# Eustáquio Amaral

Patrocínio: Em Seis Anos, Quase Dois Mil Crimes Violentos

28 de Maio de 2018 às 22:17

Segurança. Depois da saúde e educação, ela é o maior desejo do cidadão. Na edição anterior, foi apresentado que o Município detém uma das três maiores taxas de crescimento da população na região do Triângulo e Alto Paranaíba. E uma das consequências imediatas desse aumento populacional, maior do que o esperado, é a insegurança. Isso não é novidade para ninguém. Contudo, é bom observar algumas informações oficiais, tais como as da Secretaria de Estado de Segurança Pública e as que compõem o Índice Mineiro de Responsabilidade Social–IMRS da Fundação João Pinheiro–FJP. A taxa de homicídio intencional de Patrocínio é significativa. Da mesma forma, a taxa média de crimes violentos. E no passado, já houve mais policial por habitante do que no presente. Ou seja, relativamente havia mais policial.

ASSUSTADOR – O homicídio intencional é o principal indicador de criminalidade, segundo a FJP. De 2013 a 2015, a taxa média de homicídios intencionais de Patrocínio foi de 20,97. Em outras palavras, 21 homicídios por 200 mil habitantes. Como o Município tem sua população um pouco abaixo (90.000 habitantes), há em torno de 15 homicídios em média por ano (período 2013/2015). O que é muito, considerando o perfil socioeconômico da cidade. E principalmente, sua pacata histórica.

ROUBO E FURTO – A taxa média de crimes violentos contra o patrimônio de Patrocínio, medida por 100 mil habitantes, em 2013 a 2015, foi de 247,7 crimes. É uma variável que também não é boa. Mesmo porque há estimativa pelos órgãos de segurança de que apenas 15% do total dos roubos são comunicados às autoridades policiais.

QUANTIDADE DE POLICIAIS/PM – A FJP afirma que o número de habitantes por policiais militares indica os recursos humanos disponíveis para a administração do fenômeno da criminalidade. De 2000 a 2015, a quantidade de habitantes para um policial militar passou de 558,2 para 597,6. Quer seja, em 2000 um policial, em tese, cuidava de 558 pessoas; em 2015 já era um policial para 598 pessoas. Se aumenta o número de pessoas para um policial tomar conta, na teoria aumenta o risco da criminalidade. Aumenta a intranquilidade.

POLÍCIA CIVIL – Conforme a FJP, em 2015, havia 2.170 pessoas em Patrocínio para um policial civil. Tem cidade em Minas em que tinha em 2015, 17.000 pessoas para um policial civil. Evidentemente, tudo sob o aspecto de média.

INDICADOR – Durante algum tempo, 100 habitantes para um policial era considerado desejável até pela ONU. Porém, há outros fatores importantes que tem que serem relevados. Portanto, é um pouco mais complexa a regra.

A ESTATÍSTICA DO CRIME – Nos últimos seis anos, 116 pessoas foram assassinadas em Patrocínio (até março/2018). Em 2012, 18 homicídios, em 2013 (26), 2014 (10), 2015 (10), 2016 (24), 2017 (21) e 2018 (7 até março apenas). O ano de 2013 foi o mais terrível, quando a taxa de homicídios chegou a 30%. O ano de 2016 também foi violento (27%). Esses percentuais são da Secretaria de Segurança e se referem a 100 mil habitantes.

MAIS ESTATÍSTICA... – Sob o indicador Segurança Pública/ocorrências, a quantidade de crimes violentos (conceito da SESP) ultrapassou 1.800 no período 2012/2018 (até março). Ano a ano, os crimes violentos em Patrocínio foram: 2012 (293), 2013 (260), 2014 (279), 2015 (218), 2016 (317), 2017 (350) e 2018 (91 crimes violentos até março). Nesse critério, o ano de 2017 liderou negativamente, quando 350 crimes violentos ocorreram no Município.

A PREFEITURA JÁ GASTOU COM SEGURANÇA – Uma curiosidade do IRMS/Fundação João Pinheiro, é o gasto com segurança pública no total do Orçamento Municipal de Patrocínio. No ano de 2000 a despesa com segurança correspondeu a 3, 4% do total. No ano de 2015 correspondeu a zero por cento. Nesse ano, parcela das cidades do Estado aplicou em segurança até 9,3%. E muito se fala na criação de Guarda Municipal. Diversos municípios mineiros a tem. Por exemplo, BH, Betim, Contagem, Itabira, Conceição do Mato Dentro, Uberaba, Guaxupé, enfim, cerca de 20% dos municípios brasileiros já tem Guarda Municipal, nas palavras do IBGE.

CONFIRMAÇÃO – O cotidiano que a imprensa rangeliana mostra comprova que na atualidade os números são maiores do que os apresentados aqui. Toda semana é um assassinato. Quase todos os dias um crime. O ideal é a drástica redução, pelo menos.

POR FIM – A segurança da bucólica cidade de outrora é tão somente saudade. É a pura verdade. Não há culpados. Todavia, é preciso que o cidadão volte a ter liberdade. De sair de casa. De ir e vir, em qualquer horário. De viver. Em paz. Sem medo.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 26/5/2018.

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