas evocações do passado; és prosperidade nos lances do
presente e és anseio de afirmação sempre crescente,nos escalões do futuro.

PATROCÍNIO!

Os encantos que encerras e o espírito empreendedor que ostentas são regalo e energia
para todos nós, que nos retemperamos e nos fortalecemos no viço de tua jovialidade
perene e radiosa!
A cada dia que surge, realizas,com apresentares sempre novos atrativos, o divino
milagre da renovação. Os tempos não te alquebram, antes te dão aprumo e mais
esplendor, pois, a todo instante, tu te remoças, retratando sempre, na largueza de teus

traços e no apurado gosto urbanístico de tuas edificações, o vigor também imperecível
dos que constroem a tua grandeza e modelam a tua dignidade.

PATROCÍNIO!

És o próprio poema com que ora louvamos, amoralvelmente, a valia das dádivas que
recebestes da natureza, a excelência das virtudes que te recebestes da natureza,a
excelência das virtudes que te adornam e a eminência dos valores que te enobrecem,
tudo fazendo de ti o orgulho de teus filhos e, também, o mimo dos que te buscam, e que
tanto te prezam e te amam quanto nós mesmos!"...

"Com a oferenda cordial desta homenagem, quando exalçarmos a memória de teu filho
ilustre, o Poeta Massilon Machado, ornamento e renome literário para ti,-alcemos o pensamento a Deus e, com testemunharmos gratidão pela benemerência de sermos teus
filhos, de nascimento ou por adoção, roguemos, súplices, que afaste de teu seio toda
ideia que traga em si os germes da discórdia e da ruína, a fim de que entre nós só
continuem a vibrar em harmoniosa orquestração, os instrumentos do amor, do trabalho,
da justiça e da Paz!” (Tópico final, comentário do Desembargador Walter Machado, primo do poeta, editor e organizador do livro “A poesia de Massilon Machado" )

...Voltemos á aflita Dona Edite. Ao final do programa o radialista, se dirigindo a imigrante de Janaúba, que se apresentou como sendo confeiteira em sua terra natal, vaticinou: " A vida é assim, Dona Edite, daqui a pouco será a vez da senhora ajudar alguém"
Dito isto. Juro que ouvi um amém pela cidade...